11.8.06

O mito da adoção

Hoje li este texto muito bacana no site www.psicopedagorionline.com.br, e pensei em postá-lo aqui, pois tem tudo haver conosco.
É bem clara a forma como a autora esclarece os mecânismos que a crianças adotada tardiamente encontra para se inserir no novo contesto familiar...e a gente marinheiro de primeira viagem não conhece.
Não é um post simpático campeão de audiência , com o sorriso maravilhoso da Raquel, mas é uma mão estendida para quem tem ou terá um filho mais " velhinho", uma mão acolhedora como esta do meu compadre Cláudio para minha afilhada mais linda do mundo a Vicky
O post é grande mas vale a pena a leitura, ainda mais para os pais que se preparam parta a adoção, é uma forma de fortalecer as asinhas, de deixá-las no ponto para alçar vôo como filho tão esperado.
Destaco a seguinte frase:
"Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa. "

O MITO DA ADOÇÃO

Adriane Albuquerque Cirelli
Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente seja claro, é dever do poder público, da sociedade, da comunidade, assegurar o direito da criança viver em família, a adoção no Brasil ainda é um mito.
Os dados estatísticos comprovam que quanto menor a idade cronológica da criança, maior é a chance de adoção. As crianças mais procuradas pelas famílias adotantes são as recém-nascidas brancas do sexo feminino.
Fica aqui um questionamento, e as outras crianças, como ficam?
A adoção dos recém-nascidos, conhecida legalmente por adoção precoce é traduzida pelo tipo de adoção que o amor vem primeiro.
Normalmente são casais impossibilitados de gerarem seus filhos biologicamente e que vivenciaram um período muito doloroso de espera, marcado por enormes frustrações e desgastes físicos, emocionais e financeiros. Com a chegada do filho do coração esse período de dor é rapidamente superado, o vazio é substituído pela alegria, pela razão de viver, pela felicidade.
A adoção tardia, aquela realizada com crianças com mais de três anos já é bem menos praticada. Nesse caso, a responsabilidade chega primeiro, depois o amor.
Existem nessas crianças, tardiamente incluídas no sistema familiar, um comportamento anti-social que prevê até uma regressão. É comum crianças em idades avançadas perderem temporariamente o controle dos esfíncteres, voltarem às mamadeiras, às chupetas.
Essa regressão é vista como muito positiva pela psicologia pois simbolicamente a criança renasce para a vida nova.
Pensando em adoção tardia, enganam-se os pais que a praticam pensando que terão menos trabalho.As crianças recém-adotadas testam o amor que as pessoas dizem sentir por elas pois chegam às famílias com uma história de derrotas, frustrações e dor.Cabe às famílias regrar afeto e limites.
Imaginem uma criança de pais alcoólatras que foi retirada da família biológica por maus tratos e levada a uma instituição onde esperou anos e anos para ser adotada.
Na mente infantil dessa criança, ela se sente punida duas vezes, primeiro porque os pais cometeram o grave erro do vício prejudicando sua qualidade de vida, depois porque ela, a criança é que foi arrancada de casa e submetida a uma vida institucionalizada, com poucos vínculos afetivos pessoais e muitas regras de convivência.
Quando uma criança entra em processo de adoção, o conceito que ela tem de família provavelmente seja a utopia da ausência de regras, local dos sonhos, da realização dos desejos.
Nessa fase inicial de adoção tardia, os pais sentem o desejo de isolamento do convívio social pois sentem a necessidade de fortalecerem os vínculos afetivos com a criança até que ela construa noções elementares de comportamentos adequados socialmente.
Mas essas fases passam, aos poucos a criança vai assimilando o que é viver em família, na escola e na sociedade.A criança passa a ser amada não somente pelos pais mas também pelos familiares e amigos.
Esses desafios iniciais não podem justificar um não definitivo à adoção tardia. O Brasil precisa se livrar dos preconceitos, assumindo com coragem os desafios da construção de uma sociedade mais justa.
A adoção faz parte de nosso cotidiano. Quando amamos um marido, uma esposa, um namorado, não adotamos a sua história de vida, a sua criação, a sua origem?
Quando nos casamos aos trinta ou quarenta anos, não assumimos o risco de convivermos com alguém educado de outra forma, ás vezes até de outra nação?
Também os pais biológicos precisam adotar seus próprios filhos. Algum pai de filho “diferente” planejou ter uma criança especial?Certamente esses pais adotaram o próprio filho após o diagnóstico.
Também os cônjuges em segunda união adotam os filhos da primeira união.Nós adotamos em nossas vidas, os nossos vizinhos, chefes, clientes, alunos para viver bem com eles.
A adoção precisa deixar de ser um mito. O medo do desafio, a lentidão da documentação legal, o medo da sociedade preconceituosa não podem impedir a felicidade de tantas e tantas famílias.
Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa.
Medo? Quem o enfrentou sabe o quanto valeu a pena...
Publicado em 22/01/2004 12:28:00

3 comentários:

Luciana Segui disse...

Olá Glaucia, tudo bem?
Gostei muito de sua publicação, pois esses receios batem à porta de quem pretende fazer uma adoção tardia, que é o meu caso. Espero consiguir discernir essas fazes quando meu(s) filho(s) grande(s) chegarem.

Anônimo disse...

ola glaucia eu sou aluna da escola sao domigos do espirito santo vitoria,e eu tenho 13 anos e eu adorei a publicaçao sobre a adoçao.eu desde pequena queria adotar uma crinaça quando crescesse.Acho que o preconceito copntra crianças negras ou pardas é uma coisa idiota.
e eu gostei mt

Anônimo disse...

Ótimo texto!!!

Adotei um menino de 4 anos, faz 9 meses que ele está fazendo parte da nossa família (3 crianças). Não imagina como sofro com o preconceito, se coloco limites o olham com pena, se o deixo mais a vontade, dizem que não olho para ele. É preciso muito amor e desejo para conseguir inserí-lo na família.