Em
Efésios 1.5 lemos que Deus nos predestinou para Ele através da
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, "segundo o beneplácito de sua vontade". Deus, ao nos colocar em sua família, está revelando uma graça infinitamente maior do que a de um casal ao abrir seu lar e trazer para ali uma criança que não nasceu deles.
O significado da nossa
adoção na família de Deus é profundo demais, porém, na maioria das vezes não nos damos conta disso.
Ao sermos
adotados por Deus passamos a ser irmãos e irmãs de Jesus Cristo, com um lugar garantido eternamente na família celestial!
1. UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL
Quase 32 anos já se passaram desde aquela tarde de
junho quando voltamos da cidade de Londrina, no Estado do Paraná, com nossa filha
Melinda em nossos braços. Lembro-me daquela experiência, nitidamente, como se fosse ontem! Ela contava dois meses de vida e em 24 horas tornou-se nossa filha! Que alegria aquela pequena
paranaense trouxe à nossa casa! Hoje,
Melinda está com 32 anos, formada, casada e já nos presenteou com um
netinho, James Paul, que é a cara do vovô, lindo de morrer!
Melinda ainda era pequena, quando Deus nos presenteou com nossa segunda filha,
Márcia, uma linda
paulistinha! Ela tinha sete meses e veio somar sua alegria, entusiasmo e, é claro, também trabalho à nossas vidas.
E os anos foram passando...
Melinda e
Márcia já tinham feito 20 anos, estudavam nos Estados Unidos e nosso ninho estava vazio. Nessa época, meio de surpresa, Deus trouxe
Annie para nossas vidas. Sabemos que há o momento certo para todas as coisas e essa terceira
adoção foi uma verdadeira prova disso. Muitos anos antes, quando
Annie tinha 3 anos de idade, já havíamos tentado
adotá-la. Naquela época, após quase um ano de trabalho burocrático, com mais e mais papéis, o juiz não permitiu que a
adotássemos. Tivemos, então, com dor no coração, de interromper o processo de
adoção. Porém, no tempo de Deus, quando
Annie já estava com 15 anos de idade, as portas se abriram milagrosamente e essa
gauchinha veio trazer mais alegria e gratidão às nossas vidas. Hoje,
Annie já se formou em Pedagogia, casou-se e está a caminho de nos presentear com mais um
netinho (quando esse artigo for publicado, pode ser que eu já seja novamente vovô!). Já nos perguntaram que, se tivéssemos a oportunidade de voltar atrás no tempo e viver novamente, se incluiríamos a
adoção em nossas vidas. A resposta foi um tremendo SIM, SEM DÚVIDA ALGUMA!
Tivemos tantas alegrias com nossas filhas, experiências preciosíssimas, que até hoje enriquecem nossas vidas, as quais não trocaríamos por nada neste mundo!
Não é preciso muito pata perceber que sou um grande defensor e propagador da
adoção, não é? Sei de pessoas que possuem dúvidas e restrições sobre isso e não quero me fazer de surdo às experiências dolorosas que, muito possivelmente possam ter tido. Gostaria, porém, de compartilhar minhas
idéias a esse respeito: a teoria e a prática.
2. INCENTIVO À ADOÇÃO
façamos de conta que estamos em uma varanda, sentados em confortáveis cadeiras e você pergunta minha opinião sobre
adoção. Veja o que penso a respeito:
2.1 Princípio Bíblico
Primeiramente gostaria de dizer que a
adoção é um precioso princípio bíblico. Somos filhos e filhas
adotivos de Deus (predestinados para Ele, para a
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo...
Efésios 1.5). Como a
adoção foi iniciada por Deus, quando a praticamos estamos não somente seguindo seu exemplo, mas também nos identificando com Ele.
2.2 Falando a Verdade Sei que existe um estigma pelo fato de uma pessoa ser filho(a)
adotivo.
Gostaria, no entanto, de reforçar que não há nenhuma vergonha nisso! Muito pelo contrário... Há pessoas que evitam a
adoção pelo fato de um dia terem de contar ao filho que ele é
adotivo. Não quero ser simplista, mas devemos orar, pedir a Deus oportunidades adequadas e contar que só não somos seus pais biológicos. Deus não teve vergonha de nos comunicar que somos seus filhos
adotivos e Ele, certamente guiará nossa comunicação sobre isso. À medida que nossas filhas cresciam, e de acordo com a capacidade de compreensão de cada uma fomos explicando tudo a elas. Não escondemos absolutamente nada.
Comunicamo-lhes nosso profundo desejo de termos filhos, a busca incessante da orientação de Deus e, finalmente,
tosa a história de como chegaram até nós. Paralela à explicação da
adoção, dissemos que também éramos filhos
adotivos e herdeiros de Deus. Quando atingiram uma idade em que percebemos
um maior amadurecimento nelas, as levamos para conhecer as cidades em que haviam nascido. A idade pode
veriar, de acordo com a compreensão de cada criança. Os pais devem, no entanto, tomar cuidado para não usar isso como desculpa e adiar demais.
Minha esposa, Judith, teve uma experiência muito interessante, depois de já havermos contado a
Márcia que a havíamos
adotado:
"
Márcia veio para mim com a pergunta:
-
Mamães, eu sou órfã?
- Órfã... claro que não! Nos
adotamos você!
- Quanto vocês pagaram por mim?
- Ora, meu
benzinho, nós não compramos você!"
Os grandes olhos castanhos se tornaram maiores ainda, um bico se formou e ela, então, perguntou:
"- Então quer dizer que eu sou só alugada!!?"
Ela entendia o suficiente para saber que se a gente não compra uma casa, aluga. E a vantagem do
aluguel é que sempre se pode trocar por uma casa melhor!
A angústia de seu coraçãozinho só foi aplacada com mais explicações sobre
adoção e consecutivos beijos e abraços.
2.3 Não tenha medo das possíveis influências hereditárias de seus filhos
Muitas pessoas já me disseram que têm medo de
adotar uma criança que tenha vindo de lares com pais
alcoólatras,
macumbeiros ou viciados. Dá para entender esse medo, mas isso não justifica. Precisamos lembrar que Deus é soberano em nossas vidas. Quando
Márcia chegou à nossa família ela estava tão desnutrida, tão
fraquinha, que não conseguia manter a
cabecinha reta e não tinha forças nem para chorar! Os médicos do hospital onde a levamos tentaram nos desestimular de continuarmos o processo de
adoção, e nos aconselharam a não nos apegarmos demais a ela pois provavelmente a perderíamos. havia, inclusive, suspeita de que ela tivesse alguma
deficiência mental. Passamos por momentos de intensa luta interna sobre o que deveríamos fazer. Buscamos a vontade do Senhor, clamamos por sua orientação e finalmente sentimos a paz de Deus em nossos corações e que deveríamos ir em frente. Deus nos honrou e, com o passar do tempo ela evidenciou uma inteligência e perspicácia em níveis altíssimos!
Como cristãos é de nossa responsabilidade cuidar das viúvas e dos órfãos (Tiago 1.27). Existem muitas maneiras de fazermos isso e
adoção, sem dúvida alguma, é uma delas!
CONCLUSÃO
Se Deus estiver dirigindo seu coração e sua mente à
adoção, não fuja. Dê os passos necessários para que isso se concretize. Vá, porém, consciente de que há preços a serem pagos, entre eles, a longa
burocracia para que uma
adoção se concretize. As leis dessa área também podem ser alteradas, causando muitas vezes receio nas pessoas envolvidas. Tudo isso faz parte do processo. Devemos, no entanto, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e, acima de tudo, manter bem viva em nossos corações a certeza da soberania e do controle de Deus em nossas vidas.
Somos uma família feliz e normal. Passamos juntos alegrias e sofrimentos, buscando sempre a orientação de Deus.
Hoje, nossas filhas -
Melinda,
Márcia e
Annie - estão respectivamente com 32, 30 e 25 anos de idade. Elas foram dadas a nós por Deus, só que nascidas de outros pais. Elas são nossa família, nosso tesouro e Judith e eu, não
podemos sequer imaginar nossas vidas sem elas!