29.8.06




A adoção de crianças durante muito tempo desafiou a competência e a sensibilidade dos adotantes e dos técnicos. Aquilo que a criança “já havia” vivido era considerado como uma barreira intransponível, ela já estaria indelevelmente marcada pelos sofrimentos do abandono. Além disso, a adoção tardia, assim como a inter-racial, impossibilitavam o “fazer de conta que é biológico”, por isso, esse tipo de adoção era sumariamente descartado, e até mesmo desaconselhado, pela maioria dos candidatos.

O processo de transformação cultural que vive a adoção hoje, passando da imitação da biologia para a expressão de um direito da criança, o direito de crescer numa família e não numa instituição, vem permitindo a um número cada vez maior de crianças maiores a possibilidade de sonhar com uma adoção, vem permitindo a um número cada vez maior de pretendentes a possibilidade de viver os desafios, as conquistas e as alegrias inerentes a essas adoções.

Uma preciosa lição que nos é dada por pais como Decebal Andrei e Tizuka Yamazaki é a de que é preciso despertar na criança o desejo de ser adotada.

Uma criança maior precisa compreender e aceitar uma adoção, e essa é uma experiência humana particularmente complexa. Todos aqueles sentimentos que ela não viveu, não aprendeu a viver, tais como: confiança, segurança, estabilidade, afeto, continuidade, delicadeza, pertencimento, dentre outros, de um momento para o outro, passam a fazer parte de seu cotidiano, e devem ser aprendidos, apreendidos, assimilados.
Se é verdade que cabe ao pais uma grande responsabilidade, composta de muita paciência, tolerância e firmeza, na condução dessa mudança, é preciso reconhecer o imenso esforço que fazem os jovens adotados tardiamente para acreditar que, daquela vez sim, é para valer.

Promover aproximações graduais, estimular a fase de “namoro” quando ela for possível, disponibilizar uma Rede de apoio no pós-adoção, para os pais e para a criança, são medidas que aumentarão substancialmente as chances de êxito dessas adoções. Socializar a rica informação já disponível, em livros e vídeos, sobre o tema, também, consolidará esse processo de mudança e permitirá o crescimento das adoções tardias em nosso país.


Fernando Freire, Psicólogo da Associação Brasileira Terra dos Homens/ABTH

26.8.06

Achei este este comunicado da Família Shurman tem alguns meses..e semrpe pensei se deveria postá-lo aqui.
MAs depois de um topico na comunidade " Adoção um ato de amor", achei que deveria:

Homenagem a Kat Schürmann


O novo rumo da nossa pequena tripulante...

Pequena apenas no jeito franzino e delicado... Quem a conheceu sabe de sua grandeza e personalidade de atitudes firmes e decididas... Um exemplo de perseverança e de amor à vida.

Desde que nasceu, Kat lutava bravamente para viver e aproveitar intensamente cada instante junto à Família, amigos e à natureza, a qual tanto amava e defendia.

Não era a primeira vez que, rapidamente, um pequeno resfriado transformava-se em um princípio de pneumonia e debilitava a nossa mais jovem tripulante. Mas repentinamente, a vontade de Kat, feito uma forte rajada de vento, enchia o seu espírito de vida e tudo não passava de um susto. Mas desta vez, não deu...

Muitos não sabem, mas Kat era soropositiva desde que nasceu. A adotamos ainda pequena, na Nova Zelândia sabendo de sua condição. Sua mãe já havia partido e o pai viria a nos deixar anos depois.

Claro, sabíamos que seria muito difícil. Kat era muito pequena, o seu estado de saúde sempre foi preocupante. Kat já havia nascido com esse desafio de saúde, bastante debilitada. Quando a conhecemos, exigia sérios cuidados. Mas não poderíamos deixar de dar uma chance àquele anjinho de lutar pela vida. Ela queria viver! Estava em seu olhar!

E foi a decisão mais importante que tomamos na vida!

Com o passar dos anos e a evolução da sua saúde , da medicina e, acima de tudo, da sua vontade, tínhamos a esperança de tê-la entre nós por muito e muito tempo. Mas ontem, 29 de maio, ela partiu...

Acreditem, foram os anos mais felizes de nossas vidas... Kat sempre foi muito especial e deixou mais exemplos e ensinamentos do que muitos que viveram décadas...

São lições que marcarão as nossas vidas e de todos aqueles que com ela conviveram. Kat sempre lutou bravamente contra a doença, sempre debateu a questão do preconceito, a importância do amor e da Família.

A luta de uma criança contra essa doença é inglória! Noites mal dormidas, remédios, mal-estar, hospitais, entre outros fatores, são capazes de tirar a alegria mesmo desses pequeninos cheios de luz e energia.

Mas nada é pior do que o preconceito e a falta de amor! Ela sempre pedia para as pessoas não julgarem as crianças que tinham qualquer limitação, porque ela sempre foi descriminada pelo seu tamanho e forma de caminhar. Mesmo assim, nos últimos dias, Kat manifestava forte vontade de falar da sua luta contra o vírus com os amigos da escola... Se mostrava indignada com a possibilidade de ser discriminada por isso... Estávamos debatendo essa possibilidade.... Ela queria que as pessoas entendessem que somos todos são iguais. Kat queria quebrar esse preconceito. Não houve tempo...

Por isso, decidimos escrever este comunicado. Assim como a chegada de Kat encheu nossas vidas de alegria, dignidade e respeito ao próximo, que a sua partida possa conscientizar a todos da importância do amor, do carinho e da compreensão na vida daqueles que sofrem de algum problema de saúde, não apenas os soropositivos.

Kat foi e sempre será muito amada, viveu intensamente cada segundo de sua vida, conheceu diferentes lugares em todo o mundo e sempre contou com apoio da sua Família. Por isso, temos a convicção de que partiu em paz, cheia de amor e grandes lembranças.

Tenham certeza, fizemos tudo que estava ao nosso alcance.

Infelizmente, essa não é a realidade da maioria das crianças que sofrem de alguma condição de saúde e que convivem com o preconceito, a falta de recursos e de calor humano... O desejo de Kat era mudar tudo isso... Como o nosso era tê-la para sempre!

Nos despedimos da nossa marinheira Kat ontem, em uma cerimônia intima e familiar. Suas cinzas serão levadas para Nova Zelândia, onde ela descansará ao lado de Robert e Jeanne, seus pais biológicos, cumprindo assim, uma promessa que selamos com eles. No próximo sábado, às 17h30 na Capela São João, em Ilhabela-SP, faremos uma homenagem à vida dessa grande menina.

Gostaríamos de agradecer todas as equipes médicas do mundo inteiro que sempre lutaram pela vida da Kat, em especial, a equipe que estava conosco quando ela partiu.

"Em homenagem ao nosso Anjinho, que agora navega nas nuvens do céu"

Família Schürmann

22.8.06

Pare, Liberte, Permita!


Tenho lido e ouvido muitos relatos com experiências relevantes que abordam dúvidas, medo, ansiedade... Acredito que antes de tomarmos qualquer tipo de decisão, temos que procurar nos centrar, respirar fundo e seguir adiante. Ter um filho é uma decisão importante e envolve muitas vidas, sentimentos, emoções, responsabilidades. E, para que possamos fazer bem ao outro é preciso que comecemos a fazer bem a nós mesmos, porque só sentindo o prazer de momentos felizes podemos dividí-los, só provando o sabor de um carinho podemos doá-lo, só experimentando o acolhimento podemos acolher... Ação e reação! Se permitir vivenciar qualquer coisa é um passo muito importante, e hoje, prestando um pouco mais de atenção à vida escrevi a mensagem abaixo no meu blog pessoal, em meio a filho pedindo ajuda no dever de casa e marido acabando de chegar do trabalho.
Achei válido compartilhar com vocês! Aí está:

Pare de tentar analisar o comportamento das pessoas pelo simples fato de querer entender de que forma você faz diferença para elas;

Pare de tentar decifrar olhares, porque essa linguagem deve ser compreendida no exato momento em que ocorre... se existe dúvida, melhor não procurar "porquês" e "serás";

Pare de querer encontrar justificativa para tudo. A vida taí, e além de ser vivida, precisa ser sentida. Portanto, para sentimentos não há justificativas;

Pare de se lamentar pelo que não fez. Pare de se arrepender pelo que fez. A experiência do fazer ou não fazer vale do mesmo jeito e ambas sempre acontecem na vida de alguém;

Pare de procurar explicações pelas atitudes dos outros, teimar em entender porque agiram desta ou daquela forma com você, o importante é a forma como você age;

Pare de marcar hora pra tudo, deixe um pouco a vida acontecer, pois é nesse momento que os milagres acontecem, que um beijo é roubado, que um carinho é compartilhado, que muitas coisas que realmente importam começam a se fazerem sentir;

Liberte seus medos, deixe que eles voem pra bem longe, mas não os deixe escapar de vez. Uma dose de medo é sempre bom para termos uma vida equilibrada;

Liberte seus sonhos, deixe eles virem para o mundo exterior porque, permanecendo dentro de você, eles nunca terão a chance de se concretizarem;


Liberte sua mente, deixe ela vagar em mundos desabitados e explorar as cavernas do seu mundo interior. Uma mente liberta proporciona a expansão da criatividade e dá acesso ao universo das idéias;

Liberte o seu corpo, permita que ele dance uma música que o inspire, deixe que ele seja embalado numa valsa a dois, aceite que ele se expresse em emoções. Um corpo em constante movimento jamais se torna envelhecido e doente;

Permita-se viver... Mas um viver intenso, incondicional;
Permita-se respirar, sentir o caminho do ar;
Permita-se sorrir, mesmo que as pessoas ao seu redor não entendam a dimensão da sua alegria;
Permita-se chorar, mesmo que não haja ninguém em volta para te consolar;
Permita-se amar, mesmo que o amor seja platônico ou não correspondido... mesmo que seja uma palavra ou um simples sentimento fora de moda;

Pare, Liberte, Permita.

- Mila Viegas -

20.8.06

Acolher... Se permitir...

Eu ia comentar o post da Glau (abaixo), e também faz um bom tempo que não venho até aqui para escrever algo. Não que o post dela não mereça ser comentado, longe disso, mas interessante que foi justamente este assunto que abordei em um e-mail que acabei de enviar para o nosso grupo.

Falando sobre a vinda do meu Natan e de como as coisas aconteceram e acontecem a partir de então, eu muito reflito. Primeiro de tudo, meu filho está comigo há quase seis meses e a sensação que temos é que ele sempre esteve aqui... interessante isso! Mais interessante ainda é o fato dos nossos familiares sentirem a mesma coisa (minha mãe, minha irmã, enfim...).

Às vezes, algumas pessoas curiosas me perguntam porque decidimos adotar uma criança mais velha e eu respondo "Não decidimos!"... rs. Se eu disser que foi uma "decisão" nossa, para mim soaria como se nós, os adultos, fôssemos dotados de plenos poderes em relação aos acontecimentos, ou seja, tivéssemos controle sobre tudo e todos. Conosco não foi assim! A medida que abríamos a nossa mente e coração para a adoção, pensávamos em um bebezinho, indefeso, carente, frágil. Mas, quando recebemos a notícia de um bebezão de cinco anos de idade, eu parei. Fiquei muda! Fiquei dormente! Meus batimentos cardíacos pareciam mais uma bateria de escola de samba... E em fração de segundo eu pensei comigo mesma... "É ele".

Como bem disse a Gláucia, a gente não ouve sininhos, sinetas, ou o mundo passa a ser cor-de-rosa.... ou então parece que você está vivendo um conto de fadas. Pelo menos eu não senti isso não... Ao mesmo tempo que me sentia feliz, um desespero aterrador tomou conta de mim, fiquei nervosa, agitada e em minha mente tive dúvidas em meio aos milhares de porquês que desfilavam na minha frente.

Quando eu vi o Natan pela primeira vez, eu ainda estava neste clima tenso dentro de mim. Fiquei tão atônita que não sabia o que dizer. Apenas o segurei no meu colo e o levei para o carro, e meu marido chorava disfarçadamente num cantinho, enquanto minha cunhada nos acompanhava. Não houve mágica! Aquele momento, pra mim, era um momento de transição, "antes do Natan e depois do Natan", minha vida sem ele e minha vida com ele... Agora eu era mãe, uma figura que eu não havia sido antes. Que medo!

Mas então, fui presenciando a "mágica" acontecer. Diária e constantemente a mágica de um compromisso selado, de um amor construído... a mágica do acolhimento. Eu o acolhi e ele me acolheu numa cumplicidade única que só as mães experimentam com seus filhos... Uma cumplicidade que fala a língua do olhar. A mágica vem acontecendo e se torna ainda mais evidente quando o meu filho me diz simplesmente que me ama, ou canta uma musiquinha pra mim. Hoje, quando começou a chover e a esfriar, ele disse assim "Mamãe é o sol, papai é a chuva"... rs e, na linguagem dele eu entendi perfeitamente. Quando o levo para a escola, nós vamos conversando e ele sempre me faz muitas perguntas, dia desses ele me perguntou por que chovia, por que não podia apenas fazer sol. E eu respondi: "Ora, e como as plantas vão beber água? Meu filho, tem hora pra chover e hora pra fazer sol, não haveria harmonia (ele entende o que é harmonia) se só chovesse ou só fizesse calor, nós e todos os seres vivos precisamos das duas coisas, entende?". Como pode uma criança tão pequena compreender a moral de tantas coisas?

Enfim, todos os dias tenho algo pra contar em relação ao nosso amor construído e mantido com sinceridade, mas, se eu não tivesse me permitido acolher um bebê de cinco anos jamais teria o privilégio de conviver com alguém tão especial. Na verdade, é difícil dizer o que ele é... é meu filho! Sempre meu! O que acrescentaria uma herança genética nisso? Não sei! Sinceramente, não sei se faria tanta diferença.

Natan é uma das poucas pessoas que me olham com sinceridade... Faz parte de uma minoria que nutre um amor sublime por mim... É uma criança bem humorada, que tem um dos sorrisos mais lindos que eu já vi nesta vida. Às vezes, sinto medo de não ser tudo de melhor pra ele, medo de decepcioná-lo, medo de errar. Mas seres humanos são assim, imperfeitos. Eu não o adotei, não o acolhi simplesmente, mas sim o amor e o desejo que ambos lançamos ao universo fez com que Deus nos acolhesse e unisse nesta causa.

Um grande beijo!
Mila Viegas
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Oi gente...
Eu sou uma pessoa que não consegue ficar parada muito tempo...só se estiver dormindo, coisa que eu adoro, apesar de ser agitadinha.
Como já comentei lá no grupo estou desempregada ( até janeiro só se Deus quiser e vocês derem uma forcinha ai no pensmento positivo), por isso vivo procurando o que fazer, o que é realmente perigoso ...Eu adoro cozinhar.
Mas não é esse cozinhar de arroz e feijão, eu adoro fazer pão , bolo, torta...descobriram onde mora o perigo?
A estas alturas um visitante de primeira viagem está ai a questionar o que isso tem haver com adoção tardia...bom isso é uma ilustraçãozinha para entenderem o contexto em que essa situação aconteceu.
Bom continuando...estes dias estava eu fazendo pão ( e aqui é uma beleza de fazer porque é quente e o pão fica fofinho), a casa com aquele cheiro de casa de vó, os pequenos rodando atrás de mim na cozinha, reclamando de fome...nisso chega o Natanael, esse lindo das fotos, meu filhote mais velho...
Chegou e parou na porta da cozinha e eu tomei um susto! Meu menino ta virando homem! Mas já?! Gente o tempo passa muito rápido...não dá para perder tempo na vida sofrendo por um filho imaginário, isso é oque eu fazia até o dia 25 de junho de 2.001.
Foi nesse dia que vivemos a experiência mais linda, mais marcante, mais impressionante a maior e uma das melhores experiências da nossa vida...esse foi o dia em que reencontramos o nosso filho.
Não quero que pensem que nessas horas a gente ouve sinos...a cena se passa em slow motion, o sol brilha mais aquecedor...nada disso. É um momento sublime, mas também é um momento de dúvidas , de angustias, um momento em que você é obrigado a repensar todos os seus conceitos de felicidade, seus conceitos de maternidade e paternidade...agora é que você toma uma tijolada e se toca que ali na sua frente tem um filho precisando de você, um filho que já fala, que arguementa, que exige, que tem uma história díficil...um filho , e no final é isso que importa, você encara tudo, o mundo se for preciso por ele.
Só que essa é uma experiência que só exige uma coisa de você, só exige que se abra para ser feliz, que você aposente os seus medos e preocupações em nome do amor, exige que você acolha aquele filho tão diferente do que você sonhou.
Acolher um filho mais velho , não quer dizer que você não possa sonhar com um bebezinho ou uma bebezinha...só que a adoção tardia não precisa ser só para o segundo filho, para depois da experiência de trocar fralda...a adoção tardia ela é viável e pode ser a primeia opção...basta que você a acolha em seu coração.

17.8.06

Déborah e os papais corujas

"Ela chegou como um furacão, tinha 12 anos e não aceitava ser mandada. Havia muito tempo que era ela quem mandava na casa, no irmão e na mãe que estava na cama sendo cuidada por ela há mais de 2 anos.

Ela decidia o que, quando e como iriam comer, afinal era ela quem cozinhava desde os 8 anos.

Ela tb se achava mãe do irmão e como qualquer mãe sem experiência, o mimava e estragava, fazia tudo por ele, desde levar para tomar as vacinas até abaixar as calças, sentar no vaso e limpar o bumbum dele.

A administração da casa ficava por conta dela, a administração do tempo tb.

Ela só não podia administrar a morte da mãe e a condição de orfã com o irmão de 4 anos que se aproximavam. Chegou a pedir para a madrinha que lhe encontrasse um trabalho para que ela pudesse sustentar o irmão e continuar cuidando dele e sustentando-o.

Veio para nossa casa meio a contragosto, preferia mesmo era ficar com a avó que deixava que fizesse tudo o que gostava de fazer. Eu me apavorei e falei para a psicológa do fórum que ela poderia decidir, que eu não iria interferir, apesar de querer que minha filha ficasse comigo, estava morrendo de medo de enfrentar o que poderia vir pela frente. A psícóloga me deu um chacoalhão e disse que quem decidia era meu marido e eu. "Criança de 12 anos não tem tanto poder de decisão assim!"

A é? Era assim? Então resolvi mostrar como eu era decidida; Abracei a causa e fui abraçada por ela.

Minha filha nasceu aos 12 anos e alguns meses, ainda nasceu gêmea com um irmão de 4 anos.

Houve muita insistência nossa e muita resistência dela para trocar de lugar e passar da posição de mãe que ela exercia à posição de filha que era o lugar correto dela.

Houve broncas, caras feias, brigas, desesperos, choros, castigos, mas isso em qualquer família há. Me encontre uma família onde isso não tenha acontecido e eu direi: "Isso não é uma família."

Isso tudo aconteceu durante os primeiros anos. Uma vez eu estava muito preocupada e meu marido me disse: "Yara, daqui uns 10 anos esta menina estará casada e nós estaremos rindo de tudo isso."

Aos 16 anos ela nos presenteou com o namorado que escolheu, a princípio, eu como estourada que sou, queria comer o fígado do rapaz, afinal quem era ele para pegar minha filha de mim? Quem era ele para desviar a atenção dela? Os anos passando e eu sempre dizia: "Vcs irão se casar só daqui a 7 anos." Sempre era este o prazo, mesmo depois de 2 ou 3 anos de namoro. Eles riam e ficava por isso mesmo.

Quantas conversas na mesa da cozinha... quantas broncas pq o telefone celular não era atendido... quantas vezes peguei no pé do namorado... Quantas vezes ficamos na sala conversando abobrinhas até depois da meia noite...Quantas vezes comemos pizza todos juntos, roubando a azeitona de um e do outro, na mesma mesa da cozinha...Quantas vezes fiquei no meio das brigas dos dois tentando dar razão para um sem magoar o outro... Uma vez fui buscar o namorado no estacionamento do condomínio, eles haviam brigado e ele estava lá há horas enquanto ela assistia TV no quarto, rsrsrs.

Quando ela terminou a 8a. série, estava um pouquinho atrasada e resolvemos que ela faria supletivo. O marido entrou em pânico, será que ela entraria em alguma faculdade fazendo supletivo? Conversamos com ela e propusemos que fizesse cursinho durante o tempo do supletivo, ela aceitou. Terminou o supletivo e o cursinho em junho, em agosto do mesmo ano entrou no Mackenzie em Psicologia. Que orgulho, contei para quem queria ouvir e para quem não queria tb, rsrsrs.

Quando tivemos que viajar, ela preferiu ficar, estava com 20 anos, no meio da faculdade e ainda com o mesmo namorado. Pensamos e resolvemos que seria bom para ela e para nós tb, pois quem melhor que nossa filha para continuar na nossa casa e cuidar das nossas contas. O namorado veio morar com ela em outubro de 2003, se tornou marido oficial só em setembro de 2005.

Voltamos ao Brasil em fevereiro, para uma parada estratégica antes de mudar de país e resolvemos que a casa seria vendida, a filha e o genro, com o dinheiro que haviam juntado mais um dinheiro emprestado compraram um apto e para lá foram.

Viemos para o novo país, a formatura chegou, eu não sei pq, mas tive certeza por um tempo que o padrinho dela seria o marido dela, meu genro. Que nada, eu estava enganada, ela queria o pai, cheguei a comentar que talvez o pai não pudesse comparecer, ela me disse que então cancelaria a formatura e devolveria o dinheiro para nós, êpa!

Cheguei no Brasil no dia 5, fomos ver a última prova do vestido, comprar sapato, fazer unhas e cabelos. Coisa linda de se ver, uma filha se formando, numa universidade boa, tendo feito um curso bom, com notas boas e de boa cabeça. O marido chegou no dia 9 de manhã, bem no dia da colação de grau.

No sábado houve a festa, nossa filha estava linda, a festa estava linda, os convidados vieram todos, avós, tias, primos, primas, padrinho, madrinha, amigos, pai e mãe, ficamos na festa até às 4:30 da manhã, eu nunca havia feito isso!

O pai dançou a valsa do padrinho, a valsa do pai e só a largou quando teve que entregá-la ao marido para a terceira valsa.

Valeu sim e muito, como eu seria pequena se não tivesse adotado uma pessoa tão grande como vc minha filha Déborah! Te amo muito!

Deus foi muito bom ao deixar que vc convivesse conosco e nos ensinasse que gostar é isso, é mostrar que pode, que tudo valeu e que somos importantes para vc."

Beijos da Yara, mãe da Déborah 23, adotada aos 12 e do irmão Raphael 16, adotado aos 4.

16.8.06

Filho e Preconceito

Casal gay espera decisão legal para adoção - São José do Rio Preto, 13 de agosto de 2006

Carlos Chimba Roberta e Paulo estão na fila de espera: 200 pessoas na frente Débora Borges
01:15 - No documento de identidade, Roberta é homem. “Casado” há um ano e meio com Paulo Henrique Gonzalez Buzato, 38 anos, o travesti decidiu que é a hora certa de ter um filho, ou seja: adotar uma criança. Nesse Dia dos Pais, ambos entram em contagem regressiva à espera do novo integrante da família. O processo deve durar cerca de um ano. Na primeira fase, ainda dependem da aprovação do juizado da Infância e da Juventude para conseguirem um lugar na fila da doação. Cerca de 200 pessoas estão à frente deles. Quem pleiteia a vaga é Buzato, mas os dois vão deixar claro que vivem como marido e mulher. Roberta, 29 anos, pensa como mulher e, por isso, considera-se transexual. As mudanças de sexo e de nome ainda deverão ser concretizadas. O aspecto físico, no entanto, é o que menos importa sob o ponto de vista do casal. Os dois preferem enumerar as qualidades que garantiriam boa classificação entre candidatos a pais. Buzato é pensionista do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ele tem uma lesão cerebral que dificulta parte dos movimentos dos membros, mas que não o impede de andar ou de segurar objetos. Roberta é cabelereira, atende na casa das clientes. Com total autonomia sobre a própria agenda, ambos teriam tempo de sobra para se dedicar à educação da criança. Os dois moram em uma rua tranqüila, no bairro Jardim das Oliveiras, em uma casa de dois quartos (um para o filho), sala, cozinha, banheiro e amplo quintal. Pela casa, devidamente mobiliada, estão expostas fotos do “casamento” abençoado por familiares do noivo e da “noiva”. O tempo de espera que vem pela frente servirá para o casal preparar o quarto da criança. Buzato quer ser chamado de pai. Roberta, de mãe. O que interessa para os dois é que o menino ou menina que venha a ser adotado cresça com o entendimento de que a diversidade é normal e que todas as pessoas devem ser aceitas com suas diferenças. “Criação é tudo. Vamos fazer essa criança se tornar um adulto saudável e equilibrado”, diz o futuro pai.

Adoção

O juiz da Infância e da Juventude de Rio Preto, Osni Assis Pereira, não se mostrou muito receptivo à idéia de dois homens adorarem uma criança. Em entrevista ao Diário da Região, ele disse que a prioridade é entregar a criança à uma família tradicional, “normal”- com pai homem e mãe mulher. Em segundo lugar, a uma mulher ou homem sozinhos. Somente depois viria um casal homossexual, seja feminino ou masculino. Para ele, terceira opção só seria preferível à manutenção da criança em uma instituição. Mas o risco disso acontecer seria muito pequeno. “Há mais famílias na fila do que crianças disponíveis”, finalizou.

Edvaldo Santos Theodora, de 5 anos, entre o ‘Pai Vasco’ e o ‘Pai Ju’

Casal comemora a conquista: a filha Theodora Theodora, 5 anos, está orgulhosa. Diferente dos coleguinhas da escola, em Catanduva, ela fez dois presentes para o Dia dos Pais. Um para o “Pai Vasco” e um para o “Pai Ju”. Quem conta é a professora do Jardim da Infância, Vanessa de Almeida. “Todos na classe tratam com naturalidade o fato dela ter dois pais”, revela a educadora. Vasco Pedro da Gama Filho, 34 anos, e Dorival Pereira de Carvalho Júnior, 43 anos, comemoram hoje a vitória conquistada no dia 23 de dezembro de 2005: o reconhecimento da menina como filha de Vasco e a chegada dela à casa deles. Vasco adotou Theodora sem precisar omitir da Justiça o relacionamento que mantém com Júnior há 14 anos. Agora, o casal aguarda o resultado de nova ação que pretende adicionar também o sobrenome de Júnior ao nome da menina. Além de oficializar a situação familiar que já está estabelecida, o sobrenome asseguraria os direitos futuros da menina em caso de falecimento do “Pai Ju”. Está no nome dele todos os bens do casal.

Rotina

Durante as duas horas que a reportagem do Diário da Região passou na casa dos três, foram constatadas as pequenas alegrias que Theodora, cujo nome significa “presente de Deus”, levou ao lar. Ela repete algumas expressões usadas pelo casal e surpreende os adultos com frases do tipo: “Ai, pai, como você é...” ou “Acha, Bem?” Em todas as casas alguém tem de assumir o papel de “chato”. Na de Theodora é Júnior quem tem essa missão. A cada minuto, repreende a menina por estar com o dedo na boca, sentada de perna aberta ou falando alto. Vasco ri do companheiro e “passa a mão na cabeça” da menina: “O Junior não deixa ela ser criança.” Brincadeiras à parte, ambos levam muito a sério a tarefa de educar Theodora. Nenhum dos dois cede às ameaças de pirraça da menina por ser impedida de brincar de fazer bolhas de sabão dentro da sala ou por chegar a hora de ir para a escola. Cabelereiros e colunistas sociais, Vasco e Júnior passam todo o dia juntos e precisaram adequar a vida para cuidar de Theodora: “Ela mudou toda nossa rotina. Não tínhamos hora para nada, agora fazemos todas as nossas refeições em casa mesmo e nos revesamos para cuidar dela à noite. Mas não dá o menor trabalho”, garante Júnior. Orientação Para não cometer erros na educação da menina, o casal buscou psicólogos. Foram orientados a explicar tudo o que ocorre através de historinhas. Por exemplo, Theodora sabe que Deus colocou ela na barriga de uma moça, a genitora, porque os “papais” não poderiam ter filhos. A menina já sabe também que a palavra “mãe” tropeçou em uma “pedrinha” e virou “madrinha”. Uma tia de Júnior é quem responde pelo título. Segundo o psicólogo do Grupo de Apoio ao Doente de Aids (Gada), Marcos Aurélio de Oliveira Franchetti, a opção do casal de Catanduva foi acertada. As figuras paterna e materna mudaram de sentido com o passar dos anos. Antes, a primeira remetia à moral e a segunda ao afeto. Hoje, ambas são provedoras e os avós representam o afeto. A necessidade da criança ter por perto figuras masculinas e femininas pode perfeitamente ser suprida com a presença de “madrinha” ou “padrinho”, dependendo de cada caso.

(Matéria publicada no jornal Diário de São José do Rio Preto em 13/08/2006 e postada no grupo Planos de Deus por Kátia Pontes)

14.8.06




"Quando adotei minha filha, ela tinha 02 anos e um mês (um bebê ainda!), porém ela tem 03 irmãs mais velhas que ela e todas foram adotadas por famílias diferentes.

Eu fiquei com a mais nova, não por opção, mas é que as outras já tinham sido "escolhidas" , ou melhor, as pessoas que iam ficar com ela tinham desistido...então ela "sobrou" pra mim...(simplesmente coisas do destino!)

Na época, muitas pessoas comentavam pra mim e meu marido: 'Que sorte vocês tiveram, ficaram com a menor! É muito melhor, pelo menos vocês educam do jeito de vocês e ela não terá muita dificuldade pra adaptar-se ao estilo de vocês!' Na época, tudo muito recente e ainda mais que não estávamos programados pra adoção (de nenhuma espécie!), até parecia verdadeiro e encorajador, mas com o passar do tempo e com a convivência que mantivemos com as irmãs dela, chegamos à conclusão que tudo isso não passa de mitos, falta de consciência e experiência.

Acredito que, exatamente por ter convivido tão pouco com a família e também pela pouca idade, hoje ela não tem lembranças, e ao contrário do que muita gente pensa, isso não é bom, muito pelo contrário, faz muita falta pra ela...pois, como ela não tem lembranças, ela fantasia pra suprir a falta...e por ser fantasias que ela cria quase nunca condiz com a realidade, então ela acaba se imaginando em situações, muitas vezes usando o que ela convive, ou conviveu, conosco (qdo se trata de coisas boas) ou, com situações de pobreza e miséria...Ah! que bom seria, se ela tivesse suas PRÓPRIAS lembranças, não importa se boas ou ruins, mas SUAS LEMBRANÇAS! É isso que penso e sinto!"

Depoimento da mamãe Helenice

Visita ao orfanato no dia dos pais

Amigas queridas preferi postar sobre a nossa visita ao orfanato ontem dia dos pais aqui nesse cantinho lindo.

Fomos bem recebidos apesar de olhares tristes em relação a adoção da Kathleen e ao mesmo tempo daquelas meninas que chegaram anos antes dela e continuam la ate hoje.

Umas tem irmãos, outras já são adolescentes, inclusive fiquei muito triste de saber que uma menina com 13 anos esta na 1ª serie, por um momento pensei que era do 2º grau, mas não é e sim primário, peguei no pé dela, disse que vou ficar em cima, para ver se ela lembra e se esforça para sair dessa serie.

É muito triste ver aquelas crianças sem perspectivas de sair do abrigo, acredito que a demora para liberação das crianças para adoção é a maior vila desses fatos, tem um bebe que chegou no ano passado com 7 meses, agora já anda, deve estar com 1 ano e meio, tem 2 irmãs, daqui a pouco se o fórum não andar rápido, vai ser mais 3 crianças envelhecendo como se tivesse cometido algum crime para estar trancafiada entre 4 paredes, diga-se de passagem, o lugar mal bate sol.

É de cortar o coração.

O lado bom foi que soube que a Isabel + 2 irmãs e + 4 irmãos do outro abrigo foram realmente adotados por uma família(isso mesmo ao todo 7 irmãos) que maximo, as crianças eram lindas e super carinhosas.

Vou ficando por aqui, na esperança de que essa historia um dia tenha outro final.

www.futuropresentededeus.zip.net

12.8.06

Dia dos Pais


Desde ontem eu estava pensando sobre este post...Eu não sabia muito bem por onde começar, sabia alguns assuntos que queria comentar, algumas das coisas a se dizer sobre esse dia...Mas eu estava decidida a fazer um post de Dia dos Pais diferente.
Já é praxe a gente homenagear o pais da gente, o marido da gente ( esses mereciam um prêmio por nos aguentar enquanto o tão sonhado filho não chega), o compadre...o filho que já é pai,...Não que eles não mereçam nossa atenção e aquele chamego especial, mas eu imagina modelos de pais um pouco diferentes.
Confesso que ja imaginava falar sobre meu amigo Leandro, esse da foto com os seus meninos, seus presentinhos de dia dos pais. Eu tenho muitos amigos virtuais, mais até do que os que eu convivo no dia-a-dia, alguns desses amigos são fundamentais na minha vida e me deram provas de carinho e acolhida, provas de adoção da gente que nem na família a gente encontra, e por esses amigos a gente se sente responsável, acompanha a caminhada, torce, reza, fica triste quando a ligação do fórum é alarme falso e principalmente vibra quando os sobrinhos chegam.
Com o Leandro foi assim ! Ele é um desses amigos que mesmo sem fazer parte do dia-a-dia da gente são especiais, queridos, amigos que as vitórias deles são nossas também
Esse meu amigo foi escolhido por mim,pela Carmem e pela Anne para ser nosso homenageado de dia dos pais, pois a pouquinho tempo ele se permitiu ser feliz e acolheu no coração e na alma dois meninos lindos de 4 e 5 anos, acolheu e foi acolhido por eles.
Faz um ano e pouco que acompanho essa caminhada dele e foi um dia de grande alegria quando ele postou na comunidade que já era papai.
Leandro ,
Em nome das meninas quero te dizer que desejamos a você tudo de bom na vida, que você tenha muita festa, muita alegria, muito carinho no seu primeiro dia dos pais e em todos os muitos que virão por aí até que fique bem velhinho e comece a comemorar o dia dos vovôs também
Parabéns a você e principalmente aos meninos por terem tanto bom gosto para escolher um papai.
Muitos Beijos
Grupo de Adoção Tardia

Todos os papais do grupo
Não vou citar os nomes de todos pois não quero correr o risco de ser indelicada e esquecer alguém, mas quero dizer que aproveitem muito bem essa data, que ela traga muita alegria, muito amor e bons momentos com seus pequenos, ou nem tçao pequenos assim.
Com muito carinho
Grupo de Adoção Tardia.

Vamos aproveitar o post e cantar parabéns para a Ca que está completando anos neste dia 13, felicidades amiga.
Parábens a Yara pela formatura da Débora.
E vamos ficando por aqui para que não vire jornal e vocês possam aproveitar o dia!

11.8.06

O mito da adoção

Hoje li este texto muito bacana no site www.psicopedagorionline.com.br, e pensei em postá-lo aqui, pois tem tudo haver conosco.
É bem clara a forma como a autora esclarece os mecânismos que a crianças adotada tardiamente encontra para se inserir no novo contesto familiar...e a gente marinheiro de primeira viagem não conhece.
Não é um post simpático campeão de audiência , com o sorriso maravilhoso da Raquel, mas é uma mão estendida para quem tem ou terá um filho mais " velhinho", uma mão acolhedora como esta do meu compadre Cláudio para minha afilhada mais linda do mundo a Vicky
O post é grande mas vale a pena a leitura, ainda mais para os pais que se preparam parta a adoção, é uma forma de fortalecer as asinhas, de deixá-las no ponto para alçar vôo como filho tão esperado.
Destaco a seguinte frase:
"Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa. "

O MITO DA ADOÇÃO

Adriane Albuquerque Cirelli
Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente seja claro, é dever do poder público, da sociedade, da comunidade, assegurar o direito da criança viver em família, a adoção no Brasil ainda é um mito.
Os dados estatísticos comprovam que quanto menor a idade cronológica da criança, maior é a chance de adoção. As crianças mais procuradas pelas famílias adotantes são as recém-nascidas brancas do sexo feminino.
Fica aqui um questionamento, e as outras crianças, como ficam?
A adoção dos recém-nascidos, conhecida legalmente por adoção precoce é traduzida pelo tipo de adoção que o amor vem primeiro.
Normalmente são casais impossibilitados de gerarem seus filhos biologicamente e que vivenciaram um período muito doloroso de espera, marcado por enormes frustrações e desgastes físicos, emocionais e financeiros. Com a chegada do filho do coração esse período de dor é rapidamente superado, o vazio é substituído pela alegria, pela razão de viver, pela felicidade.
A adoção tardia, aquela realizada com crianças com mais de três anos já é bem menos praticada. Nesse caso, a responsabilidade chega primeiro, depois o amor.
Existem nessas crianças, tardiamente incluídas no sistema familiar, um comportamento anti-social que prevê até uma regressão. É comum crianças em idades avançadas perderem temporariamente o controle dos esfíncteres, voltarem às mamadeiras, às chupetas.
Essa regressão é vista como muito positiva pela psicologia pois simbolicamente a criança renasce para a vida nova.
Pensando em adoção tardia, enganam-se os pais que a praticam pensando que terão menos trabalho.As crianças recém-adotadas testam o amor que as pessoas dizem sentir por elas pois chegam às famílias com uma história de derrotas, frustrações e dor.Cabe às famílias regrar afeto e limites.
Imaginem uma criança de pais alcoólatras que foi retirada da família biológica por maus tratos e levada a uma instituição onde esperou anos e anos para ser adotada.
Na mente infantil dessa criança, ela se sente punida duas vezes, primeiro porque os pais cometeram o grave erro do vício prejudicando sua qualidade de vida, depois porque ela, a criança é que foi arrancada de casa e submetida a uma vida institucionalizada, com poucos vínculos afetivos pessoais e muitas regras de convivência.
Quando uma criança entra em processo de adoção, o conceito que ela tem de família provavelmente seja a utopia da ausência de regras, local dos sonhos, da realização dos desejos.
Nessa fase inicial de adoção tardia, os pais sentem o desejo de isolamento do convívio social pois sentem a necessidade de fortalecerem os vínculos afetivos com a criança até que ela construa noções elementares de comportamentos adequados socialmente.
Mas essas fases passam, aos poucos a criança vai assimilando o que é viver em família, na escola e na sociedade.A criança passa a ser amada não somente pelos pais mas também pelos familiares e amigos.
Esses desafios iniciais não podem justificar um não definitivo à adoção tardia. O Brasil precisa se livrar dos preconceitos, assumindo com coragem os desafios da construção de uma sociedade mais justa.
A adoção faz parte de nosso cotidiano. Quando amamos um marido, uma esposa, um namorado, não adotamos a sua história de vida, a sua criação, a sua origem?
Quando nos casamos aos trinta ou quarenta anos, não assumimos o risco de convivermos com alguém educado de outra forma, ás vezes até de outra nação?
Também os pais biológicos precisam adotar seus próprios filhos. Algum pai de filho “diferente” planejou ter uma criança especial?Certamente esses pais adotaram o próprio filho após o diagnóstico.
Também os cônjuges em segunda união adotam os filhos da primeira união.Nós adotamos em nossas vidas, os nossos vizinhos, chefes, clientes, alunos para viver bem com eles.
A adoção precisa deixar de ser um mito. O medo do desafio, a lentidão da documentação legal, o medo da sociedade preconceituosa não podem impedir a felicidade de tantas e tantas famílias.
Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa.
Medo? Quem o enfrentou sabe o quanto valeu a pena...
Publicado em 22/01/2004 12:28:00

10.8.06

A vivência anterior da criança



Um dos fatores da adoção tardia mais temidos pelos candidatos à adoção é o passado da criança ou do adolescente, sua experiência de vida!

Muitos acham que as crianças só têm histórias tristes para contar, que só carregam problemas e que serão muito difíceis de educar, pois falam muitos palavrões, não têm limites, já estão mal-acostumados e por aí vai.

Geralmente, os pais acreditam que um bebê poderá ser facilmente moldado, terá os mesmos gostos da família e aprenderá tudo com eles.

Na verdade, a maioria das pessoas esquece que as crianças também vivem em sociedade! Elas têm amigos, convivem na rua ou no prédio onde moram, conhecem diferentes pessoas na escola, nos parques... Nenhuma criança, ainda que chegue recém-nascida, aprende só com os pais! Toda criança, mais cedo ou mais tarde, desenvolverá suas próprias habilidades e fará escolhas de acordo com seus próprios gostos!

Essa bagagem de vida que tanto assusta as pessoas é um dos motivos que mais me faz amar minha filha Raquel!

A Quequel me ensinou a gostar de música e de dança (não que agora eu saiba dançar...rs...mas pelo menos adoro brincar de dançar com ela); ela viveu muitas coisas bonitas e outras tristes, mas tudo isso acrescentou na minha experiência. Nossa, aprendo muita coisa com ela! Ela é generosa, caridosa, hiper carinhosa, preocupada com os sentimentos das pessoas (fica arrasada se nos deixa tristes) e nada disso é mérito meu! Ela chegou assim e é legal reconhecer o que já é dela. Uma ensina a outra! É muito boa essa troca; é bom demais aprender com o filho e não só ensinar e moldar. E tudo o que eu queria ensinar para a Quel até aqui, aos poucos, com carinho, fui conseguindo.

Uma criança maior geralmente já compreende sua história e já chega doidinha para ter uma mamãe e/ou um papai. Elas são muito carinhosas!

É uma mistura doida e gostosa de maturidade, independência e infantilidade! Ao mesmo tempo que têm a tal bagagem e são muito mais independentes do que outras crianças da sua idade, eles são uns bebezinhos para o amor. Ficam sedentos a toda demonstração de carinho. A Quel já está com quase 10 anos e não dorme sem que eu cante, sem que o papai faça carinho na sua perna; não fica um dia sem me abraçar e dizer que me ama; adora que eu beije, aperte, morda, esmague...rs Isso para não falar das cartinhas de amor! Tenho duas pastas enormes lotadas delas!

Imagina só que chatice se eu tivesse um filho bio?...rs... Não teria o gosto da dança e do esporte aqui em casa! É uma alegria toda especial! O Rubens e eu somos dois gordinhos sedentários e a Quel é uma elétrica ginasta de primeira! Ao contrário do que pode parecer, os gostos diferentes nos atraem!
Como estamos no mês dos pais , andei pesquisando sobre pais adotivos, principalmente pais de adoção tardia, e encontrei no site linkado no final do post o texto que se segue e uma entrevista com o sr Decebal Andrei...vamos lá!
"Coração de pai
Livro comovente conta a história de um pai que, na terceira idade, teve novamente a coragem de enfrentar as dores e delícias da paternidade, desta vez adotando uma criança.
Poucas pessoas vivem de forma tão intensa o desejo de ser pai quanto os pais adotivos. A paternidade é marcada, muitas vezes, por tentativas infrutíferas de ter os próprios filhos, seguidas da longa espera na fila da adoção. Ouvir a história de vida desses pais é entrar em contato com uma vastidão de sentimentos, idealizações e carências. Tudo que naturalmente já envolve uma relação entre pais e filhos, só que a ela se soma a angústia quanto às implicações psicológicas que o ato de dar uma família a quem nunca teve pode trazer.
Decebal C. Andrei é um desses pais a quem é irresistível chamar de "especiais." Enquanto a maioria das adoções no Brasil se presta a encontrar um bebê para a família que não tem filhos, no caso de Decebal, o que o impulsionou a adotar uma criança foi a vontade de reconstruir a família, após o falecimento de sua esposa, com quem vivera por mais de 50 anos.
"Eu me sentia perfeitamente capaz de continuar a vida familiar e fazer o que já tinha provado a mim mesmo que sabia fazer de forma razoável", afirma.
Os três filhos e cinco netos que para ele eram motivo de orgulho, porém, pouco lhe serviram para diminuir a descrença de quem o via, sozinho, aos 74 anos, querendo adotar um garoto, à época com 10 anos. Afinal, para os especialistas e responsáveis por zelar pelo destino das crianças abandonadas nos orfanatos, Decebal estava se metendo em um vespeiro chamado adoção bitardia.
Nesses casos, teme-se que as decepções e frustrações que a criança, a partir dos três ou quatro anos, acumulou ao ser abandonada e na instituição que a abrigou comprometam o sucesso da adoção. "

Decebal Corneliu Andrei, 82, é pai de Elena, Alexandre, César e Rafael Bernardo. É organizador e co-autor do livro Reencontro com a Esperança — Reflexões sobre Adoção e Família.Endereço para correspondência:R. Antero de Quental, 2186047-540 Londrina/PR (43) 342-3149 / 341-6768andrei@npd.uel.br

Link para a entrevista completa, e para este texto postado acima:
http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0069.asp

9.8.06

Oi gente...


Após algumas rasteiras consecutivas do meu moden acho que agora voltei para ficar.
Andei muito preocupada com alguns recados que recebi dizendo que nosso blog estava com vírus...pesquisei muito mas não achei nada sobre vírus em blog, já que não somos uma página com download e tudo mais.
Porém conversando com um amigo ele me lembrou uma coisa ...nosso sistema de comentário é o Haloscan, que abre uma janela pop up para a pessoa escrever...se o micro tiver um anti pop up ativado pode ser que dê alguma mensagem ou mesmo ative o firewall, ou anti virus.
Bom é isso...
No mais muito calor por aqui mas estou gostando...se bem que não saio a pé no período da tarde nem para ir buscar a mega sena acumulada.
A moçadinha está muito bem , Natanael amando a escola e os pequenos em casa aprontando...Luana picou a franja com a tesoura e agora está um caminho de rato, " Alouicio" está amando ficar sem camiseta o dia todo e não que mais ir " morar lá no Assi que lá tá frio".
Estão acompanhando a novela Páginas da Vida? To cuiosa para saber como vai ser a adoção da Clara...só espero que não seja aquela marmelada de sempre.

Beijos
Glaucia

1.8.06

AULA DE COMIDA



AULA DE COMIDA
Saiba como preparar um lanche nutritivo, variado e que ensine seu filho a comer bem para o resto da vida


A comida do recreio é tão valiosa para a criança quanto ter os livros certos para estudar, sem exagero. Primeiro porque o lanche não é apenas um punhado de comida que a criança leva para a escola para enganar a fome: a merenda equivale a um quarto dos alimentos consumidos ao longo de um dia. Por esse motivo, deve ser tão equilibrada quanto qualquer outra refeição - pobre em gorduras e rica em proteínas, carboidratos e vitaminas. Mas não é só isso. O lanche também serve para a criança como uma aula sobre como comer melhor e se tornar um adulto de hábitos alimentares saudáveis.É consenso entre os nutricionistas que todas as pessoas deveriam fazer pelo menos cinco refeições diárias: café da manhã, lanche, almoço, lanche de novo e janta. Parece muita comida, mas o objetivo é comer um pouquinho de cada vez, para estar sempre bem alimentado e não exagerar no almoço ou jantar (é que comer uma montanha de comida nas duas principais refeições e não ingerir nada entre elas desequilibra o organismo). O lanche deve funcionar como uma dessas refeições, com uma exigência a mais: manter as crianças dispostas e atentas, afinal elas estão na escola para aprender. (...)

Quantidade x qualidade

Mas não é porque a merenda é tão importante que você vai abarrotar a mochila da molecada com comidinhas de todos os tipos. O tamanho do lanche de cada criança é resultado de uma fórmula que inclui muitas variáveis. Para começar, não dá para pensar na merenda sem levar em conta as outras refeições. Um bom café da manhã, por exemplo, é essencial para um dia bem nutrido. (...) Outra coisa importante na hora de definir o tamanho do lanche é a personalidade da criança. Não há critérios objetivos, tipo uma porção ideal por faixa etária ou por peso. "Ela varia conforme a idade, a altura, o peso e as atividades da criança. Se ela é sedentária, seu metabolismo responde de uma maneira. Se for esportista, o organismo tem outro comportamento", afirma Adriana. (...)

Criatividade e variedade

Uma vez definida a quantidade, é hora de escolher o que botar na lancheira. Basicamente, um bom lanche precisa ter carboidratos (encontrados no pão, biscoitos e cereais), minerais e vitaminas (presentes em frutas e sucos) e proteínas (existentes no leite e seus derivados, carnes, aves e peixes). É claro que dá para distribuir esses alimentos ao longo de todas as refeições do dia, desde que, no fim, a criança coma de tudo (não adianta nada trocar uma maçã por um biscoito no lanche se, no almoço, o moleque só comer arroz, que também é fonte de carboidrato). Os açúcares e as gorduras, que devem ser consumidos em pequenas quantidades, estão nas frutas, geléias, margarina e manteiga - estas últimas normalmente ingeridas no café da manhã.
(...) a artista plástica Rosane Graicer, mãe de meninos de 9, 7 e 3 anos, conta que um dos segredos é conversar com eles sobre o que querem na merenda. Aí Rosane coloca um alimento de que gostem e outro que ela prefere que eles comam. "O importante é não proibir e ficar no discurso de 'não pode e pronto'. Se eles querem algo que não faz tão bem, eu até libero um pouco, mas friso que não é saudável, puxando pelo lado do ganho de peso e do comprometimento do desempenho deles nos esportes e nas brincadeiras", diz.


Imagem e variedade
Nesse ponto, a lição também ensina que imagem é tudo quando se trata de preparar uma refeição que a criança vai comer sozinha, sem pais ou parentes para insistirem que ela coma. O truque é colocar a comida em potinhos de plástico com figuras de bichinhos, cortar o queijo em cubos, transformar um sanduíche em dois sanduichinhos e comprar legumes e frutas pequenos, como cenouras, tomates-cereja e maçãs fuji, por exemplo.
Uma boa dica para ampliar a gama de alimentos consumidos é testar novos sabores em casa. A orientadora educacional da escola Stance Dual, Cristina Junqueira de Andrade Marcondes, conta que de vez em quando pega frutas e legumes e monta um boneco com eles, junto com o filho Felipe, de 3 anos. "Depois eu o convido a experimentar um pedaço do cabelo, um braço, e aí ele vai se abrindo para provar novas coisas", diz.
Cartilha do lanche

Equilíbrio - Leve em conta o número de porções diárias que devemos comer de cada alimento
- pães, cereais, massas, tubérculos e raízes: 6 porções
- frutas: 4 porções
- hortaliças: 3 porções
- carnes, aves, peixes, ovos e leguminosas: 2 a 3 porções
- leite e derivados: 2 a 3 porções
- gorduras, óleos, doces e açúcares: só de vez em quando
- Doce - Eleja um dia para adicionar uma guloseima
- Suco - É uma boa alternativa para a criança que não aprecia fruta
- Clima - Se estiver muito quente, troque uma bebida achocolatada por suco ou água de coco, e um mix de frutas secas e castanhas por sanduíches feitos com bisnaguinhas, por exemplo
- Sobras - Peça para seu filho trazê-las de volta. Isso ajuda a avaliar seu gosto e seu apetite
- Bolachas - Prefira as integrais, mas confira o porcentual de farinha integral da sua fórmula. Quanto mais, melhor
- Recheio - evite em bolos e bolachas. São mais calóricos e menos nutritivos
- Isotônicos - Descarte. Eles têm muito sódio e, em excesso, podem causar problemas renais
- Frituras - Aumentam o colesterol. Fuja delas
- Vegetais - Ensine seu filho a comer cenourinhas, tomates-cereja, pepino, milho e outros
- Facilite - Não esqueça que as crianças querem aproveitar o recreio para brincar com os colegas. Prepare alimentos fáceis de comer


por Roberta De Lucca

FONTE: http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/029/07.shtml
CONTRIBUIÇÃO DA NOSSA AMIGA SILVINHA! OBRIGADA!