"Ela chegou como um furacão, tinha 12 anos e não aceitava ser mandada. Havia muito tempo que era ela quem mandava na casa, no irmão e na mãe que estava na cama sendo cuidada por ela há mais de 2 anos.
Ela decidia o que, quando e como iriam comer, afinal era ela quem cozinhava desde os 8 anos.
Ela tb se achava mãe do irmão e como qualquer mãe sem experiência, o mimava e estragava, fazia tudo por ele, desde levar para tomar as vacinas até abaixar as calças, sentar no vaso e limpar o bumbum dele.
A administração da casa ficava por conta dela, a administração do tempo tb.
Ela só não podia administrar a morte da mãe e a condição de orfã com o irmão de 4 anos que se aproximavam. Chegou a pedir para a madrinha que lhe encontrasse um trabalho para que ela pudesse sustentar o irmão e continuar cuidando dele e sustentando-o.
Veio para nossa casa meio a contragosto, preferia mesmo era ficar com a avó que deixava que fizesse tudo o que gostava de fazer. Eu me apavorei e falei para a psicológa do fórum que ela poderia decidir, que eu não iria interferir, apesar de querer que minha filha ficasse comigo, estava morrendo de medo de enfrentar o que poderia vir pela frente. A psícóloga me deu um chacoalhão e disse que quem decidia era meu marido e eu. "Criança de 12 anos não tem tanto poder de decisão assim!"
A é? Era assim? Então resolvi mostrar como eu era decidida; Abracei a causa e fui abraçada por ela.
Minha filha nasceu aos 12 anos e alguns meses, ainda nasceu gêmea com um irmão de 4 anos.
Houve muita insistência nossa e muita resistência dela para trocar de lugar e passar da posição de mãe que ela exercia à posição de filha que era o lugar correto dela.
Houve broncas, caras feias, brigas, desesperos, choros, castigos, mas isso em qualquer família há. Me encontre uma família onde isso não tenha acontecido e eu direi: "Isso não é uma família."
Isso tudo aconteceu durante os primeiros anos. Uma vez eu estava muito preocupada e meu marido me disse: "Yara, daqui uns 10 anos esta menina estará casada e nós estaremos rindo de tudo isso."
Aos 16 anos ela nos presenteou com o namorado que escolheu, a princípio, eu como estourada que sou, queria comer o fígado do rapaz, afinal quem era ele para pegar minha filha de mim? Quem era ele para desviar a atenção dela? Os anos passando e eu sempre dizia: "Vcs irão se casar só daqui a 7 anos." Sempre era este o prazo, mesmo depois de 2 ou 3 anos de namoro. Eles riam e ficava por isso mesmo.
Quantas conversas na mesa da cozinha... quantas broncas pq o telefone celular não era atendido... quantas vezes peguei no pé do namorado... Quantas vezes ficamos na sala conversando abobrinhas até depois da meia noite...Quantas vezes comemos pizza todos juntos, roubando a azeitona de um e do outro, na mesma mesa da cozinha...Quantas vezes fiquei no meio das brigas dos dois tentando dar razão para um sem magoar o outro... Uma vez fui buscar o namorado no estacionamento do condomínio, eles haviam brigado e ele estava lá há horas enquanto ela assistia TV no quarto, rsrsrs.
Quando ela terminou a 8a. série, estava um pouquinho atrasada e resolvemos que ela faria supletivo. O marido entrou em pânico, será que ela entraria em alguma faculdade fazendo supletivo? Conversamos com ela e propusemos que fizesse cursinho durante o tempo do supletivo, ela aceitou. Terminou o supletivo e o cursinho em junho, em agosto do mesmo ano entrou no Mackenzie em Psicologia. Que orgulho, contei para quem queria ouvir e para quem não queria tb, rsrsrs.
Quando tivemos que viajar, ela preferiu ficar, estava com 20 anos, no meio da faculdade e ainda com o mesmo namorado. Pensamos e resolvemos que seria bom para ela e para nós tb, pois quem melhor que nossa filha para continuar na nossa casa e cuidar das nossas contas. O namorado veio morar com ela em outubro de 2003, se tornou marido oficial só em setembro de 2005.
Voltamos ao Brasil em fevereiro, para uma parada estratégica antes de mudar de país e resolvemos que a casa seria vendida, a filha e o genro, com o dinheiro que haviam juntado mais um dinheiro emprestado compraram um apto e para lá foram.
Viemos para o novo país, a formatura chegou, eu não sei pq, mas tive certeza por um tempo que o padrinho dela seria o marido dela, meu genro. Que nada, eu estava enganada, ela queria o pai, cheguei a comentar que talvez o pai não pudesse comparecer, ela me disse que então cancelaria a formatura e devolveria o dinheiro para nós, êpa!
Cheguei no Brasil no dia 5, fomos ver a última prova do vestido, comprar sapato, fazer unhas e cabelos. Coisa linda de se ver, uma filha se formando, numa universidade boa, tendo feito um curso bom, com notas boas e de boa cabeça. O marido chegou no dia 9 de manhã, bem no dia da colação de grau.
No sábado houve a festa, nossa filha estava linda, a festa estava linda, os convidados vieram todos, avós, tias, primos, primas, padrinho, madrinha, amigos, pai e mãe, ficamos na festa até às 4:30 da manhã, eu nunca havia feito isso!
O pai dançou a valsa do padrinho, a valsa do pai e só a largou quando teve que entregá-la ao marido para a terceira valsa.
Valeu sim e muito, como eu seria pequena se não tivesse adotado uma pessoa tão grande como vc minha filha Déborah! Te amo muito!
Deus foi muito bom ao deixar que vc convivesse conosco e nos ensinasse que gostar é isso, é mostrar que pode, que tudo valeu e que somos importantes para vc."
Beijos da Yara, mãe da Déborah 23, adotada aos 12 e do irmão Raphael 16, adotado aos 4.
Ela decidia o que, quando e como iriam comer, afinal era ela quem cozinhava desde os 8 anos.
Ela tb se achava mãe do irmão e como qualquer mãe sem experiência, o mimava e estragava, fazia tudo por ele, desde levar para tomar as vacinas até abaixar as calças, sentar no vaso e limpar o bumbum dele.
A administração da casa ficava por conta dela, a administração do tempo tb.
Ela só não podia administrar a morte da mãe e a condição de orfã com o irmão de 4 anos que se aproximavam. Chegou a pedir para a madrinha que lhe encontrasse um trabalho para que ela pudesse sustentar o irmão e continuar cuidando dele e sustentando-o.
Veio para nossa casa meio a contragosto, preferia mesmo era ficar com a avó que deixava que fizesse tudo o que gostava de fazer. Eu me apavorei e falei para a psicológa do fórum que ela poderia decidir, que eu não iria interferir, apesar de querer que minha filha ficasse comigo, estava morrendo de medo de enfrentar o que poderia vir pela frente. A psícóloga me deu um chacoalhão e disse que quem decidia era meu marido e eu. "Criança de 12 anos não tem tanto poder de decisão assim!"
A é? Era assim? Então resolvi mostrar como eu era decidida; Abracei a causa e fui abraçada por ela.
Minha filha nasceu aos 12 anos e alguns meses, ainda nasceu gêmea com um irmão de 4 anos.
Houve muita insistência nossa e muita resistência dela para trocar de lugar e passar da posição de mãe que ela exercia à posição de filha que era o lugar correto dela.
Houve broncas, caras feias, brigas, desesperos, choros, castigos, mas isso em qualquer família há. Me encontre uma família onde isso não tenha acontecido e eu direi: "Isso não é uma família."
Isso tudo aconteceu durante os primeiros anos. Uma vez eu estava muito preocupada e meu marido me disse: "Yara, daqui uns 10 anos esta menina estará casada e nós estaremos rindo de tudo isso."
Aos 16 anos ela nos presenteou com o namorado que escolheu, a princípio, eu como estourada que sou, queria comer o fígado do rapaz, afinal quem era ele para pegar minha filha de mim? Quem era ele para desviar a atenção dela? Os anos passando e eu sempre dizia: "Vcs irão se casar só daqui a 7 anos." Sempre era este o prazo, mesmo depois de 2 ou 3 anos de namoro. Eles riam e ficava por isso mesmo.
Quantas conversas na mesa da cozinha... quantas broncas pq o telefone celular não era atendido... quantas vezes peguei no pé do namorado... Quantas vezes ficamos na sala conversando abobrinhas até depois da meia noite...Quantas vezes comemos pizza todos juntos, roubando a azeitona de um e do outro, na mesma mesa da cozinha...Quantas vezes fiquei no meio das brigas dos dois tentando dar razão para um sem magoar o outro... Uma vez fui buscar o namorado no estacionamento do condomínio, eles haviam brigado e ele estava lá há horas enquanto ela assistia TV no quarto, rsrsrs.
Quando ela terminou a 8a. série, estava um pouquinho atrasada e resolvemos que ela faria supletivo. O marido entrou em pânico, será que ela entraria em alguma faculdade fazendo supletivo? Conversamos com ela e propusemos que fizesse cursinho durante o tempo do supletivo, ela aceitou. Terminou o supletivo e o cursinho em junho, em agosto do mesmo ano entrou no Mackenzie em Psicologia. Que orgulho, contei para quem queria ouvir e para quem não queria tb, rsrsrs.
Quando tivemos que viajar, ela preferiu ficar, estava com 20 anos, no meio da faculdade e ainda com o mesmo namorado. Pensamos e resolvemos que seria bom para ela e para nós tb, pois quem melhor que nossa filha para continuar na nossa casa e cuidar das nossas contas. O namorado veio morar com ela em outubro de 2003, se tornou marido oficial só em setembro de 2005.
Voltamos ao Brasil em fevereiro, para uma parada estratégica antes de mudar de país e resolvemos que a casa seria vendida, a filha e o genro, com o dinheiro que haviam juntado mais um dinheiro emprestado compraram um apto e para lá foram.
Viemos para o novo país, a formatura chegou, eu não sei pq, mas tive certeza por um tempo que o padrinho dela seria o marido dela, meu genro. Que nada, eu estava enganada, ela queria o pai, cheguei a comentar que talvez o pai não pudesse comparecer, ela me disse que então cancelaria a formatura e devolveria o dinheiro para nós, êpa!
Cheguei no Brasil no dia 5, fomos ver a última prova do vestido, comprar sapato, fazer unhas e cabelos. Coisa linda de se ver, uma filha se formando, numa universidade boa, tendo feito um curso bom, com notas boas e de boa cabeça. O marido chegou no dia 9 de manhã, bem no dia da colação de grau.
No sábado houve a festa, nossa filha estava linda, a festa estava linda, os convidados vieram todos, avós, tias, primos, primas, padrinho, madrinha, amigos, pai e mãe, ficamos na festa até às 4:30 da manhã, eu nunca havia feito isso!
O pai dançou a valsa do padrinho, a valsa do pai e só a largou quando teve que entregá-la ao marido para a terceira valsa.
Valeu sim e muito, como eu seria pequena se não tivesse adotado uma pessoa tão grande como vc minha filha Déborah! Te amo muito!
Deus foi muito bom ao deixar que vc convivesse conosco e nos ensinasse que gostar é isso, é mostrar que pode, que tudo valeu e que somos importantes para vc."
Beijos da Yara, mãe da Déborah 23, adotada aos 12 e do irmão Raphael 16, adotado aos 4.
Nenhum comentário:
Postar um comentário