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29.2.12

Basta às idéias pré-concebidas!

 
 
- Carta encaminhada, à imprensa, pela Sra. Suzana Sofia Moeller Schettini, Presidente do Grupo de Estudo e Apoio à Adoção no Recife
 
Prezados Senhores,
 
A associação entre adoção e delinquência lançada subliminarmente à sociedade nas entrelinhas das reportagens que se referem ao assassinato do
casal de Olinda, causa incômodo e tristeza  a muitos pais e filhos adotivos, pois reforça preconceitos já existentes no imaginário social.
A adoção é apenas um fato histórico na biografia do assassino, não é o que determina as suas ações. Entretanto, tem sido o primeiro quesito a ser relacionado ao seu perfil.
Filhos são filhos tão somente. Não importa se adotivos ou biológicos.
Na verdade, crianças se tornam filhos apenas se forem afetivamente adotadas pelos seus pais.
Aconteceram vários outros casos de tragédias humanas no passado, promovidas por filhos biológicos, e não se verificou nenhuma referência à sua origem biológica. Por que quando o criminoso é adotivo a questão de sua origem ganha tanta relevância?
No Brasil existem milhares de famílias adotivas felizes, cujos filhos foram muito desejados, são amados e criados com muito carinho e desvelo.
Há mais de 20 anos temos em curso o Movimento Nacional Pró Adoção, promovido por entidades chamadas Grupos de Estudo e Apoio à Adoção (os GAAs) - são mais de 100 distribuídos em todos os Estados brasileiros - que são afiliados à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD).
O Movimento Nacional trabalha por uma nova cultura de adoção, livre de preconceitos e discriminações e pelo direito de toda a criança a ter uma família. Os esforços conjuntos convergem para uma mudança de paradigma na adoção: ao invés de procurarem-se crianças para famílias que não
podem tê-las, procurarem-se famílias para crianças que já existem.
Temos  cerca de 40.000 crianças institucionalizadas que precisam de uma família e não a conseguem por encontrarem-se fora do perfil desejado pela maioria dos pretendentes à adoção: não são bebês, nem brancos, nem meninas, nem saudáveis.
Como disse Einstein, "é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito".
A associação nociva entre adoção e delinquência, certamente deixará os seus efeitos nefastos na memória social. 
O fantasma do medo assombrará o imaginário dos pretendentes à adoção e os filhos adotivos, por muito tempo, serão apontados com desconfiança e temor! Entretanto, serão as crianças institucionalizadas que pagarão o ônus maior, pois este cenário apenas contribui para postergar mais e mais as suas oportunidades de nova inserção familiar.
Em nome de todos os pais e filhos adotivos brasileiros, pedimos encarecidamente a sua consideração a respeito do exposto.
Antecipadamente agradecemos.
Atenciosamente,
Suzana Sofia Moeller Schettini
Presidente do Grupo de Estudo e Apoio à Adoção no Recife
Mãe adotiva

8.5.07

Crianças maiores sobram nos abrigos!

A TARDE ON LINE
29/04/2007
Crianças maiores sobram nos orfanatos por falta de pais adotivos
Kleyzer Seixas

Alexandre dos Santos, Julian de Souza e Luana Araújo são crianças que estão
com mais de 10 anos de idade, não têm pais, moram em um orfanato e não
perdem a esperança de encontrar uma família. Os três mandaram cartas ao
Juizado da Infância e Juventude, pedindo para ser adotados até os 18 anos,
idade limite para permanecerem em instituições destinadas às crianças órfãs
ou vítimas de maus-tratos. A realidade, no entanto, parece estar distante
dos anseios deles.
A maioria das pessoas que optam pela adoção prefere crianças menores de dois
anos. Somente na instituição Lar da Criança, onde os três jovens residem,
quatro foram adotados em abril. Nenhum deles havia completado ainda dois
anos, assegura a diretora do local, Iraci Lopes de Souza Coimbra.
“É uma pena vê-los vivendo dentro de uma instituição, sem manter contato com
parentes. Estão tirando o direito deles de conviver em uma família, de
chamar pelas suas mães ou pelos seus pais”, destaca Iraci, funcionária do
Lar da Criança há mais de noves anos. “É comum que muitos fiquem na casa até
completarem dezoito anos”, lamenta.
Enquanto aguardam pela chegada dos pais, os três estudam e fazem planos para
o futuro. Alexandre pensa em ser advogado, Luana , que adora maquiagem,
pretende abrir um salão e ser cabeleireira e Julian ainda não decidiu a
profissão que seguirá. “Ainda tenho expectativa de encontrar uma família,
mas a maioria vem em busca de recém-nascidos”, diz Alexandre, sobre a
preferência dos casais.
A situação não é diferente em outras instituições da capital baiana. Cerca
de 95% dos candidatos à adoção estão busca de bebês, afirma a psicóloga
Cíntia Liliana Reis de Silva, que trabalha no Juizado da Infância e
Juventude há cinco anos e dá apoio aos novos pais durante o período de três
a oito meses após a adoção. O tempo é necessário, segundo a especialista,
para auxiliá-los caso haja alguma dificuldade no início da convivência.
A procura pelas crianças mais novas acaba gerando um problema: os bebês são
adotados e aqueles que já passaram da idade mais solicitada pelos candidatos
à pais acabam permanecendo nos orfanatos por mais tempo do que o
recomendado. Das 80 crianças à espera de adoção atualmente nas unidades
credenciadas ao Juizado, mais de 60 já têm mais de dois anos.
Expectativa dos pais - A facilidade de adaptação ao novo lar é apontada
pelos novos pais como um dos principais motivos para preferir os bebês.
Muitos pretendentes à paternidade acreditam que é mais fácil educar uma
criança com idade menos avançada, porque podem acompanhá-la desde os
primeiros meses de vida.
Muitos deles, segundo a psicóloga, pensam que irão, de certa maneira,
interferir de forma mais enfática no processo de formação do filho. “Dessa
forma, acham que conseguirão acompanhar a educação familiar melhor, são
fantasias da sociedade. Mas é um preconceito porque isso não é verdade”.
A adaptação foi o motivo que levou o técnico em informática, Geraldo Antonio
Marques Lima, 39, e sua esposa, a optarem por adotar o pequeno Roger, que
tinha quatro meses quando foi morar com a nova família. Após sucessivas
tentativas de ter um filho biológico, o casal resolveu procurar o Juizado no
ano passado.
“Uma criança de dois anos começa a conhecer a vida. Pela criação dos meus
sobrinhos, vejo isso. É mais fácil de educar um bebê. Como era nosso
primeiro filho, queríamos um novinho mesmo. É mais fácil de adaptar à
realidade dele. Não é que uma menina de cinco ou dez anos não vá se
acostumar, mas é mais difícil”, destaca.
Assim como muitas pessoas interessadas em encontrar filhos em orfanatos,
Antonio Lima acredita que quanto maior é a criança, mais difícil mudar os
seus hábitos. “Os maiores já vem com seus costumes e é muito complicado
interferir. Por esse motivo, optamos por um bebê na nossa primeira
experiência”, salienta.