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15.5.12

Crianças adotadas cedo não levam vantagem em relação às adotadas tardiamente, diz pesquisa

Estudo também mostrou que filhos adotados e não adotados apresentam mesmas queixas


No sucesso de bilheteria Bruna Surfistinha, estrelado pela atriz Deborah Secco, a personagem Raquel sofre com o complexo de inferioridade e com os deboches do irmão mais velho por ser adotada. A adolescente deixa a casa e a superproteção dos pais para cair em um mundo de drogas e prostituição.

Embora a história seja uma autobiografia, ela não reflete a realidade da maioria das famílias que têm crianças adotadas. Essa foi uma das conclusões tiradas em pesquisa de mestrado em Psicologia Clínica da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), orientada pela professora Maria Lúcia Tiellet Nunes (a pesquisa não tem relação com o filme).

Com base em prontuários de 316 meninos e meninas atendidos em clínicas-escola de Porto Alegre, a mestranda Andrea Kotzian Pereira investigou se havia diferenças nas queixas apresentadas por crianças adotadas e não adotadas no momento em que buscam atendimento psicoterápico. Do ponto de vista estatístico, a pesquisadora não encontrou diferenças significativas entre os dois grupos.

— Existe uma ideia de que crianças adotadas têm dificuldades devido à condição. Mas as queixas que mais apareceram foram em relação à agressividade e aos problemas de aprendizagem e atenção, nos dois grupos — conta Andrea.

O comportamento agressivo é a reclamação que mais aparece nos tratamentos entre adotados e não adotados (29,1% e 26,6%, respectivamente), seguido de problemas de atenção (20,2% e 17,7%). Os prontuários que integram a pesquisa são de crianças entre um ano e meio e 12 anos.

Além desse resultado, a pesquisa aponta para o fato de que as crianças adotadas mais cedo não levam vantagem em relação às adotadas tardiamente. Andrea acredita que o que interfere são as questões mais constitucionais, genéticas, e vê uma mudança na forma como o tema vem sendo tratado:

— Antigamente, a questão da adoção ficava como um segredo e, na maioria dos casos, era ilegal. Há um movimento no sentido de ser algo mais falado, mais exposto. Quando a criança não tem muito clara sua história, sua origem, é difícil para ela aprender outras coisas.

(Texto original daqui indicado por Suzana Sofia Schettini)

14.6.07

Mitos x Nossas Verdades I: “Queremos viver todas as fases!”


As crianças maiores necessitam de muitos cuidados maternos e paternos. Temos muito a lhes ensinar, ainda que não sejam bebês. Algumas coisas nos são tão corriqueiras, parecem-nos tão comuns, que não imaginamos que sejam desconhecidas de nossos pequenos.


Meus filhos não conheciam muitas frutas e comidas. A Raquel, por exemplo, não conhecia pêra. Imaginem, então, frutas como figo, jabuticaba, kiwi e tantas outras que ela adora! Nunca vou me esquecer de uma de nossas primeiras refeições, um almoço simples (arroz, feijão, bife e farofa) e a frase dita com os olhinhos brilhando: “Nossa! Parece Natal!”


O primeiro mês com um “bebê” de 7 anos e 3 meses em casa? Não dormi direito nenhuma noite e acordei bem cedo até nos finais de semana. Qualquer barulhinho, eu pulava da cama para verificar se estava tudo bem.


Banhos e cuidados de higiene? Sim! Muitos banhos da mamãe e do papai nos bebês de 7 e 8 anos. Ensinamos a escovar os dentes direitinho e limpamos as bumbuns também!


Xixi na cama? Trocas noturnas? Chupeta e mamadeira? Sim! Passamos por tudo isso!


Escola? Vivemos tudo! A separação, a adaptação... Terminei de alfabetizar a Quel e estou alfabetizando o Davi. Acompanho diariamente a aprendizagem dos três.


Ensinei e ensino muitas brincadeiras, cantigas, histórias...


“Bebê” dodói? Sim! Já passei noites sem dormir, medindo febre, medicando, com o coração na mão.


Colinho? Canções de ninar? Sim, sim! Meus bebês adoram que a mamãe cante para eles dormirem!


Reunião familiar para conhecer e paparicar o novo bebê? Sim!


Vivemos a alegria de preparar o quarto, o enxoval, escolher brinquedos, livros, CD de cantigas...


Os primeiros passos? Sim! Nós vimos e sentimos intensamente os primeiros passos de nossos filhos em nossa direção. Bem, na verdade, quando nos vimos pela primeira vez como mãe e filho, o Davi veio correndo aos meus braços!


A primeira viagem, o primeiro desenho no cinema, a primeira peça teatral! Os olhinhos brilhando, o sorriso imenso ao avistarem o mar pela primeira vez! Tudo isso vivemos com nossos “bebês”!


E a emoção do chamamento tão esperado? Ah, sim! Fui privilegiada pois não tive de esperar meses e meses... no primeiro dia em nosso lar, eu ouvi: “Mamãe!”.

3.5.07

REGRESSÃO


Estamos vivendo a experiência da regressão, uma fase comum na adoção tardia. A Thamires (8 anos e 7 meses) quis porque quis uma chupeta; insistiu nessa idéia várias vezes. No domingo, estávamos numa loja de brinquedos, ela viu a chupeta e pediu de novo. Minha mãe estava junto e resolveu comprar para ela.
O Davi (7 anos e 5 meses) e a Raquel (10 anos e 4 meses) quiseram uma mamadeira. Agora eles querem tomar mamadeira toda noite, no colinho da mamãe e do papai, igual bebê.
A Thamires experimentou a mamadeira uma vez, engasgou e não quis mais, mas dorme com a chupeta. Hoje ela queria levar a chupeta para a escola de qualquer jeito, sem nem se importar se os outros iam debochar dela, mas eu não deixei.
No início da sua adaptação, a Quelzinha, com 7 anos e 4 meses, teve muita curiosidade sobre meu corpo, principalmente meus seios. Acabou se contentando em brincar com as mãos, coisa que faz até hoje. A Thamires foi logo imitando a Quel. O Davi demorou um pouco, mas também já matou a curiosidade.
A Thata e o Davi nunca fizeram xixi na cama, mas a Quel...muitas vezes no começo.




“Geralmente, a criança adotada tardiamente vive um processo psíquico de regressão. Ela se reporta ao estado imaginário de recém-nascido e vive uma espécie de segundo nascimento, a partir do qual ela pode percorrer de novo seu desenvolvimento e até resolver melhor as fases da constituição do ego.A fase mais regressiva do processo de adoção tardia é a fantasia de reinclusão no corpo maternal. O “fantasma intra-uterino” leva a criança a buscar, através do contato corporal pele a pele,boca a boca, a realização do desejo de se reintroduzir no corpo materno, de voltar a viver na barriga da mãe( no caso, de habitar pela primeira vez). O desejo de renascer da barriga desta mãe é um ponto importante na identificação do processo de filiação que a criança, começa a estabelecer com as novas figuras parentais.” - Rosa Pires Aquino – Psicóloga/Coordenadora Projeto Padrinho


“É comum crianças em idades avançadas perderem temporariamente o controle dos esfíncteres, voltarem às mamadeiras, às chupetas.
Essa regressão é vista como muito positiva pela psicologia pois simbolicamente a criança renasce para a vida nova.” - Adriane Albuquerque Cirelli - Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Hospitalar

27.4.07


"Entendemos e respeitamos profundamente o desejo destes pais (que querem adotar um bebê, branco e saudável), porém, precisamos traduzir a realidade da criança em situação de abandono que, na maioria das vezes, não preenche o modelo físico idealizado, mas poderá preencher o coração. Estes são esquecidos em instituições, lares e abrigos da sociedade e poderão se tornar filhos queridos e esperados, basta pararmos para uma reflexão mais profunda .



Entendemos que o verdadeiro amor de pais e filhos se cultiva e para isso não há idade específica, basta apenas disposição para amar continuamente. O amor não é restrito a uma fase infantil, pode ser conquistado a qualquer momento, vários exemplos nos dão mostra contumaz desta verdade.



Não podemos ser egoístas ao ponto de restringir a nossa capacidade de amar apenas para satisfazer nosso desejo pessoal. Busquemos um compromisso com aquele que nos dirá amanhã: 'obrigado papai e mamãe, por me tornar um homem de bem'." - Paulo Sérgio P. dos Santos, filho adotivo, pai de 3 filhos biológicos e 7 adotivos

12.11.06

Aumento nas “devoluções” preocupa

Fonte:http://canais.ondarpc.com.br/viverbem/
Autora:ÉRIKA BUSANIerikab@gazetadopovo.com.br

Aumento nas “devoluções” preocupa
O recente aumento na aceitação de crianças maiores para adoção trouxe um problema que preocupa todos os envolvidos no processo, a “devolução” de crianças. “Do ponto de vista emocional a devolução é sentida pela criança como uma reafirmação do trauma da separação – ou rejeição – de sua mãe biológica. Nesses casos, um bloqueio no desenvolvimento psíquico, físico e cognitivo é inevitável”, alerta a psicóloga Sibele Miraglia, que adotou Fábio, 10 anos, há um ano.Mas o que acontece para alguém que se dispõe a passar por um processo, esperar algum tempo – mais curto quando as crianças são maiores – para simplesmente desistir? “Isso é uma sociedade que reproduz o mercado, a cultura do descartável”, afirma a psicóloga Barbara Snizek, que fez um trabalho de pós-graduação sobre adoção. “Para a criança, é catastrófico”, garante.Falta também preparo para esses pretendentes à adoção. “Ter um filho é também agüentar frustração. Entre o sonhado, o ideal, e o que a criança realmente é, há uma distância. Talvez na maioria dos casos não tenha a ver com ser adotado ou não, mas com o fato de que ninguém tem idéia do que é ter um filho”, diz Barbara.“A culpa também é nossa”, assume a psicóloga Andréa Trevisan Guedes Pereira, da Vara da Infância e Juventude – Adoção. “É um processo que está mudando, as pessoas aceitam crianças maiores e estamos fazendo o processo da mesma forma. Elas têm de ser melhor preparadas.”Os técnicos da Vara estão iniciando um projeto para ampliar o trabalho de pré-adoção, colhendo dados com quem já adotou para saber onde estão os problemas. “A idéia é passar a experiência de quem já viveu isso, como a criança costuma se comportar, como sua experiência da vida anterior influencia na adaptação”, conta a assistente social da Vara de Adoção, Salma Mancebo Corrêa.Em Curitiba, os pretendentes à adoção passam por um curso preparatório de três dias. “Enquanto em outros países os adotantes precisam passar por extensos cursos – no mínimo 6 meses – para compreender o processo que envolve uma família por adoção, no Brasil, a maioria dos Juizados nem dispõe de preparação, simplesmente seleciona”, indigna-se a doutora em psicologia Lidia Weber.Talvez falte mesmo para esses pretendentes compreender que a adoção é apenas um outro caminho para se ter um filho. Que, como qualquer criança, traz alegria, tristeza, emoção, dúvida, carinho, faz birra, se suja, desobedece, dá aquele abraço inesperado. É preciso estar aberto para recebê-lo.

5.11.06

Perfil


Saudade desse cantinho...
Ando meio sumida né pessoal? Desculpem viu...mas é que tenho tentado me desligar um pouco dos assuntos de adoção...pois as vezes passo muito nervoso com eles e preciso aprender a ser um pouco mais tolerante, mas não consegui atingir esse estágio de desenvolvimento espiritual ainda...eu chego lá!
Andei lendo e pensando muito nas ultimas semanas sobre adoção consensual e perfil,e embora nunca chegue a conclusão algumas, tem certas idéias que não me abandonam.
Canso de ler relatos e suplicas pedindo a Deus um filho...mas um filho RN, é bom que se diga...um filho RN de preferência do sexo feminino e branco...para ser perfeito!
Mas o que é mesmo a perfeição? O que é mesmo ser mãe? O que é mesmo ser filho?
Nessas horas eu paro e olho para os meus...perfeitos! Lindos! Inteligentes! Amados por todos! Só com coisas boas a dizer sobre eles...e nunca nem lembro que não sairam de mim...ou que não os vi engatinhar, não os vi andar, não vi os primeiros dentes...mas recebo todos os dias um beijos gostoso, muitos abraços, muito s sorrisos...e segundo minha amiga Adriana que passou por todas as fases com o filhotinho dela...isso tudo é o que realmente vale a pena, pois desses outros detalhes no dia-a-dia não dá tempo de lembrar!
Não vim dar receita de bolo nem lição de moral a ninguém , consiência cada um tem a sua e preconceitos também...mas fica aqui uma frase só..SER MÃE É BOM DEMAIS! EM QUALQUER IDADE DE FILHO...SÓ QUEM É ESCOLHIDO POR UM FILHO É QUE SABE!

Beijos
Boa semana
Glau

12.9.06

Adaptação


" Porque um dia, ver uma criança sem família, ao relento, ou sob cuidados de uma isntituição, causará a indignação necessária, para mobilizar tudo e todos, em prol de lhe garantir o direito fundamental à convivência familiar"
CECIF
Bom, aproveitando algumas dúvidas que surgiram no grupo de discussão do yahoo, vim aqui para contar sobre a adaptação do Natanael. Pode ser que você aí agora esteja se perguntando, por que ela só fala do Nata se tem três filhos. Aproveito para esclarecer, que não considero a adoção dos pequenos tardia ( tinham 2 e 3), para mim vieram pouco maiores que um bebezinho, e a adaptação foi muito tranquila, pois eu ja tinha essa enriquecedora experiência anterior, que foi a adoção de um menino de sete anos.
Esse não era o meu perfil, eu queria uma menina poderia ter até uns 6 anos, e meu marido queria até dois tanto fazia o sexo...mas preferia um menino. Como podem ver o Nata surpreendeu todo mundo.
Eu entrei com o meu pedido de habilitação em março de 2.001, numa época em que falavam na escola em que eu trabalhava, na destituição de 5 irmãs, e que talvez fosse preciso separar o grupo, fato que comoveu um grupo de amigos da minha diretora que se prontificaram a ficar cada um com uma das meninas, e ela sugeriu que eu ficasse com a menorzinha, na época com 11 meses ( hoje ela está linda com 6 anos, e foi adotada pela minha amiga Ana Cristina aos 4 anos de idade, única delas a ser adotada...as outras da pena de lembrar).
Como toda grávida do coração, me deu aquela agônia típica de querer o filho para ontem, de pensar nisso 24 horas por dia...foi uma época em que comecei a descobrir esse mundo da adoção, nem poderia imaginar as trilhas as vezes sinuosas do caminho...mas uma trilha que dá num lugar lindo e acolhedor que é o filho da gente.
Eu morava no interior de São Paulo e tinha família em São Bernardo e em Santos, no feriado de 15 de junho, fomos a Santos visitar minha sogra e ela nos convidou para ir a Casa Vó Benedita, eu não sabia que não era muito ético chegar a um abrigo procurando e sonhando comum filho, fato esse que aprendi com Tia Jane, AS de lá e um dos meus anjos, ela nos acompanhou numa visita e foi logo esclarecendo que nem todas as crianças estavam disponíveis, que na faixa que pensávamos era muito díficil, e se ofereceu para nos apresentar as crianças do abrigo...foi uma delícia, brincamos com todo mundo e na hora de ir embora o Léo tropeçou no Natanael, que foi logo pro colo dele, ja me abraçou , disse que eu havia demorado muito para ir buscá-lo...essa frase me arrepia até hoje.
Trinta dias depois conseguimos a guarda dele e pudemos levar para Assis...e aí sim começa o que podemos chamar de maternidade e paternidade...e infelizmente eles não vem com manual, mas eu tinha assistência técnica, ligava direto para a Jane e a Beth ( meu outro anjo) no abrigo.
O Nata aprontou poucas e boas, até fogo no caderno de tarefa ele tacou, um dia deixei de castigo no quarto e ele se pendurou na grade da janela e gritava " Socorro, estou preso aqui, socorro quero voltar pra creche"...hoje eu dou risada da cena, mas no dia eu chorava feito uma doida e liguei pra Beth, que me mandou dizer pra ele que se era isso que ele queria que eu iria levá-lo de volta...o menino ficou branco, mudou de assunto e nunca mais falou de voltar.
Muitas das coisas que eu relacionava a adoção, a adaptação dele, muita coisas que me preocupavam, conversando com mães de amigos dele, todos filhos biológicos, eu descobria que eram coisas e atitudes de meninos da mesma idade , e coisas que os amigos faziam também...aos poucos isso ia me tranquilizando.
Outra coisa que me ajudou demais foi o livro " Adoção tardia: da família sonhada a família possível" da Dra Marlizete Maldonado Vargas, Editora Casa do Psicólogo....não me canso de falar desse livro, ele foi meu grupinho de apoio, como a leitura dele me ajudou a entender os processos que passávamos, como as experiências relatadas no livro foram enriquecedoras.
Hoje em dia quem opta pela adoção tardia, tem nosso grupo para contar e fico feliz de ver nossa comunidade crescendo, e ver que muitas vezes dão o nome do nosso grupo como referência, isso me alegra demais...OBRIGADA !
Termino essa postagem dizendo que tudo valeu a pena, e que eu faria de novo...talvez nem criando desde o berço eu conseguisse ter um filho tão sensível, tão querido, tão bom, tão honesto...um ótimo filho, um ótimo irmão...ele ainda apronta as dele, qualquer dia eu conto as artes. MAs saibam que filho " velhinho" é tão filho quanto qualquer um, e que as experiências anteriores podem transforma num apessoa melhor ou pio rdepende do enfoque que a gente dá, dos limeites e da educação que uma família possibilita.

29.8.06




A adoção de crianças durante muito tempo desafiou a competência e a sensibilidade dos adotantes e dos técnicos. Aquilo que a criança “já havia” vivido era considerado como uma barreira intransponível, ela já estaria indelevelmente marcada pelos sofrimentos do abandono. Além disso, a adoção tardia, assim como a inter-racial, impossibilitavam o “fazer de conta que é biológico”, por isso, esse tipo de adoção era sumariamente descartado, e até mesmo desaconselhado, pela maioria dos candidatos.

O processo de transformação cultural que vive a adoção hoje, passando da imitação da biologia para a expressão de um direito da criança, o direito de crescer numa família e não numa instituição, vem permitindo a um número cada vez maior de crianças maiores a possibilidade de sonhar com uma adoção, vem permitindo a um número cada vez maior de pretendentes a possibilidade de viver os desafios, as conquistas e as alegrias inerentes a essas adoções.

Uma preciosa lição que nos é dada por pais como Decebal Andrei e Tizuka Yamazaki é a de que é preciso despertar na criança o desejo de ser adotada.

Uma criança maior precisa compreender e aceitar uma adoção, e essa é uma experiência humana particularmente complexa. Todos aqueles sentimentos que ela não viveu, não aprendeu a viver, tais como: confiança, segurança, estabilidade, afeto, continuidade, delicadeza, pertencimento, dentre outros, de um momento para o outro, passam a fazer parte de seu cotidiano, e devem ser aprendidos, apreendidos, assimilados.
Se é verdade que cabe ao pais uma grande responsabilidade, composta de muita paciência, tolerância e firmeza, na condução dessa mudança, é preciso reconhecer o imenso esforço que fazem os jovens adotados tardiamente para acreditar que, daquela vez sim, é para valer.

Promover aproximações graduais, estimular a fase de “namoro” quando ela for possível, disponibilizar uma Rede de apoio no pós-adoção, para os pais e para a criança, são medidas que aumentarão substancialmente as chances de êxito dessas adoções. Socializar a rica informação já disponível, em livros e vídeos, sobre o tema, também, consolidará esse processo de mudança e permitirá o crescimento das adoções tardias em nosso país.


Fernando Freire, Psicólogo da Associação Brasileira Terra dos Homens/ABTH

20.8.06

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Oi gente...
Eu sou uma pessoa que não consegue ficar parada muito tempo...só se estiver dormindo, coisa que eu adoro, apesar de ser agitadinha.
Como já comentei lá no grupo estou desempregada ( até janeiro só se Deus quiser e vocês derem uma forcinha ai no pensmento positivo), por isso vivo procurando o que fazer, o que é realmente perigoso ...Eu adoro cozinhar.
Mas não é esse cozinhar de arroz e feijão, eu adoro fazer pão , bolo, torta...descobriram onde mora o perigo?
A estas alturas um visitante de primeira viagem está ai a questionar o que isso tem haver com adoção tardia...bom isso é uma ilustraçãozinha para entenderem o contexto em que essa situação aconteceu.
Bom continuando...estes dias estava eu fazendo pão ( e aqui é uma beleza de fazer porque é quente e o pão fica fofinho), a casa com aquele cheiro de casa de vó, os pequenos rodando atrás de mim na cozinha, reclamando de fome...nisso chega o Natanael, esse lindo das fotos, meu filhote mais velho...
Chegou e parou na porta da cozinha e eu tomei um susto! Meu menino ta virando homem! Mas já?! Gente o tempo passa muito rápido...não dá para perder tempo na vida sofrendo por um filho imaginário, isso é oque eu fazia até o dia 25 de junho de 2.001.
Foi nesse dia que vivemos a experiência mais linda, mais marcante, mais impressionante a maior e uma das melhores experiências da nossa vida...esse foi o dia em que reencontramos o nosso filho.
Não quero que pensem que nessas horas a gente ouve sinos...a cena se passa em slow motion, o sol brilha mais aquecedor...nada disso. É um momento sublime, mas também é um momento de dúvidas , de angustias, um momento em que você é obrigado a repensar todos os seus conceitos de felicidade, seus conceitos de maternidade e paternidade...agora é que você toma uma tijolada e se toca que ali na sua frente tem um filho precisando de você, um filho que já fala, que arguementa, que exige, que tem uma história díficil...um filho , e no final é isso que importa, você encara tudo, o mundo se for preciso por ele.
Só que essa é uma experiência que só exige uma coisa de você, só exige que se abra para ser feliz, que você aposente os seus medos e preocupações em nome do amor, exige que você acolha aquele filho tão diferente do que você sonhou.
Acolher um filho mais velho , não quer dizer que você não possa sonhar com um bebezinho ou uma bebezinha...só que a adoção tardia não precisa ser só para o segundo filho, para depois da experiência de trocar fralda...a adoção tardia ela é viável e pode ser a primeia opção...basta que você a acolha em seu coração.

17.8.06

Déborah e os papais corujas

"Ela chegou como um furacão, tinha 12 anos e não aceitava ser mandada. Havia muito tempo que era ela quem mandava na casa, no irmão e na mãe que estava na cama sendo cuidada por ela há mais de 2 anos.

Ela decidia o que, quando e como iriam comer, afinal era ela quem cozinhava desde os 8 anos.

Ela tb se achava mãe do irmão e como qualquer mãe sem experiência, o mimava e estragava, fazia tudo por ele, desde levar para tomar as vacinas até abaixar as calças, sentar no vaso e limpar o bumbum dele.

A administração da casa ficava por conta dela, a administração do tempo tb.

Ela só não podia administrar a morte da mãe e a condição de orfã com o irmão de 4 anos que se aproximavam. Chegou a pedir para a madrinha que lhe encontrasse um trabalho para que ela pudesse sustentar o irmão e continuar cuidando dele e sustentando-o.

Veio para nossa casa meio a contragosto, preferia mesmo era ficar com a avó que deixava que fizesse tudo o que gostava de fazer. Eu me apavorei e falei para a psicológa do fórum que ela poderia decidir, que eu não iria interferir, apesar de querer que minha filha ficasse comigo, estava morrendo de medo de enfrentar o que poderia vir pela frente. A psícóloga me deu um chacoalhão e disse que quem decidia era meu marido e eu. "Criança de 12 anos não tem tanto poder de decisão assim!"

A é? Era assim? Então resolvi mostrar como eu era decidida; Abracei a causa e fui abraçada por ela.

Minha filha nasceu aos 12 anos e alguns meses, ainda nasceu gêmea com um irmão de 4 anos.

Houve muita insistência nossa e muita resistência dela para trocar de lugar e passar da posição de mãe que ela exercia à posição de filha que era o lugar correto dela.

Houve broncas, caras feias, brigas, desesperos, choros, castigos, mas isso em qualquer família há. Me encontre uma família onde isso não tenha acontecido e eu direi: "Isso não é uma família."

Isso tudo aconteceu durante os primeiros anos. Uma vez eu estava muito preocupada e meu marido me disse: "Yara, daqui uns 10 anos esta menina estará casada e nós estaremos rindo de tudo isso."

Aos 16 anos ela nos presenteou com o namorado que escolheu, a princípio, eu como estourada que sou, queria comer o fígado do rapaz, afinal quem era ele para pegar minha filha de mim? Quem era ele para desviar a atenção dela? Os anos passando e eu sempre dizia: "Vcs irão se casar só daqui a 7 anos." Sempre era este o prazo, mesmo depois de 2 ou 3 anos de namoro. Eles riam e ficava por isso mesmo.

Quantas conversas na mesa da cozinha... quantas broncas pq o telefone celular não era atendido... quantas vezes peguei no pé do namorado... Quantas vezes ficamos na sala conversando abobrinhas até depois da meia noite...Quantas vezes comemos pizza todos juntos, roubando a azeitona de um e do outro, na mesma mesa da cozinha...Quantas vezes fiquei no meio das brigas dos dois tentando dar razão para um sem magoar o outro... Uma vez fui buscar o namorado no estacionamento do condomínio, eles haviam brigado e ele estava lá há horas enquanto ela assistia TV no quarto, rsrsrs.

Quando ela terminou a 8a. série, estava um pouquinho atrasada e resolvemos que ela faria supletivo. O marido entrou em pânico, será que ela entraria em alguma faculdade fazendo supletivo? Conversamos com ela e propusemos que fizesse cursinho durante o tempo do supletivo, ela aceitou. Terminou o supletivo e o cursinho em junho, em agosto do mesmo ano entrou no Mackenzie em Psicologia. Que orgulho, contei para quem queria ouvir e para quem não queria tb, rsrsrs.

Quando tivemos que viajar, ela preferiu ficar, estava com 20 anos, no meio da faculdade e ainda com o mesmo namorado. Pensamos e resolvemos que seria bom para ela e para nós tb, pois quem melhor que nossa filha para continuar na nossa casa e cuidar das nossas contas. O namorado veio morar com ela em outubro de 2003, se tornou marido oficial só em setembro de 2005.

Voltamos ao Brasil em fevereiro, para uma parada estratégica antes de mudar de país e resolvemos que a casa seria vendida, a filha e o genro, com o dinheiro que haviam juntado mais um dinheiro emprestado compraram um apto e para lá foram.

Viemos para o novo país, a formatura chegou, eu não sei pq, mas tive certeza por um tempo que o padrinho dela seria o marido dela, meu genro. Que nada, eu estava enganada, ela queria o pai, cheguei a comentar que talvez o pai não pudesse comparecer, ela me disse que então cancelaria a formatura e devolveria o dinheiro para nós, êpa!

Cheguei no Brasil no dia 5, fomos ver a última prova do vestido, comprar sapato, fazer unhas e cabelos. Coisa linda de se ver, uma filha se formando, numa universidade boa, tendo feito um curso bom, com notas boas e de boa cabeça. O marido chegou no dia 9 de manhã, bem no dia da colação de grau.

No sábado houve a festa, nossa filha estava linda, a festa estava linda, os convidados vieram todos, avós, tias, primos, primas, padrinho, madrinha, amigos, pai e mãe, ficamos na festa até às 4:30 da manhã, eu nunca havia feito isso!

O pai dançou a valsa do padrinho, a valsa do pai e só a largou quando teve que entregá-la ao marido para a terceira valsa.

Valeu sim e muito, como eu seria pequena se não tivesse adotado uma pessoa tão grande como vc minha filha Déborah! Te amo muito!

Deus foi muito bom ao deixar que vc convivesse conosco e nos ensinasse que gostar é isso, é mostrar que pode, que tudo valeu e que somos importantes para vc."

Beijos da Yara, mãe da Déborah 23, adotada aos 12 e do irmão Raphael 16, adotado aos 4.

14.8.06

Visita ao orfanato no dia dos pais

Amigas queridas preferi postar sobre a nossa visita ao orfanato ontem dia dos pais aqui nesse cantinho lindo.

Fomos bem recebidos apesar de olhares tristes em relação a adoção da Kathleen e ao mesmo tempo daquelas meninas que chegaram anos antes dela e continuam la ate hoje.

Umas tem irmãos, outras já são adolescentes, inclusive fiquei muito triste de saber que uma menina com 13 anos esta na 1ª serie, por um momento pensei que era do 2º grau, mas não é e sim primário, peguei no pé dela, disse que vou ficar em cima, para ver se ela lembra e se esforça para sair dessa serie.

É muito triste ver aquelas crianças sem perspectivas de sair do abrigo, acredito que a demora para liberação das crianças para adoção é a maior vila desses fatos, tem um bebe que chegou no ano passado com 7 meses, agora já anda, deve estar com 1 ano e meio, tem 2 irmãs, daqui a pouco se o fórum não andar rápido, vai ser mais 3 crianças envelhecendo como se tivesse cometido algum crime para estar trancafiada entre 4 paredes, diga-se de passagem, o lugar mal bate sol.

É de cortar o coração.

O lado bom foi que soube que a Isabel + 2 irmãs e + 4 irmãos do outro abrigo foram realmente adotados por uma família(isso mesmo ao todo 7 irmãos) que maximo, as crianças eram lindas e super carinhosas.

Vou ficando por aqui, na esperança de que essa historia um dia tenha outro final.

www.futuropresentededeus.zip.net

11.8.06

O mito da adoção

Hoje li este texto muito bacana no site www.psicopedagorionline.com.br, e pensei em postá-lo aqui, pois tem tudo haver conosco.
É bem clara a forma como a autora esclarece os mecânismos que a crianças adotada tardiamente encontra para se inserir no novo contesto familiar...e a gente marinheiro de primeira viagem não conhece.
Não é um post simpático campeão de audiência , com o sorriso maravilhoso da Raquel, mas é uma mão estendida para quem tem ou terá um filho mais " velhinho", uma mão acolhedora como esta do meu compadre Cláudio para minha afilhada mais linda do mundo a Vicky
O post é grande mas vale a pena a leitura, ainda mais para os pais que se preparam parta a adoção, é uma forma de fortalecer as asinhas, de deixá-las no ponto para alçar vôo como filho tão esperado.
Destaco a seguinte frase:
"Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa. "

O MITO DA ADOÇÃO

Adriane Albuquerque Cirelli
Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente seja claro, é dever do poder público, da sociedade, da comunidade, assegurar o direito da criança viver em família, a adoção no Brasil ainda é um mito.
Os dados estatísticos comprovam que quanto menor a idade cronológica da criança, maior é a chance de adoção. As crianças mais procuradas pelas famílias adotantes são as recém-nascidas brancas do sexo feminino.
Fica aqui um questionamento, e as outras crianças, como ficam?
A adoção dos recém-nascidos, conhecida legalmente por adoção precoce é traduzida pelo tipo de adoção que o amor vem primeiro.
Normalmente são casais impossibilitados de gerarem seus filhos biologicamente e que vivenciaram um período muito doloroso de espera, marcado por enormes frustrações e desgastes físicos, emocionais e financeiros. Com a chegada do filho do coração esse período de dor é rapidamente superado, o vazio é substituído pela alegria, pela razão de viver, pela felicidade.
A adoção tardia, aquela realizada com crianças com mais de três anos já é bem menos praticada. Nesse caso, a responsabilidade chega primeiro, depois o amor.
Existem nessas crianças, tardiamente incluídas no sistema familiar, um comportamento anti-social que prevê até uma regressão. É comum crianças em idades avançadas perderem temporariamente o controle dos esfíncteres, voltarem às mamadeiras, às chupetas.
Essa regressão é vista como muito positiva pela psicologia pois simbolicamente a criança renasce para a vida nova.
Pensando em adoção tardia, enganam-se os pais que a praticam pensando que terão menos trabalho.As crianças recém-adotadas testam o amor que as pessoas dizem sentir por elas pois chegam às famílias com uma história de derrotas, frustrações e dor.Cabe às famílias regrar afeto e limites.
Imaginem uma criança de pais alcoólatras que foi retirada da família biológica por maus tratos e levada a uma instituição onde esperou anos e anos para ser adotada.
Na mente infantil dessa criança, ela se sente punida duas vezes, primeiro porque os pais cometeram o grave erro do vício prejudicando sua qualidade de vida, depois porque ela, a criança é que foi arrancada de casa e submetida a uma vida institucionalizada, com poucos vínculos afetivos pessoais e muitas regras de convivência.
Quando uma criança entra em processo de adoção, o conceito que ela tem de família provavelmente seja a utopia da ausência de regras, local dos sonhos, da realização dos desejos.
Nessa fase inicial de adoção tardia, os pais sentem o desejo de isolamento do convívio social pois sentem a necessidade de fortalecerem os vínculos afetivos com a criança até que ela construa noções elementares de comportamentos adequados socialmente.
Mas essas fases passam, aos poucos a criança vai assimilando o que é viver em família, na escola e na sociedade.A criança passa a ser amada não somente pelos pais mas também pelos familiares e amigos.
Esses desafios iniciais não podem justificar um não definitivo à adoção tardia. O Brasil precisa se livrar dos preconceitos, assumindo com coragem os desafios da construção de uma sociedade mais justa.
A adoção faz parte de nosso cotidiano. Quando amamos um marido, uma esposa, um namorado, não adotamos a sua história de vida, a sua criação, a sua origem?
Quando nos casamos aos trinta ou quarenta anos, não assumimos o risco de convivermos com alguém educado de outra forma, ás vezes até de outra nação?
Também os pais biológicos precisam adotar seus próprios filhos. Algum pai de filho “diferente” planejou ter uma criança especial?Certamente esses pais adotaram o próprio filho após o diagnóstico.
Também os cônjuges em segunda união adotam os filhos da primeira união.Nós adotamos em nossas vidas, os nossos vizinhos, chefes, clientes, alunos para viver bem com eles.
A adoção precisa deixar de ser um mito. O medo do desafio, a lentidão da documentação legal, o medo da sociedade preconceituosa não podem impedir a felicidade de tantas e tantas famílias.
Quando Jesus disse deixai vir a mim os pequeninos, não especificou quais pequeninos. O mito deixa de ser mito quando se transforma em realidade graças a nossa ação.O tão sonhado, falado e esperado mundo melhor começa dentro de nossa casa.
Medo? Quem o enfrentou sabe o quanto valeu a pena...
Publicado em 22/01/2004 12:28:00

10.8.06

A vivência anterior da criança



Um dos fatores da adoção tardia mais temidos pelos candidatos à adoção é o passado da criança ou do adolescente, sua experiência de vida!

Muitos acham que as crianças só têm histórias tristes para contar, que só carregam problemas e que serão muito difíceis de educar, pois falam muitos palavrões, não têm limites, já estão mal-acostumados e por aí vai.

Geralmente, os pais acreditam que um bebê poderá ser facilmente moldado, terá os mesmos gostos da família e aprenderá tudo com eles.

Na verdade, a maioria das pessoas esquece que as crianças também vivem em sociedade! Elas têm amigos, convivem na rua ou no prédio onde moram, conhecem diferentes pessoas na escola, nos parques... Nenhuma criança, ainda que chegue recém-nascida, aprende só com os pais! Toda criança, mais cedo ou mais tarde, desenvolverá suas próprias habilidades e fará escolhas de acordo com seus próprios gostos!

Essa bagagem de vida que tanto assusta as pessoas é um dos motivos que mais me faz amar minha filha Raquel!

A Quequel me ensinou a gostar de música e de dança (não que agora eu saiba dançar...rs...mas pelo menos adoro brincar de dançar com ela); ela viveu muitas coisas bonitas e outras tristes, mas tudo isso acrescentou na minha experiência. Nossa, aprendo muita coisa com ela! Ela é generosa, caridosa, hiper carinhosa, preocupada com os sentimentos das pessoas (fica arrasada se nos deixa tristes) e nada disso é mérito meu! Ela chegou assim e é legal reconhecer o que já é dela. Uma ensina a outra! É muito boa essa troca; é bom demais aprender com o filho e não só ensinar e moldar. E tudo o que eu queria ensinar para a Quel até aqui, aos poucos, com carinho, fui conseguindo.

Uma criança maior geralmente já compreende sua história e já chega doidinha para ter uma mamãe e/ou um papai. Elas são muito carinhosas!

É uma mistura doida e gostosa de maturidade, independência e infantilidade! Ao mesmo tempo que têm a tal bagagem e são muito mais independentes do que outras crianças da sua idade, eles são uns bebezinhos para o amor. Ficam sedentos a toda demonstração de carinho. A Quel já está com quase 10 anos e não dorme sem que eu cante, sem que o papai faça carinho na sua perna; não fica um dia sem me abraçar e dizer que me ama; adora que eu beije, aperte, morda, esmague...rs Isso para não falar das cartinhas de amor! Tenho duas pastas enormes lotadas delas!

Imagina só que chatice se eu tivesse um filho bio?...rs... Não teria o gosto da dança e do esporte aqui em casa! É uma alegria toda especial! O Rubens e eu somos dois gordinhos sedentários e a Quel é uma elétrica ginasta de primeira! Ao contrário do que pode parecer, os gostos diferentes nos atraem!

26.7.06





Que PRECONCEITOS E MITOS inseridos na cultura brasileira interferem e prejudicam a opção pela adoção de crianças maiores de dois anos de idade?

A sociedade brasileira vê a criança ainda como uma posse - donde, o desejo de adotar uma boneca – que está, de certa forma sob o controle do adulto que decide como, quando e de que forma deve amá-la e formá-la. Uma criança de mais de dois anos, tendo vivido uma experiência marcante (e marcada) de internamento institucional, violência ou abandono é uma criança que traz uma história e uma história difícil, muito difícil de ser controlada. Se a criança tiver mais de seis ou sete anos não terá mais a aparência de bebê e não "pode mais ser educada como deve: traz vícios de formação"; se for um menino e tiver a tez escura, então, não é mais uma pobre criancinha: é um "de menor", delinqüente em potencial e muito perigoso, que "ninguém vai se arriscar a botar na sua casa". Esses preconceitos são frutos de uma sociedade profundamente segmentada, com alta concentração de renda e que ainda não desenvolveu uma solidariedade fundamental de pessoa a pessoa. Por isso, a criação paulatina e teimosa de uma cultura da adoção, como é o projeto dos Grupos de Apoio em todo o Brasil, é tão importante, trata-se de ver nossas crianças como crianças e como nossas, como a parte mais importante e vital de um futuro que se quer mais humano e desassombrado.
Quais fatores determinam que estes pais optem por uma adoção tardia?

Alguns são fatores práticos, não é mais o momento de trocar fraldas e uma criança maior pode ser uma companhia de vida mais interessante. Outros são fatores circunstanciais, a criança já está lá e já estabeleceu uma amizade com o grupo familiar. Outros são fatores éticos: a necessidade de fazer algo para mudar o quadro tão terrível da infância abandonada. Geralmente estes três fatores se misturam com a predominância de um ou de outro.O único fator, a única razão ilegítima para adotar uma criança maior é para usá-la: seja como companhia para o filho, seja como empregada (escrava), seja como objeto sexual.
Quais são as vantagens da adoção de crianças maiores?

Essa pergunta tem respostas muito individuais e circunstanciais, mas é uma adoção onde a consciência social, o desejo de intervir numa situação de sofrimento são fatores causais muito importantes. As pessoas que optam pela adoção tardia parecem estar mais interessadas em ajudar uma criança do que em resolver algum problema pessoal.
AUTOR: Elena Andrei - Antropóloga
DATA: 26/06/99
FONTE: Boletim Uma Família para uma Criança –Fernando Freire/ABTH (org) – ano II, nº15

31.5.06

Nossa história

Esses são os meus tesouros Natanael (11 quase 12), Aloísio (4), Luana (3 faz amanhã!)
Fará 5 anos no dia 15 de junho que eu conheci o amor da minha vida inteira!
A adoção sempre esteve na minha vida, mesmo com algumas experiências tristes relacionadas a ela. Experiências que vivi como filha( minha mãe tentou uma adoção tardia) e por ser ainda muito pequena não tenho como relatar na totalidade. Mas a visão da adoção como coisa natural sempre esteve comigo, e a certeza de que eu nunca engravidaria.
Não sei de onde vem essa convicção, mas eu sempre soube. E meus exames todos e do meu marido sempre foram normais...mas a gravidez realmente nunca aconteceu.
Sou professora, e na escola onde trabalhava havia o caso de 5 irmãs que provavelmente seriam encaminhadas para o abrigo. As idades variavam entre 1 e 12 anos, o que comoveu minha diretora, que na época propos que cada uma das meninas ficasse com um dos membros do nosso grupo de amigos. A menininha que ficaria comigo chamasse Rafaela, hoje tem 6 anos e é a filhinha muito amada da minha amiga Ana Luiza.
Na época comecei a pesquisar com meu marido sobre adoção e resolvemos nos inscrever no forum. Posso dizer que dei muita sorte , me inscrevi em março e em junho minha habilitação estava para sair...cabe aqui um parênteses, moro no interior, numa comarca com o quadro técnico completo oque agiliza um pouco a coisa, e a assistente social e a psicóloga que fizeram minha habilitação foram muito humanas com a gente.
Na hora de traçar o perfil, tivemos algumas divergências, pois eu queria até 5 anos menina, e o meu marido até 2 sem destinçãod e sexo, por fim fizemos de acordo com o desejo dele, entramos num acordo de que aceitariamos conhecer crianças mais velhas mesmo com esse perfil.
Numa visita á minha sogra que mora em Santos fomos conhecer a Casa Vó Benedita, e lá conhecemos nossos anjos da guarda, Tia Beth e Tia Jane, que até hoje vivem nos nossos corações e a quem sempre visitamos quando vamos á Santos.
Quando dizemos que queriamos adotar uma criança até dois anos a Tia Jane deu uma lição na gente explicando como era o processo, que não adianta ir ao abrigo sonhando sair de lá com um bebe rosa nos braços e tudo aquilo quepra gente foi uma novidade imensa!
Ela nos apresentou os meninos que estavam para adoção, todos em grupos de irmãos e com mais de 5 anos em média. Foi nesse passeio pelo abrigo que literalmente tropeçamos no Natanael.
Ele brincava em baixo de uma mesa, e pulou no colo do Léo...Espertinho ganhou a gente na mesma hora! Ao me abraçar ele disse que eu havia demorado pra ir busca-lo, oque deixou todomundo espantado, pois o Nata costumava ser um menino muito arredio depois que o irmãozinho foi embora.
Levamos ele para passear, e voltamos para Assis com o coração apertadinho de saudade...mas decididos. Pedimos uma cópia da nossa habilitação no forum , visitamos ele nos fins de semana ( 500km de distância), ligavamos todos os dias, até que eu entrei de férias e tivemos oportunidade de ficar uns dias em Santos para resolver a papelada dele.
Recebi a guarda dia 18 de julho de 2.001, exatamente 4 anos depois o forum de Assis me ligou para conhecer um casal de 1 e 5 anos. Eram duas crianças lindas, mas a menininha nem olhou pra gente, não houve " empatia " como dizem, mas pelo segundo casal chamado ela se apixonou.
No mesmo dia que conhecemos este casal, vimos o Aloísio e a Luana.
O Aloísio veio todo feliz contar pro Léo que ele ia no dentista, e mostrou os dentinhos todos careados, contou que tinha dor e não dava para comer...apresentou a Luana, nessa hora meu coração ficou apertadinho...Que olhar mais triste ela tinha, com o dedinho na boca, a cabecinha cheia de alergia...meu coração apertou.
Fomos nos informando sobre eles, ficamos sabendo suas histórias, que ainda não estavam destituidos , que esperavam a resposta do estudo de uns tios, mas pedimos autorização para visita, e começamos a visita-los em agosto de 2.005, sempre acompanhando de longe o processo no forum, pois não tinhamos acesso direto.
Em setembro tomamos a decisão de brigar por eles, contratamos uma advogada ( nosso terceiro anjo da guarda) e entramos com a petição de destituição familiar e guarda para adoção... Pior mês da minha vida, entramos com o processo dia 14 de setembro e no dia 14 de outubro ganhei meus presentinhos de dia do professor.
Hoje escrevendo aqui para vocês vejo como o tempo voou...fazem 7 meses que eles estão em casa...parece que sempre estiveram ali!
A adaptação deles ta sendo mais fácil do que foi a do Natanael, mas hoje em dia vendo o meu moção todo bonito, não consigo me lembrar das dificuldades, sóda vitória...as dificuldades com o apoio de boas leituras e apoio de um grupo como o nosso fica mais fácilde ultrapassar.
Hoje vendo a Milena com o Natinha dela, revejo a minha história e da uma saudade do meu Natinha quando era pequeno...vou procurar uma foto para mostrar como ele era.
Bom gente é isso...esse post ficou longo demais!

Abraços

27.4.06

ADOÇÕES TARDIAS: A HISTÓRIA ANTES DA HISTÓRIA

Os primeiros anos de vida são como os primeiros lances de uma partida de xadrez, eles indicam a orientação e o estilo de toda a partida, mas enquanto não se está em cheque-mate, restam ainda bonitos lances para jogar. (Anna Freud)


Muitas vezes, ao conversar com pessoas que tinham planos de adoção, perguntei se imaginavam adotar um bebê. Candidamente eles respondiam, "não, não é preciso que seja um recém-nascido; a criança pode ter até 6 meses". Pessoas que não podem gerar filhos biológicos, quase sempre imaginam adotar um bebê, para "poder cuidar desde pequenininho; dar mamadeira e trocar fraldas!" E, imaginam que uma criança "mais velha" seja um bebê de até três meses de idade....
Todos nós já sabemos que não é esse o perfil de crianças que necessitam de uma adoção, ou seja, a maioria das crianças que estão a espera de uma nova família são crianças com mais idade. Tecnicamente, considera-se uma adoção como "tardia" quando a criança tem idade acima de dois anos. A pesquisa de Weber e Kossobudzki (1996) mostrou que a maioria das crianças que são deixadas nas instituições tem mais de sete anos de idade.
Como conciliar o desejo e a história anterior dessas crianças com a desejo dos adotantes? Será que é possível e viável a adoção de crianças com mais idade, crianças que já têm uma história? De acordo com Andrei (1997), "quanto mais tardia a adoção, mais vivas serão as lembranças do passado e mais enraizadas na sua memória as ilusões, sonhos, desejos e frustrações dos anos de abandono". Andrei afirma que as pessoas imaginam esta adoção em termos ideais. De um lado, a criança adotada extremamente grata e com o coração transbordante de amor represado durante os anos de "solidão"; do outro lado, a família sentindo-se plenamente realizada e recompensada através do seu novo membro. Às vezes, é exatamente essa a situação que ocorre. Às vezes, "o fardo do passado influenciando o comportamento da criança e a surpresa da família diante de manifestações decepcionantes, tornam a adoção mais parecida com um desafio" (Andrei, 1997).
No entanto, as experiências mostram que não é verdade que todas as adoções de crianças maiores sejam problemáticas, mas elas apresentam características especiais, pois, sem dúvida, são diferentes das adoções de bebês.
A principal diferença é que essa criança já possui um passado. E, geralmente, é um passado que contém cicatrizes. De qualquer forma, existiu uma outra relação anterior na vida dessa criança ou adolescente, mesmo que tenha sido uma não-relação, como ocorre com a vida em instituições. A principal questão para os pais, talvez seja, se essa criança conseguirá amá-los e se eles conseguirão amá-la. Já foi dito que, de maneira geral, a criança tem a capacidade de estabelecer vínculos afetivos de maneira mais fácil que os adultos. As crianças mesmo institucionalizadas estão com o seu amor latente... Para compreender e amar esta criança, deve-se ter em mente que não é possível apagar a sua história anterior e, certamente, proporcionar oportunidades para a criança de expressar as suas dores e tristezas, ou até raiva e sentimentos de perda. O maior medo de uma criança adotada tardiamente é "ser devolvida", é "voltar novamente para a instituição". Às vezes, essa criança pode ter tanto medo, que em vez de mostrar amor, ela pode fazer tudo ao contrário, pois de maneira não consciente ela pensa: "eu vou ser abandonada novamente, então é melhor não gostar deles".
Alguns depoimentos de filhos adotados com mais de seis anos de idade mostram sentimentos de medo e confusão: "Foi como se a minha vida tivesse virado de cabeça para baixo"; "Foi dramático, chocante, eram duas realidades bem diferentes"; "Eu fiquei assustada"; "Fiquei confusa, tive bastante medo".
Os pais adotivos devem estar preparados para estas reações, até mesmo certa hostilidade inicial, e serem tolerantes em relação a novos hábitos, costumes e sistemas de valores que a criança traz consigo. (...)
Na pesquisa que realizei com filhos adotivos, daqueles que foram adotados com mais de 6 anos, a maioria absoluta revelou que suas vidas melhoraram (93%): "Foi como ganhar na loto"; "Foi infinitamente melhor"; "Fui bem alimentada e pude estudar; "Tive maior estabilidade no emprego; meus pais incentivaram o diálogo"; "Tive pai e mãe".
Parece que, na adoção tardia, os pais devem ter uma capacidade grande de empatia, ou seja, de entender aquela história anterior do seu filho e devem ser também uma espécie de ancoradouro para que a criança ou o adolescente sinta que pode contar essa história, desabafar e até ter raiva dela. A capacidade de qualquer relacionamento familiar, de fato, parece não depender da história anterior dos protagonistas, da aparência física ou da idade, mas da verdadeira capacidade de construir o afeto, com base em trocas e doações.

Texto retirado de:Weber, L.N.D. (1998). Laços de ternura: pesquisas e histórias de adoção. Curitiba: Santa Mônica.

25.4.06

Adoção Tardia

"Tardia é um adjetivo usado para designar a adoção de crianças maiores. Considera-se maior a criança que já consegue se perceber diferenciada do outro e do mundo, ou seja, a criança que não é mais um bebê, que tem uma certa independência do adulto para satisfação de suas necessidades básicas. Vários autores consideram a faixa etária entre dois e três anos como um limite entre a adoção precoce e a adoção tardia. Outros fatores também concorrem para essa avaliação como o tempo de permanência da criança em instituição e o seu nível de desenvolvimento. Pode acontecer que crianças com dois, três anos ainda não apresentem comportamentos compatíveis com a sua faixa etária, ou seja, não andam sozinhas, não falam ou usam fraldas e a adaptação delas não apresentará características típicas de uma adoção tardia, como as fases de comportamentos agressivos ou regressivos, pelas quais passam a maioria das crianças adotadas a partir dessa idade. "

FONTE: Marlizete Maldonado Vargas, doutora em Psicologia e presidente do Ceicrifa (ONG que atua na formação de profissionais, realização de pesquisas e atenção direta à crianças e famílias em situação de risco)

"Não sei por que ainda não fui adotada. Não dá para adotar quem já tem 8 anos?" (Menina de 8 anos)
"Ficar num orfanato é horrível. As crianças têm inveja daquelas que vão ser adotadas. No Natal, as visitas vêm e escolhem as crianças e eu ficava muito triste quando não era escolhida. ". (Menina de 12 anos)
"Acho que eu não vou ser adotado porque já passei da idade; só adotam até 14 anos"(Menino de 15 anos)
"Acho que não vou ser adotada, acho que desisti, eles eram pra ter arrumado família pra mim faz tempo"(Menina de 9 anos)