29.4.06

História da Quequel



Com a palavra, a própria Quequel, minha filha:

"Quando eu estava no abrigo, eu pensava que ia ficar sozinha lá, que ninguém ia me adotar. Eu achava que todos seriam adotados, menos eu. As pessoas me viam, mas nem ligavam.
O que eu mais gostava de lá eram os bebês! Não gostava quando as babás batiam na gente com chinelo; a gente corria e elas corriam atrás da gente. Nós ficávamos de castigo em pé encostados na parede e levávamos cintadas. Quando acontecia alguma coisa, as tias não acreditavam em mim; só acreditavam nos mentirosos.
Quando conheci meus pais, eu falava assim: “Ela vai me adotar! Ela vai me adotar!” Eu já senti que os amava e que a gente ia ser uma família completa e eles iam me dar carinho.
Eu achei engraçado a “suto” correndo atrás de mim.
Nos primeiros dias, eu ficava com muita vergonha; não queria tirar fotos.
Eu não gostei do Papai Noel do abrigo; era muito magrinho e só dava balas. Quem dava presente, era uma amiga nossa: uma sacolinha com roupas, brinquedinhos e doces.
O Papai Noel aqui me deu o presente que eu quis, minha bicicleta. Eu gostei de conhecer o Papai Noel de verdade. Ele é muito legal mesmooooo." Texto de 2005

Obs.: "suto" = pronúncia de avó em árabe (ela está se referindo à minha mãe)

28.4.06

Gaúcho tche

Buenas tche, meu nome é robson, moro no Rio grande do sul e pai de uma menina linda que adotamos com todo amor e que nos trouxe os melhores momentos então vividos nos meus 33 anos de vida. No inico não vou mentir que tinha minhas dúvidas quanto a adoção, mas todas estas dúvidas sumiram no primeiro minuto que vi nossa filha, passamos momentos terriveis até conseguirmos a guarda definitiva dela mas tudo o que fizemos valeua pena e fariamos tudo de novo com certeza. Hoje posso aconselhara todos para adotar pois é algo maravilhoso e divino, abraços a todos e parabens a glaucia e anne por estarem levando nossas experiencias até aqueles que estão no ínicio do caminho. Abraços a todos.

OBJETIVOS DO GRUPO


Vocês já viram uma borboleta saindo do casulo?
Ela esta lá dentro toda apertadinha e vai saindo de pouquinho, esticando as asinhas devagar, num processo que leva horas mas é muito necessário para o sangue ser bombeado até as asas e para que fiquem firmes sustentando o corpo na hora de voar. É um processo lento, mas de um final lindo, leve... bonito de se ver.
Com a adoção é assim também! A gente vai se envolvendo de leve, aos poucos, depois vê que é um bom caminho e aí da um desespero na gente , uma vontade de ter o filho tão sonhado nos braços ...e se esquece que sem a preparação as asas da gente ficam fraquinhas, sem sangue o suficiente para nos sustentar, pode ser que assim fraquinha a asa não sustente o sonho de ser mãe, de ser pai. Acho até que são essas asas fracas que devolvem os filhos ao abrigo.
Outro ponto , muito tempo de espera não é sinônimo de aprendizado não, tem que esperar lendo pesquisando, conhecendo... É assim que as asas se fortalecem.
Se uma mulher está grávida, por mais nervosa que esteja não pode desejar que o filho nasça logo aos cinco meses, na adoção também é assim, a opção deve ser feita no momento de maturidade e de muita reflexão.
Esperar o tempo certo , não quer dizer, não conhecer as crianças, ou não divulgar seu sonho, não ficar em cima do seu processo no forúm...isso tudo também é aprendizado e aqui finalemente chegamos ao nosso propósito...NOSSO OBJETIVO É FORTALECER AS ASAS!
Ler juntos, debater em grupo, discutir polêmicas vendo novos olhares...Nosso obejtivo é apoiar!
Quando a gente se torna pai e mãe, as asas precisam estar fortes para amparar nosso filho, que como toda criança apresentará todos os comportamentos de uma criança normal: birra, choro, manha, peraltices ( e em cada idade elas são diferentes). Nossos limites passam a ser muito testados, mas as crianças são sempre as mesmas, mas a mater/paternidade , muda muito a gente! Mais uma vez as asas precisam de um reforço.
Nós queremos ser esse reforço, esse apoio.Um espaço pra dividir conhecimentos, vivências, percepções, para incentivar a adoção em todos seus aspectos , mas principalmente no que se refere aos pequenos que estão abrigados.
Não vamos promover encontros, mas apoiar para que eles sejam felizes e para a vida toda.
Abraços
Glaucia
com beijos especiais para Anne e Carmem

27.4.06

ADOÇÕES TARDIAS: A HISTÓRIA ANTES DA HISTÓRIA

Os primeiros anos de vida são como os primeiros lances de uma partida de xadrez, eles indicam a orientação e o estilo de toda a partida, mas enquanto não se está em cheque-mate, restam ainda bonitos lances para jogar. (Anna Freud)


Muitas vezes, ao conversar com pessoas que tinham planos de adoção, perguntei se imaginavam adotar um bebê. Candidamente eles respondiam, "não, não é preciso que seja um recém-nascido; a criança pode ter até 6 meses". Pessoas que não podem gerar filhos biológicos, quase sempre imaginam adotar um bebê, para "poder cuidar desde pequenininho; dar mamadeira e trocar fraldas!" E, imaginam que uma criança "mais velha" seja um bebê de até três meses de idade....
Todos nós já sabemos que não é esse o perfil de crianças que necessitam de uma adoção, ou seja, a maioria das crianças que estão a espera de uma nova família são crianças com mais idade. Tecnicamente, considera-se uma adoção como "tardia" quando a criança tem idade acima de dois anos. A pesquisa de Weber e Kossobudzki (1996) mostrou que a maioria das crianças que são deixadas nas instituições tem mais de sete anos de idade.
Como conciliar o desejo e a história anterior dessas crianças com a desejo dos adotantes? Será que é possível e viável a adoção de crianças com mais idade, crianças que já têm uma história? De acordo com Andrei (1997), "quanto mais tardia a adoção, mais vivas serão as lembranças do passado e mais enraizadas na sua memória as ilusões, sonhos, desejos e frustrações dos anos de abandono". Andrei afirma que as pessoas imaginam esta adoção em termos ideais. De um lado, a criança adotada extremamente grata e com o coração transbordante de amor represado durante os anos de "solidão"; do outro lado, a família sentindo-se plenamente realizada e recompensada através do seu novo membro. Às vezes, é exatamente essa a situação que ocorre. Às vezes, "o fardo do passado influenciando o comportamento da criança e a surpresa da família diante de manifestações decepcionantes, tornam a adoção mais parecida com um desafio" (Andrei, 1997).
No entanto, as experiências mostram que não é verdade que todas as adoções de crianças maiores sejam problemáticas, mas elas apresentam características especiais, pois, sem dúvida, são diferentes das adoções de bebês.
A principal diferença é que essa criança já possui um passado. E, geralmente, é um passado que contém cicatrizes. De qualquer forma, existiu uma outra relação anterior na vida dessa criança ou adolescente, mesmo que tenha sido uma não-relação, como ocorre com a vida em instituições. A principal questão para os pais, talvez seja, se essa criança conseguirá amá-los e se eles conseguirão amá-la. Já foi dito que, de maneira geral, a criança tem a capacidade de estabelecer vínculos afetivos de maneira mais fácil que os adultos. As crianças mesmo institucionalizadas estão com o seu amor latente... Para compreender e amar esta criança, deve-se ter em mente que não é possível apagar a sua história anterior e, certamente, proporcionar oportunidades para a criança de expressar as suas dores e tristezas, ou até raiva e sentimentos de perda. O maior medo de uma criança adotada tardiamente é "ser devolvida", é "voltar novamente para a instituição". Às vezes, essa criança pode ter tanto medo, que em vez de mostrar amor, ela pode fazer tudo ao contrário, pois de maneira não consciente ela pensa: "eu vou ser abandonada novamente, então é melhor não gostar deles".
Alguns depoimentos de filhos adotados com mais de seis anos de idade mostram sentimentos de medo e confusão: "Foi como se a minha vida tivesse virado de cabeça para baixo"; "Foi dramático, chocante, eram duas realidades bem diferentes"; "Eu fiquei assustada"; "Fiquei confusa, tive bastante medo".
Os pais adotivos devem estar preparados para estas reações, até mesmo certa hostilidade inicial, e serem tolerantes em relação a novos hábitos, costumes e sistemas de valores que a criança traz consigo. (...)
Na pesquisa que realizei com filhos adotivos, daqueles que foram adotados com mais de 6 anos, a maioria absoluta revelou que suas vidas melhoraram (93%): "Foi como ganhar na loto"; "Foi infinitamente melhor"; "Fui bem alimentada e pude estudar; "Tive maior estabilidade no emprego; meus pais incentivaram o diálogo"; "Tive pai e mãe".
Parece que, na adoção tardia, os pais devem ter uma capacidade grande de empatia, ou seja, de entender aquela história anterior do seu filho e devem ser também uma espécie de ancoradouro para que a criança ou o adolescente sinta que pode contar essa história, desabafar e até ter raiva dela. A capacidade de qualquer relacionamento familiar, de fato, parece não depender da história anterior dos protagonistas, da aparência física ou da idade, mas da verdadeira capacidade de construir o afeto, com base em trocas e doações.

Texto retirado de:Weber, L.N.D. (1998). Laços de ternura: pesquisas e histórias de adoção. Curitiba: Santa Mônica.


Boas Perspectivas
- CNJ recomenda medidas para melhorar e agilizar adoção de crianças no Brasil O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tomou nesta terça-feira (25/04) uma medida que vai melhorar e agilizar a adoção de crianças em todo o País. Decidiu, por unanimidade, recomendar aos Tribunais de Justiça a contratação de equipes formadas por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos para prestarem assessoria aos juízes nas causas relacionadas à família, crianças e adolescentes. A medida do CNJ visa o cumprimento do que já está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Estatuto completa 16 anos e até hoje a maioria das comarcas ainda não conta com as equipes. "Hoje, as varas de infância e juventude, em especial no interior do Brasil, passam por um momento difícil. Os abrigos de crianças estão lotados. Para o juiz atuar nestas questões precisa estar assessorado por uma equipe técnica", justificou Sérgio Kreuz, Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude de Cascavel (PR), autor do pedido de providências ao CNJ.De acordo com o magistrado, estas equipes são imprescindíveis para avaliar corretamente casos de perda do poder familiar, guarda, adoção e tutela. "O juiz não tem como avaliar, sozinho, se uma criança precisa ir para um abrigo ou se ela pode ser adotada por determinada família. Para tomar decisões assim, ele precisa do assessoramento de profissionais qualificados, o que não existe na maioria das comarcas", argumenta o juiz. O magistrado citou estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2005. De acordo com o levantamento, mais da metade das crianças que vivem em abrigos (52,6%) espera a adoção há mais de dois anos. Um terço (32,9%) está nos abrigos por um período entre dois e cinco anos, 13,3% entre seis e dez anos e 6,4% por período superior a dez anos. Além disso, a pesquisa constatou que quase metade das crianças (43,4%) não tinha processo nas varas de infância e juventude. "Isto significa que a Justiça não tem conhecimento da situação destas crianças, um flagrante desrespeito ao que prevê o artigo 93 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que determina a comunicação ao Judiciário no prazo de dois dias úteis", disse o juiz. "A recomendação do Conselho prevê que possam ser celebrados convênios com instituições universitárias para que equipes técnicas possam dar atendimento a todas as comarcas dos estados nas causas relacionadas à família, crianças e adolescentes. É preciso garantir às crianças o atendimento adequado", afirmou o relator do processo conselheiro Eduardo Lorenzoni. A implantação dos grupos de profissionais vai agilizar os processo de adoção. "Hoje, com a demora na realização dos estudos técnicos que permitam ao juiz aplicar uma medida de proteção à família ou subsidiar o Ministério Público para promover a Ação de Destituição do Poder Familiar, a criança acaba ficando por anos nos abrigos", explicou o juiz Sérgio Kreuz.Em seis meses, o CNJ voltará a fazer um levantamento da situação das varas da infância e da adolescência no País para acompanhar as medidas adotadas pelos tribunais. Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - Assessoria de Comunicação

26.4.06

Meu " grupinho de apoio"

Quando adotamos o Natanael não tinhamos a menor idéia do que era adoção tardia, o que viria a ser um período de adaptação, como poderia ser angustiante!!!!!!
Na época eu e meu marido só contávamos com o apoio um do outro, importantíssimo por sinal! Fundamental. E assim que o Nata chegou o orientador do meu marido o prof º Mario Sérgio Vasconcelos orientava uma tese sobre adoção, e nos emprestou dois livros...E esses foram meus grupinhos de apoio.
Um era da Professora Lídia Weber, que apesar de ter lido e relido muitas vezes não me lembro o nome, e outro da Professora Marlizete Vargas, autora do texto postado abaixo pela Carmem.
Esse livro chamado "ADOÇÃO TARDIA: DA FAMÍLIA SONHADA A FAMÍLIA POSSÍVEL" foi minha biblía, pois eu ficava abismada de ver o Natanael passar pelas fases que ela tão bem descrevia, ve -lo apresentando os mesmo comportamentos ali descritos, me vendo cometer alguns erros iguais aos dos pais entrevistados e me poupando de errar alguns com base nas experiências ricamente descritas.
Pois bem quase seis anos depois, muita leitura, pesquisa, birras, choros, angustia, alegria, felicidade, completude e milhões de sentimentos e tres filhos vividos depois, chegamos a este grupo, que é com muito prazer que lhes conto que nosso filho coletivo tem uma madrinha ( por enquanto...quem sabe não serão duas?) muito especial A Professora MARLIZETE ACEITOU SER UMA DAS MADRINHAS DO NOSSO GRUPO!!!!!! EBAAA VIVAAAAAA IUPIIIIUHUUUUUU!!!!!!!!!!!
Obrigada por aceitar nos " amadrinhar", é um grande prazer te-la conosco.
Um abração
Glaucia

25.4.06

Adoção Tardia

"Tardia é um adjetivo usado para designar a adoção de crianças maiores. Considera-se maior a criança que já consegue se perceber diferenciada do outro e do mundo, ou seja, a criança que não é mais um bebê, que tem uma certa independência do adulto para satisfação de suas necessidades básicas. Vários autores consideram a faixa etária entre dois e três anos como um limite entre a adoção precoce e a adoção tardia. Outros fatores também concorrem para essa avaliação como o tempo de permanência da criança em instituição e o seu nível de desenvolvimento. Pode acontecer que crianças com dois, três anos ainda não apresentem comportamentos compatíveis com a sua faixa etária, ou seja, não andam sozinhas, não falam ou usam fraldas e a adaptação delas não apresentará características típicas de uma adoção tardia, como as fases de comportamentos agressivos ou regressivos, pelas quais passam a maioria das crianças adotadas a partir dessa idade. "

FONTE: Marlizete Maldonado Vargas, doutora em Psicologia e presidente do Ceicrifa (ONG que atua na formação de profissionais, realização de pesquisas e atenção direta à crianças e famílias em situação de risco)

"Não sei por que ainda não fui adotada. Não dá para adotar quem já tem 8 anos?" (Menina de 8 anos)
"Ficar num orfanato é horrível. As crianças têm inveja daquelas que vão ser adotadas. No Natal, as visitas vêm e escolhem as crianças e eu ficava muito triste quando não era escolhida. ". (Menina de 12 anos)
"Acho que eu não vou ser adotado porque já passei da idade; só adotam até 14 anos"(Menino de 15 anos)
"Acho que não vou ser adotada, acho que desisti, eles eram pra ter arrumado família pra mim faz tempo"(Menina de 9 anos)

24.4.06

Me apresentando direito

Acima,meus filhotes, e abaixo a minha afilhadinha e norinha mais linda!
Eu sou a Gláucia, mãe do Natanael, do Aloísio e da Luana.
O Natinha é nosso filho a quase seis anosm e os pequenos a sete meses, ainda estamos em processo.
Esse grupo é meu filhinho mais novo, filhinho gestado por tres mães!!!!! Mães que vestem a cmaisa da adoção tardia, da adoção especial, de qualquer tipo de adoção que sirva primeiramente a criança!
Aos poucos vamos contando nossas histórias e convidando mais gente pra participar. Logo teremos um tmeplate bem lindo, e muitas novidades nos aguarde!
Muitos beijos e vejam que fofinhos meus filhotes e a Vicky nene da Anne, minha afilhada mais linda. Vou ficar devendo uma fotinho da Quel filhota da Carmem pois não tenho!

Eu sou a Anne...

Meu nome é Anne, sou mãe da Victória de 03 aninhos há apenas 10 meses...
Meu desejo é de que este blog faça com que mais e mais pessoas abram seus olhos para a Adoção Tardia se dando a oportunidade de conhecer e pesquisar mais a fundo o assunto.

Espero poder contribuir com o Blog trazendo muitas informações úteis e tb tendo o prazer de conhecer pessoas que optaram por esta maravilhosa forma de amor ao próximo ou ainda irão optar...

Que o coração de todos os que participarem deste esteja aberto a novos conhecimentos, divisões de experiencias, oportunidades e Amor Fraterno!!!

Obrigada pelo dom da palavra...
"Não há quem neste mundo saiba muito que não tenha ainda que aprender e nem aqueles que saibam pouco e que não tenham oque ensinar"

Beijinhos à todos....AnneCris_1

21.4.06

Eu sou a Carmen, mamãe há 2 anos da moreninha Quequel, que chegou ao nosso lar aos 7 anos e 3 meses.

Estou muito feliz em finalmente criarmos um espaço para que todos possam compartilhar as maravilhas e as dificuldades da adoção tardia. As dificuldades existem, porém não são tão monstruosas quanto as pessoas imaginam. Nada que amor e paciência não resolvam!

Todas as crianças e adolescentes têm direito a um lar digno e cheio de amor.

Desejo que muitas pessoas aceitem a participar deste blog e que possamos trocar muitas experiências e aprender muito uns com os outros.

"Queria uma pessoa que me adotasse e que dissesse: filho!" (Menino de 9 anos) Fonte: http://pcdec.sites.uol.com.br