7.12.06

Vale à pena trabalhar pela adoção!!!

“No sábado, minha mãe veio me contar que minha cunhada está grávida de 1 mês. Logo em seguida, veio o comentário: "Seu pai disse que ficaria mais feliz se fosse você!".
Minha mãe diz que ama a Quel e o meu sobrinho do mesmo jeito, que não tem nenhuma diferença, porém fala que foi muito dolorido aceitar minha decisão de não ter um filho biológico, que ela sofreu muito mas entendeu meu jeito de pensar. Minha mãe diz que ela e meu pai têm direito de sonhar e que eu tenho de respeitar isso. É tudo muito confuso, porque minha mãe e a Quel estão um grude só! Elas se divertem muito juntas, as duas são muito carinhosas uma com a outra, tudo que minha mãe vê e acha bonito já quer comprar para a Quel.
A velha história: minha cunhada está grávida e eu não! Como não?!? Então a Quel não fala todos os dias na irmãzinha que está para chegar?
Eu pretendo conversar com meu pai sobre o assunto. Se não conseguimos abrir os corações nem dos nossos familiares, então como levar a bandeira da adoção para os estranhos?”
Carmen

'Cá amiga,

Vc sabe que vivo a mesma situação!!! Qdo falo de uma possível gravidez, os olhos dela brilham, ela respira fundo e fica sonhando: 'ai, já pensou isso...já pensou aquilo...ai como eu ía ficar feliz de ver o barrigão...ai isso, ai aquilo', entretanto qdo falo de uma nova adoção: 'ai, vcs são malucos!!! Nos tempos de hj 2 filhos já está bom demais e além do mais vcs já têm um casal. Vê se sossega só com esses 2'. E aí eu pergunto...que diferença tem ter o 3º filho por adoção ou biológico?!?!?!

É muito complicado de se entender essa dicotomia, principalmente pelo motivo que vc citou...existe amor por nossos filhos!!! Não é fingimento, não é obrigação...é amor!!! Creio que aí existam 2 lados que brigam inteiormente...o do que ama de forma incondicional nossos filhos e outro que quer ter uma 'seqüencia de sangue' da família.
Minha mãe nunca se conformou de eu não querer fazer exames, tratamentos e agora que existe a possibilidade real de uma gravidez eu me retraio justamente por estes comportamentos! Como seria ouvir alguém, da família e de fora tbm dizendo: 'ai, que legal, agora vcs vão ter um filho de vcs, né?'. Isso me arrepia só de pensar!!!
Vou deixar o mérito do neto biológico para meu irmão, mas sei que sempre foi o sonho do meu pai tbm me ver grávida! Mas e aí...é um sonho deles e não meu!!!
Acredito que nossas famílias são abertas sim à adoção, amiga, eles só sonham com um neto biológico, se iludem com a bobagem de imaginar com quem essa cça pareceria, que carinha teria, de nos ver com a barriga, mas são abertos pq senão não amariam nossos filhos, ainda que essa abertura venha depois da chegada das cças!
Acho que a luta é válida, pq só se derruba preconceitos (não sonhos) com informação! E neste campo da adoção há muito que se trilhar ainda!!! Lembro-me que cças criadas sem pai ficavam isoladas no fundo da sala de aula pq não podiam confeccionar presentinhos para o dia dos pais! Lembro-me que moça solteira que tinha filhos não era mais aceita em igrejas sem caras feias e algumas famílias 'amigas' lhes fechavam as portas para nao servir de 'mau exemplo' para suas filhas! Lembro-me que até há bem pouco tempo os homossexuais não podiam sequer assumir sua condição sem o ônus de serem execrados pela família e pela sociedade! Lembro-me que os portadores de HIV eram condenados a viverem uma vida de isolamento e era isso que os matavam...a carência afetiva e o isolamento social! Lembro-me de tantas outras coisas que daria para escrever até amanhã...
Todos de forma incondicional conquistaram seu espaço, adquiriram respeito justamente pq houve pessoas que não se intimidaram com o que os outros pensavam. Saíram, batalharam, serviram de escudo para serem atacados, criaram polêmicas se espondo nas ruas, nas escolas, batalhando pelo direito à inclusão e hj, cada um a seu modo, conquistaram o direito de serem cidadãos, ainda que esteja longe o quesito respeito em alguns casos e embora não haja o respeito desejável, já se adquiriu uma coisa muito importante...tolerância!
Precisamos lutar sim pela causa da adoção, pq não dá para admitir que mesmo diante do aumento que houve na procura pela adoção, que se use nos meios de comunicação o termo 'família de verdade' para a família biológica, 'mãe verdadeira' para a mãe biológica...e nesse ponto lembro-me que pessoas que lutavam pelas causas e íam aos programas de tv para modificarem termos como 'não é mongolóide...é portador da Síndrome de Down', ou 'não é alcoólatra...é alcoólico'. E foi assim, modificando o termo que carregava o preconceito e explicando as situações que se adquiriu respeito e aceitação social!
Ao passo que mostramos que nossos filhos são filhos como outro qquer que tenha vindo de forma natural, por inseminação, por fertilização, mostramos tbm que somos uma família de verdade, que a adoção é uma forma alternativa de se ter um filho, que dá para ser feliz e é isso que vai fazendo a diferença ao nosso redor, pq de repente uma pessoa que sequer pensava nisso, começa a sonhar! E aí vem a despreconceitualização da cça maior, a desmitificação que cça gde é sempre um problema, que a adoção de uma cça gde é perigosa, a aceitação de uma cça portadora de necessidades especiais, de raça diferente da nossa...
O trabalho é duro, o processo é demorado...é necessário se andar muito nesta caminhada para se consquistar o que parece pouco, mas é o conjunto de ações ao longo do tempo que vai modificar a sociedade!
Desistir de lutar é negar aos nossos filhos, ou netos, e suas gerações que possam viver a adoção da forma como sonhamos, sem tabus, sem receios, sem preconceitos!
Nossa luta é contra o preconceito e não contra os sonhos!'
Bjs com carinho!
Cláu
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5.12.06


DEPOIMENTO: ADOÇÃO E GRAVIDEZ

Desde muito cedo quis ser mãe e até gravidez psicológica, de ficar 4 meses sem menstruar e com o ventre um pouco crescido tive.

Casei cedo, aos 22 anos e um ano depois já estava tentando engravidar. Só que não acontecia. Fiz vários exames e comigo estava tudo em ordem para que a gravidez acontecesse.

Já no meu marido, apareceram algumas complicações e ele até submeteu-se a uma cirurgia para correção do problema (velocidade dos espermatozóides).

Mesmo assim o tempo foi passando e a gravidez não acontecia. Só que não era uma obsessão e fomos levando nossa vidinha de casados muito bem.

Desde mocinha eu pensava em adotar, achava que já tinha tanta criança precisando de um lar, então pra que colocar mais uma no mundo?! Só que esse não era o pensamento do meu Guga que queria muito um filho biológico.

Lembro que antes de saberem que o problema por eu não engravidar era do Guga, a família dele me cobrava absurdos pela gravidez! Era como se fosse um fluxograma: Casou, tem que ter um filho biológico! Um dia não aguentei e mandei eles perguntarem ao Guga pq eu não engravidava. Silenciaram e me deixaram em paz!!! ufaaaa!!!

Guga tentou tratamento com hormônios que o fizeram passar super mal e foi aí que conversamos mais seriamente a respeito da adoção e ele concordou. Tínhamos 12 anos de casados.

Nos habilitamos, cheios de paradigmas e preconceitos...graças a Deus chegou meu Henrique, que de fato era o oposto da criança que descrevemos desejar no processo de adoção inicial. Mas chegou arrasando: Nos fez Pai e Mãe e o melhor: Nos fez ver a vida como ela é e saber que pode ser melhor e nos fez quebrar as fronteiras do nosso mundinho.

Henrique, meu filho mais velho, não foi bem aceito pela família e teve até aqueles que nos mostraram os pulsos e disseram que se o sangue deles não corressem na criança, eles não a considerariam como família. Houve os que nos mandaram devolvê-lo...e absurdos assim. Afiamos unhas e dentes e deixamos claro que ele era nosso filho e ponto final e aqueles que quisessem continuar a conviver com agente teriam que respeitar nosso Henrique.

1 ano e 6 meses se passaram...Henrique já consquitara seu terreno e os que não o aceitaram, era pq de fato não nutriam por nós grande afeto, assim se afastaram. Graças a Deus...hoje enxergo que eles eram um grande estorvo!!!

Comecei a ter sonos incríveis e super fora de hora...era um abrir de boca maleducado e eu não me segurava em pé! A menstruação atrasou e comecei a ficar enjoada...veio a suspeita da gravidez!

FIQUEI APAVORADA! tomava remédios pesados para o controle da Esclerose Múltipla, doença da qual sou portadora e recentemente tinha feito pulso de corticóides!

O exame deu positivo! Lembro que chorei que só, por não desejar mais ficar grávida, tinha muito medo, eu já tinha 35 anos. Por estar passando por um momento difícil na nossa vida e por achar que já tinha meu filho e se quisesse outro era para ser adotado também!

Fizemos a primeira ultra-som e o coração pulsando a mil por hora nos fez emocionar: Eu e Guga a chorar e Henrique a sorrir imitando o som do coraçãozinho do irmão!

Sim, teve os que assim que souberam da minha gravidez foram logo indagando: E agora vão devolver o menino que vcs "criam"? E o pior é que não foi só um ou dois que chegou a fazer essa pergunta absurda!

Outros comentavam: "agora vc será mãe de verdade"! ou "agora vcs vão ver o que é de verdade ter um filho"!

Por vezes eu respondia alguma coisa bem grosseira e por outras vezes era bem escandalosa e me colocava a gargalhar na frente da pessoa, que ficava com cara de tacho!!! Por vezes, tava tão cansada com aquilo tudo que nem respondia nada!!!! Ignorava!

Bom, comecei a ter enjôos absurdos, vomitava mesmo em jejum, o suco gástrico e só faltava me acabar com aquilo! enjoei o cheiro de tudo...até a música de um desenho animado que Henrique gostava de assistir até hoje não aguento escutar!


Eu não conseguia mais dormir na posição que estava acostumada...a região da bacia doia demais e me disseram que era justamente a mesma se dilatando para segurar o bebê e dar passagem ao mesmo...como tive dores!!!

Eu praticamente não dormi a gravidez toda, eram apenas cochilos, ou desmaios de tão cansada! Me sentia insegura...Chorava por tudo, até com propaganda de bolacha na TV!

Descobri como posso me tornar uma pessoa insuportável!!!

Passei a gravidez deprimida!!! Era muito incômodo!

Tive sem ter nem pra que um forte sangramento...ameaça de aborto que me fez ficar de molho por mais de um mês.

Eu vivia insegura, aquele serzinho crescendo dentro de mim me apavorava e não conseguia enxergar poesia naquilo! Os únicos momentos bons eram na hora da ultra, onde víamos ele se mexer todo e cada vez se formando!!! O estado de graça terminava aí! O resto era para fazer graça aos desafetos, pq era um incômodo só.

Claro que eu amava o filho que crescia em meu ventre...mas, era aquele amor de cuidar para que nada de mal acontecesse a ele!

A partir do quinto mês comecei a ficar toda inchada e meus pés e pernas foram os que mais sofreram...

No fim da gravidez, faltando uma semana para 8 meses tive pré-eclampsia e quase morremos eu e ele!

Por precaução da obstetra que me acompanhava já estava internada na maternidade há 2 semanas e pegaram o pré-eclampsia de pronto e assim nasceu meu segundo filho! Parto de urgência, cesário e ele ainda ficou 10 dias na UTI Neonatal...

Quando o colocaram em meu colo, recém nascido todo melecado por uma gordura branca, só conseguia dizer: "Deus o abençoe" e alisava meio com medo sua testinha.

Hoje sei e tenho convicção que só conseguimos amar nosso filho depois que ele nasceu e começamos a cuidar dele e interagir com ele!

A gravidez em nada tornou Guilherme mais meu filho do que o Henrique. Hoje, eles são dois filhos adoráveis, cada um na sua faixa etária e com diferentes facetas, tb em virtude da personalidade deles como indivíduo!!!

Sim, meu marido que viveu por 14 anos o drama de não me engravidar, depois que a gente quase morre, tratou de fazer vasectomia e me disse com seu jeito meigo: "Se quisermos e tivermos condições de ir atrás da nossa menininha, ela virá adotada! Sabemos que se trata da mesma coisa! É só um meio diferente de chegada dos nossos filhos"!

Lembro que desatei a chorar emocionada e orgulhosa do Homem que meu Guga se tornara!!!

15.11.06


Sou o Paulo
!

Tô chegando gente !!! Dá licença, tô chegando !

Olá gente !

Meu nome é Paulo Roberto, estou completanto 30 anos no dia de hoje, solteiro e filho por adoção. É isso aí, filho por adoção com muito orgulho. Estou chegando a conviteda Glaucia, uma pessoa muito bacana, te opinião forte, contundente para a maioria e que conheci ao anunciar o livro que estou escrevendo.

Escrevo sobre adoção há pouco mais de um ano. Trata-se de um livro que tem como alicérce, depoimentos dos fihos por adoção e demais personagens ecnvolvidas no tema, como por exemplo, pais, mães e profissionais ligados ao tema.

Chego pra somar e auxiliar no que for necessário. Tenho aprendido muito na tomada de depoimentos de pessoas dos mais diversos cantos desse país e também através do GEAAF (Grupode Estudos e Apoio a Adoção de Florianópolis).

É isso aí gente, a partir de agora chego para somar.

MSN: rubronegro1976@hotmail.com

Beijo no coração de todos

14.11.06

Um presente maravilhoso!


Hoje eu recebi um presente muito significativo! Uma surpresa maravilhosa! Emocionante mesmo!

Primeiro que foi totalmente inesperado, vindo de um amigo que eu não vejo há muito tempo!

Segundo que é realmente belo!

Não quero explicar com palavras; vou apenas lhes dizer os elementos para que possam compreender o presente com seus corações: o sorriso é da Quequel, minha filha querida; o desenho é o logotipo do meu projeto social Um Mundo Para Nós em benefício das crianças.

Estou emocionada! Só uma alma grandiosa para representar tão bem a adoção, o amor às crianças, a existência da Raquel em minha vida!

Obrigada, Vitor!

12.11.06

Aumento nas “devoluções” preocupa

Fonte:http://canais.ondarpc.com.br/viverbem/
Autora:ÉRIKA BUSANIerikab@gazetadopovo.com.br

Aumento nas “devoluções” preocupa
O recente aumento na aceitação de crianças maiores para adoção trouxe um problema que preocupa todos os envolvidos no processo, a “devolução” de crianças. “Do ponto de vista emocional a devolução é sentida pela criança como uma reafirmação do trauma da separação – ou rejeição – de sua mãe biológica. Nesses casos, um bloqueio no desenvolvimento psíquico, físico e cognitivo é inevitável”, alerta a psicóloga Sibele Miraglia, que adotou Fábio, 10 anos, há um ano.Mas o que acontece para alguém que se dispõe a passar por um processo, esperar algum tempo – mais curto quando as crianças são maiores – para simplesmente desistir? “Isso é uma sociedade que reproduz o mercado, a cultura do descartável”, afirma a psicóloga Barbara Snizek, que fez um trabalho de pós-graduação sobre adoção. “Para a criança, é catastrófico”, garante.Falta também preparo para esses pretendentes à adoção. “Ter um filho é também agüentar frustração. Entre o sonhado, o ideal, e o que a criança realmente é, há uma distância. Talvez na maioria dos casos não tenha a ver com ser adotado ou não, mas com o fato de que ninguém tem idéia do que é ter um filho”, diz Barbara.“A culpa também é nossa”, assume a psicóloga Andréa Trevisan Guedes Pereira, da Vara da Infância e Juventude – Adoção. “É um processo que está mudando, as pessoas aceitam crianças maiores e estamos fazendo o processo da mesma forma. Elas têm de ser melhor preparadas.”Os técnicos da Vara estão iniciando um projeto para ampliar o trabalho de pré-adoção, colhendo dados com quem já adotou para saber onde estão os problemas. “A idéia é passar a experiência de quem já viveu isso, como a criança costuma se comportar, como sua experiência da vida anterior influencia na adaptação”, conta a assistente social da Vara de Adoção, Salma Mancebo Corrêa.Em Curitiba, os pretendentes à adoção passam por um curso preparatório de três dias. “Enquanto em outros países os adotantes precisam passar por extensos cursos – no mínimo 6 meses – para compreender o processo que envolve uma família por adoção, no Brasil, a maioria dos Juizados nem dispõe de preparação, simplesmente seleciona”, indigna-se a doutora em psicologia Lidia Weber.Talvez falte mesmo para esses pretendentes compreender que a adoção é apenas um outro caminho para se ter um filho. Que, como qualquer criança, traz alegria, tristeza, emoção, dúvida, carinho, faz birra, se suja, desobedece, dá aquele abraço inesperado. É preciso estar aberto para recebê-lo.

5.11.06

Perfil


Saudade desse cantinho...
Ando meio sumida né pessoal? Desculpem viu...mas é que tenho tentado me desligar um pouco dos assuntos de adoção...pois as vezes passo muito nervoso com eles e preciso aprender a ser um pouco mais tolerante, mas não consegui atingir esse estágio de desenvolvimento espiritual ainda...eu chego lá!
Andei lendo e pensando muito nas ultimas semanas sobre adoção consensual e perfil,e embora nunca chegue a conclusão algumas, tem certas idéias que não me abandonam.
Canso de ler relatos e suplicas pedindo a Deus um filho...mas um filho RN, é bom que se diga...um filho RN de preferência do sexo feminino e branco...para ser perfeito!
Mas o que é mesmo a perfeição? O que é mesmo ser mãe? O que é mesmo ser filho?
Nessas horas eu paro e olho para os meus...perfeitos! Lindos! Inteligentes! Amados por todos! Só com coisas boas a dizer sobre eles...e nunca nem lembro que não sairam de mim...ou que não os vi engatinhar, não os vi andar, não vi os primeiros dentes...mas recebo todos os dias um beijos gostoso, muitos abraços, muito s sorrisos...e segundo minha amiga Adriana que passou por todas as fases com o filhotinho dela...isso tudo é o que realmente vale a pena, pois desses outros detalhes no dia-a-dia não dá tempo de lembrar!
Não vim dar receita de bolo nem lição de moral a ninguém , consiência cada um tem a sua e preconceitos também...mas fica aqui uma frase só..SER MÃE É BOM DEMAIS! EM QUALQUER IDADE DE FILHO...SÓ QUEM É ESCOLHIDO POR UM FILHO É QUE SABE!

Beijos
Boa semana
Glau

26.10.06

Muita felicidade ao Henrique!

Ontem ele era apenas mais uma criança entre tantas outras em um abrigo paupérrimo do interior do nordeste...tinha o semblante triste de quem vivia com medo de tudo e de todos...o corpo mal tratado com marcas de violência física, mas os seus olhos espelhavam a violência psicológica que sofrera e ainda sofria...

Hoje, passados 4 anos ele é nosso filho! Nosso Henrique! Como tornou-se desde o dia em que sorriu o sorriso mais lindo que vi na vida! Super saudável e carinhoso! Hoje ele é principalmente uma criança feliz!!! Completou recentemente 6 aninhos de vida e o parabéns foi na escola, simples, mas junto dos seus coleguinhas e a professora muito amada com os quais convive quase todos os dias da semana. O irmão de quase dois anos foi também prestigiá-lo, assim como o primo que sempre o acompanha nas suas aventuras de criança e nós os pais corujas!

Henrique está fazendo Ludoterapia, para melhorar sua atenção, ansiedade e insegurança! Será um processo demorado, mas que já está rendendo frutos maravilhosos. Ele está mais consciente das suas tarefas, obrigações e dos seus direitos...Já argumenta com mais lógica aquilo que quer que seja discutido e não apenas aceito sem entender!

É nosso príncipe poderoso que nos enche de carinho todos os dias e que amamos com todo nosso coração.

Dea.

20.10.06

Sharon Stone: adotou, em 2000, Roan Joseph, depois de vários abortos espontâneos. Em maio de 2005, nasceu – por meio de uma barriga de aluguel – seu segundo menino, Laird Vonne. “Melhor do que ter um filho é ter dois”, comemorou a atriz.


Nicole Kidman: adotou, em 1995, Connor Antony, dez anos, quando ainda estava casada com Tom Cruise, que, por sua vez, já havia adotado Isabelle Jane, 12 anos.


Elba Ramalho: com o marido, Gaetano Lopes, adotaram Maria Clara em 2002. A chegada da pequena foi tão aguardada que Elba, aos 53 anos, chegou a ter sintomas de gravidez. “Tive muitos enjôos”, lembra. Depois, chegou a produzir leite. “Meu peito ficou cheio”, conta.



"A gestação de um filho biológico é algo mágico, mas ser escolhido por um bebê também é. A criança ideal é a que precisa ser adotada", diz Mônica Torres, mãe biológica de Isabel, 19 anos, e adotiva de Francisco, dois. O marido, Marcello Antony, também declara amor imensurável por Francisco. "Adotamos um menino mestiço, com problemas de saúde hoje já superados. Nossa felicidade não poderia ser maior."
FONTE: Revista ISTOÉ edição 1683 - 29-06-2005
Obs.: Amiga Cláu, eu planejei postar aos poucos. Mas não podia deixar de atender seu pedido imediatamente!

19.10.06

Os famosos e seus filhos adotivos

OS FAMOSOS E SEUS FILHOS ADOTIVOS
Angelina Jolie: “Quando eu era pequena, alguém me ensinou o que era um órfão. Fiquei impressionada e me prometi que adotaria um. Encontrei Maddox, três anos, no Camboja. Foi difícil. No início, as autoridades achavam que era um golpe publicitário. Nunca experimentei um amor tão grande. Gostamos de cantar e nossa canção preferida é It must be love (do grupo Madness). Não acredito que uma pessoa que adota uma criança esteja fazendo um favor. Ambos estão começando juntos um caminho maravilhoso.”



O jogador Roberto Carlos adotou o menino em Araras (SP). Na época, Júnior estava doente e precisou passar por uma cirurgia no coração. Agora, é só traquinagens.


"Apesar de o Brasil ter uma população morena, todos querem lourinhas. Na Bahia, 80% são negros, a raça mais bonita do mundo. Não faria sentido adotar uma criança branca", diz ele. Aos 66 anos, safenado recentemente, o humorista fala sério: "Com amor, tudo dá certo."
FONTE: Revista ISTOÉ edição 1683 - 29-06-2005



17.10.06

Pela educação, um vencedor


PELA EDUCAÇÃO, UM VENCEDOR


Filho caçula de uma família pobre da periferia de Belo Horizonte (MG), aos 6 anos, Roberto Carlos Ramos foi matriculado pela mãe na Febem de Minas Gerais. Na época, início dos anos 70, a instituição tinha a proposta de educar as crianças carentes. “Todas as mães queriam colocar seus filhos lá. A Febem era vista como um paraíso”, relata.
Longe dos pais, Roberto passou a fugir do internato. “Eu era apenas um número. Não tinha referências afetivas”. Aos 13 anos, sem contato com a família, já havia fugido 132 vezes e em sua ficha havia delitos como roubos de carteiras e uso de cola de sapateiro e maconha. “Fui considerado um caso irrecuperável”, conta.
Foi então que ele conheceu a pedagoga francesa Marguerit Duvas, que visitava a Febem para realizar uma pesquisa. O menino, que era analfabeto, foi adotado por Marguerit, mas continuou fazendo suas travessuras e chegou a deixar as torneiras da casa abertas, causando uma verdadeira inundação.
Marguerit continuou a dar amor e carinho ao jovem Roberto Carlos, que seguiu com ela para a França, onde foi alfabetizado e retornou ao Brasil para estudar pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Marguerit morreu quando Roberto Carlos tinha 20 anos. Para superar a morte dela, aos 21, ele adotou seu primeiro filho, um menino de rua, que na época tinha 9 anos. Hoje, com mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Carlos tem 13 filhos, todos adotivos. O mais velho tem 27 anos e o mais novo, 10.
Roberto Carlos também reencontrou sua família em Belo Horizonte. “Minha mãe sempre diz que sabia que eu seria alguém na vida”.
O pedagogo já lançou vários livros, CDs e DVDs com histórias infanto-juvenis e leva um pouco de sua experiência de vida para pessoas no mundo todo por meio de palestras e cursos. “Procuro mostrar que só é possível vencer pela educação. Com o estudo fazemos nossa história diferente”, enfatiza.
TEXTO: Renata Freitas
PUBLICADO: Correio Popular - Revista Metrópole - 31/7/2005

5.10.06

Homenagem

Este post é uma homenagem ao meu Natan que, no dia 09 desse mês completará seis aninhos de vida. E é uma homenagem a todos que se permitem compartilhar um amor tão incondicional e intenso.



Vamos, pare de chorar
Tudo vai dar certo
Apenas pegue minha mão
Segure forte
Eu te protegerei
De tudo ao seu redor
Eu estarei aqui
Não chore

Para alguém tão pequeno
Você parece tão forte
Meus braços te abraçarão
Manterão você seguro e aquecido
Este laço entre nós
Não pode ser quebrado
Estarei aqui
Não chore

Porque você estará em meu coração
Sim. você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Você estará em meu coração
Não importa o que disserem
Você estará aqui em meu coração, sempre

Por que eles não conseguem entender
A forma como nos sentimos
Eles simplesmente não confiam
Naquilo que não conseguem explicar
Eu sei que somos diferentes mas,
Dentro de nós
Não somos tão diferentes assim

E você estará em meu coração
Sim, você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Não dê ouvidos ao que dizem
porque, o que eles sabem?
Nós precisamos um do outro
Ter um ao outro, abraçar
Eles verão com o tempo
Eu sei

Quando o destino te chama
Você precisa ser forte
Eu poderei não estar com você
Mas você terá que continuar
Eles verão com o tempo
Eu sei
Nós mostraremos a eles juntos

Porque você estará em meu coração
Sim, você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Oh, você estará em meu coração
Não importa o que dizem
Você estará em meu coração, sempre
Sempre...


- Tradução da música You'll be in my heart (Phill Collins) -

3.10.06

A solidariedade de um pequenino


A SOLIDARIEDADE DE UM PEQUENINO

"A sacolinha da minha querida Ana Paula está quase pronta!!! Fiquei tão feliz hoje...pela primeira vez depois de muito tempo visitei a seção feminina infantil para adquirir a sandalhinha a as calcinhas da "barbie" para minha afilhada do dia das crianças!!! rsss Fiquei toda prosa! e meu Henrique perguntou, desconfiado:(até pq ele estava me ajudando segurando os produtos que eu escolhia) "Mainha quem vai usar essa sandália e essas calcinhas pq vc já é grande né?! E agente não é menina!!!" rsss "É para nossa irmãzinha que vai chegar?!" Achei o máximo!!!
Tive que explicar tudinho e não sei se ele entendeu tudo mesmo, mas entendeu que era para enviar para uma amiguinha que estava precisando lá em "San Paulo"!!! rsss.
Ele irá me ajudar a escrever a cartinha para ela tb!!! Irá ditar a mensagem que gostaria de enviar pra ela!!!
É pena fazermos tão pouco e só podermos apadrinhar uma criança! Mas, estou fazendo disso uma lição de como devemos sempre estarmos preparados para ajudar para meu Henrique ir se acostumando com isso! Hoje quando estávamos na loja de departamentos ele teve que deixar as sandálias do super homen que ele queria, para comprarmos os produtos da Ana Paula e ele tirou dos pészinhos as sandálias que havia provado e falou que já tinha as do Batman que estávam muito boas ainda!!! rsss (foi tão gratificante observar o comportamento dele!) "Ela precisa mais não é Mainha?!"
Tá vendo como a Ana Paula, sem saber tá ensinando valores valiosos ao meu Príncipe Poderoso?!
Obrigada amiga por nos proporcionar esses momentos e pq apesar de morarmos em uma região rodeada de miseráveis e crianças muito pobres as quais tentaremos ajudar com o que pudermos para o dia das crianças, natal e todo mês um pouco...sei do valor de se ajudar ao que não está tão próximo e não veremos seus rostos ao receber nossos humildes presentinhos, mas que é tão importante e gratificante quanto!Bom, eu e meus dois filhos, principalmente o mais velhinho de 6 anos estamos apadrinhando uma menininha desse projeto. Está quase tudo pronto e aproveitei a oportunidade para ensinar o meu filho que temos o dever de ajudar aqueles que tem menos que agente! Ele está aprendendo a doar! A ser generoso, embora já seja uma criança super carinhosa e solidária com os demais.
Desta forma, ele passou de criança carente, quando estava em um abrigo muito pobre daqui do nordeste, para ajudar uma outra criança de SP.
Acredito, de coração que essa é uma oportunidade e tanto para mostrar aos nossos filhos que o mundo não gira só em torno do umbiguinho deles! rsss É só sabermos aproveitá-la!"
Depoimento da mamãe do Henrique, nossa amiga Dea

2.10.06

Nova lei de adoção

Pessoal o post é grande mas esclarecedor, vale a leitura! Retirei do site da Cãmara dos Deputados federais...mas fico devendo o link.


Data: 24/11/2005 Tema: Lei Nacional de Adoção Participante: Deputada Teté Bezerra (PMDB-MT)
Confira as perguntas respondidas pela relatora do Projeto de Lei 1756/03, que institui a Lei Nacional de Adoção, deputada Teté Bezerra (PMDB-MT). Para facilitar a leitura, o bate-papo se compõe de quatro blocos: excesso de burocracia, acompanhamento da criança, adoção por homossexuais e adoção internacional.

Excesso de burocracia
(10:02) Gustavo: Em diversos debates promovidos pela Câmara, foi dito que uma nova lei sobre adoção era desnecessária. Qual a necessidade dela?
Deputada: O novo Código Civil tem dispositivos que anulam outros do Estatuto da Criança e do Adolescente. As propostas que estamos examinando ampliam o tratamento da adoção pela lei, inclusive colocando a adoção como um direito da criança.

(10:08) Patricia: Quanto tempo em média uma pessoa leva para adotar uma criança com menos de um ano? E uma criança maior?
Deputada: Não existem dados estatísticos para responder a sua pergunta. Além disso, as adoções são analisadas caso a caso, independentemente da idade da criança.

(10:13) Mari: Por que é tão difícil adotar um criança no Brasil? O sistema é burocrático demais? Quais são as formas de melhorias?
Deputada: Sua pergunta envolve questões complexas, como a informalidade das adoções, que reduz o número de crianças nos juizados; fatores sociais e culturais; e muitos outros. É preciso entender que as exigências legais não podem ser suprimidas, porque elas existem para a segurança e no interesse da própria criança. A burocracia tem um papel e a lei já adota os padrões mínimos de exigências.

(10:32) Pai Adotivo: A senhora tem idéia de quantas crianças estão à espera de adoção hoje no País?
Deputada: Infelizmente, não existem dados estatísticos a esse respeito.

(10:35) Pai Adotivo: Talvez fosse importante pesquisar e elaborar uma estimativa a respeito disso.
Deputada: Concordo. Acredito que o Poder Executivo, em parceria com o Judiciário, por meio das Varas de Infância e Juventude, poderiam realizar essas pesquisas.

(10:36) Pai Adotivo: O que leva essas crianças aos abrigos? Elas são abandonadas pelos pais? São órfãs? São muito pobres?
Deputada: Existem vários motivos que levam as crianças aos abrigos, entre os quais esses que você citou. Cada criança tem uma história particular. 85% delas, porém, segundo dados do Ipea, chegam lá por problemas sócio-econômicos. Um exemplo são as mães chefes-de-família que trabalham como empregadas domésticas e são obrigadas a residir no local do trabalho. Outro é a falta de projetos na área de habitação popular. Desemprego dos pais, desestruturação familiar e outros motivos, como a violência doméstica, também contribuem para engrossar as estatísticas.

(10:42) Pai Adotivo: Quais são os maiores obstáculos para quem quer adotar? E quais são as dificuldades para quem espera ser adotado?
Deputada: Geralmente, as maiores dificuldades para quem pretende adotar se referem ao tempo de espera de uma criança com as características que a família deseja. Para a criança que espera adoção, a maior dificuldade consiste, talvez, no tempo em que ela fica na casa-abrigo até que a declaração da perda do poder familiar aconteça e até que uma família se interesse por ela.

(10:44) JUAREZ: Em minha opinião, a Justiça deveria ser mais rápida na tramitação do processo.
Deputada: O substitutivo pretende contemplar prazos programáticos mais curtos para a manifestação do Ministério Público e para a ação de adoção.

(10:49) Antonio: Como poderia ser agilizado o tempo em que a criança espera a declaração da perda do poder familiar e que uma família se interesse por ela?
Deputada: Através do cadastro nacional. Além disso, a proposta institui o estágio de convivência, que precederá a adoção. Esse prazo será estabelecido pela autoridade judiciária, observando as peculiaridades de cada caso.

(10:18) Elli: Os juizados se ressentem da falta de pessoal e mal conseguem dar conta das poucas adoções legais que hoje existem. Uma nova lei vai resolver esse tipo de problema?
Deputada: Isso não é um problema de legislação. É um problema do Poder Judiciário e de sua dotação orçamentária e aplicação de recursos.

(10:05) Elli: Os abrigos para crianças estão cheios, mas poucas estão disponíveis para adoção. Parece que os juizados ficam anos tentando reinserir crianças em suas famílias, que não as querem ou não podem cuidar delas, até que ficam "velhas" para adoção. A nova lei pode resolver esse problema?
Deputada: A partir do momento em que se tem consciência de que 85% das crianças estão em casas-abrigo por problemas sociais e econômicos, as ações vão ficar voltadas para as que não têm mais vínculo biológico com suas famílias, através de equipes multidisciplinares. Acreditamos que isso possa, sim, acelerar o processo de adoção.

(10:12) Elli: Muitas crianças são deixadas em abrigos, mas a Justiça reluta em quebrar o pátrio poder. A lei não poderia facilitar essa quebra?
Deputada: O substitutivo vai encontrar uma redação equilibrada, tomando todo o cuidado para não deixar a criança vulnerável e dando oportunidade para que o juiz possa analisar caso a caso.

Acompanhamento da criança
(10:34) José: O projeto prevê o acompanhamento periódico da família que adotou a criança, para verificar se o ambiente em que ela foi inserida é adequado e se ela está recebendo a devida atenção?
Deputada: O que a lei faz é tratar o filho adotivo como qualquer outro filho. Normalmente, os pais biológicos não são sujeitos a acompanhamento judicial, então os pais adotivos também não podem ser.

(10:38) Rosana: Em relação ao questionamento do José, creio que a lei deveria fiscalizar, sim, os pais adotivos, independentemente da fiscalização dos pais biológicos.
Deputada: A Constituição proíbe explicitamente a distinção do tratamento entre filhos adotivos e biológicos. Assim, uma legislação que mandasse fiscalizar apenas pais adotivos seria absolutamente inconstitucional.

(10:40) Rosana: Corrigindo: fiscalizar, não. Acompanhar judicialmente.
Deputada: Uma vez concedida a adoção, o processo se extingue e o Judiciário não tem mais atividade possível no caso. Mas qualquer tipo de irregularidade ou abuso será fiscalizado pelas autoridades competentes, como o abuso contra qualquer outra criança.

(10:55) Salete Silva: A realidade mais comum é que uma criança é tirada da família de origem por maus tratos, muitas vezes conseqüentes da condição social. Passam uns dois anos na tentativa de recuperar a família e reintegrar a criança, o que não acontece. A mãe fica grávida nesse período, entrega mais dois ou três filhos até que a Justiça decida pela destituição do pátrio poder. Aí, o juiz não separa irmãos e é difícil encontrar lar para mais de duas crianças. Como acabar com essa situação, que é a mais comum nos abrigos?
Deputada: Essa questão não pode ser enfrentada pela lei. É uma questão fática que deve ser analisada e resolvida pelo juiz, caso a caso. Nada impede um juiz de decretar a perda do poder familiar em caso de maus tratos. Sobre os irmãos, creio que a grande dificuldade seja haver uma família adotante com disponibilidade econômica e afetiva para acolher três crianças de uma vez.

(10:08) Gustavo: A nova lei pode reduzir o número de "adoções à brasileira" (pegar uma criança para criar) e aumentar o número de adoções via Juizado de Menores?
Deputada: Cremos que uma lei aperfeiçoada e uma maior eficiência no trabalho dos juizados corresponderá à diminuição da informalidade. Certamente isso já ocorre hoje e, com a nova lei, a tendência é ampliar-se ainda mais a eficácia.

(10:12) Gustavo: Mas a nova lei vai tratar do caso de pessoas que encontram crianças sem intermediação do juizado e querem adotá-las?
Deputada: na legislação atual já existe a possibilidade de a pessoa apresentar a criança ao juizado, pedindo diretamente a adoção. Os projetos não pretendem suprimir essa possibilidade.

(10:22) Ana Salete: Não conheço o projeto na íntegra. Ele prevê a adoção consensual em todo o território nacional? Hoje, em estados como São Paulo, boa parte dos juízes não aceita esse tipo de adoção. Muitos casais tiveram a infelicidade de ver seus filhos arrancados de dentro de casa depois de 40 dias de convivência, e mandados para o abrigo. Após um ano e meio de tentativas, a reabilitação da família não aconteceu. Sabemos que um dia de abrigo faz muita diferença na vida de uma criança. Como o projeto resolve essa situação?

Deputada: O que é, para você, adoção consensual?
(10:28) Ana Salete: É aquela em que os pais biológicos entregam a criança para uma determinada pessoa ou casal, juntamente com uma declaração passando a guarda e o registro de nascimento. Os adotantes, então, entram com o pedido de adoção.
Deputada: É um princípio constitucional, que inspira todo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que a criança tem o direito inalienável de ser mantida na família biológica. Esse princípio obedece a definição constitucional de família e não pode ser contrariado pela legislação ordinária. Não se pretende modificar essa situação na nova lei. Embora pareça injusto para o casal que pretendia adotar e perde a criança, o que importa é o interesse dessa criança.

(10:17) Cida: Essa nova legislação abordará como será a divulgação da mesma?
Deputada: A divulgação de uma lei normalmente não consta do texto da própria lei. Mas o fato de não haver previsão não impede que as novas regras sejam divulgadas para o conhecimento de todos. Aliás, isso é necessário e desejável.

(10:32) Juarez: Existe a possibilidade de este projeto ser votado ainda neste ano?
Deputada: Não, em função dos prazos regimentais, que têm de ser cumpridos na tramitação.

Adoção por homossexuais
(10:16) Antonio: Qual a opinião da senhora quanto à adoção de crianças por homossexuais? Eu sou contra, uma vez que acredito que isso influencia a criança.
(10:16) Gustavo: Parece que a nova lei não prevê a adoção de crianças por casais homossexuais. A senhora pretende incluir essa possibilidade em seu relatório?
Deputada: Gustavo e Antônio, a proposta do deputado João Matos acompanha a legislação atual. Por não termos ainda o substitutivo concluído e por estarmos ainda discutindo com os membros da comissão, precisamos finalizar essa etapa para que o substitutivo possa trazer a sua posição final. A legislação atual não proíbe que pessoas solteiras, independentemente de sua orientação sexual, adotem crianças.

(10:22) Gustavo: É sabido que a adoção por casais homossexuais causa polêmica. Muitos são contra e os que são a favor dizem que a criança necessita da convivência familiar, mesmo que os pais adotivos sejam homossexuais. A senhora concorda?
Deputada: A comissão ouviu muitas famílias e juízes que são a favor da adoção sem questionar a orientação sexual dos adotantes. A questão é delicada, mas, considerando-se que na história da legislação brasileira nunca se proibiu esse tipo de adoção e nunca se verificou socialmente que tal situação conduza a problemas, parece-nos que a realidade social afirma que esse tipo de adoção não é diferente de nenhum outro.

(10:27) Gustavo: Pessoas solteiras podem adotar crianças, mas nada impede que esse pai ou essa mãe adotiva seja homossexual. Nesse caso, a criança conviveria não só com aquele que o adotou, mas também com o parceiro de seu pai ou mãe. A lei estaria fechando os olhos para essa situação?
Deputada: Esse é o grande problema de a lei não tratar da adoção por casais homoafetivos. Em caso de separação, é injusta a situação daquele que não adotou legalmente a criança, embora tenha exercido o papel de pai ou mãe.

Adoção internacional
(10:28) Antonio: A nova lei criará maiores restrições às adoções internacionais?
Deputada: Existe um decreto-presidencial (5491/05) que regulamenta a atuação de organismos estrangeiros e nacionais de adoção internacional. Acredito ser imprescindível cumprirmos o Tratado de Haia, do qual o Brasil é signatário e que regulamenta a adoção internacional.
Elli: O projeto de lei prevê regras para adoção internacional. Parece que crianças brasileiras só poderão sair do País se não houver mais possibilidade aqui. Qual é o objetivo dessa restrição? A adoção internacional não resolveria o drama de muitas crianças que vivem em abrigos?
Deputada: Pretendemos que se esgotem as possibilidades de adoção por brasileiros para que se permita a adoção internacional. É justo que a criança permaneça em seu país e cultura de origem, se isso for possível.

(10:36) Antonio: Por que não facilitar a adoção internacional?
Deputada: É um princípio de direito internacional privilegiar os naturais do país de origem. Como sabemos, abundam as filas de pretendentes brasileiros à adoção. Então, se há tantas filas, para que facilitar a adoção internacional? O substitutivo ao projeto de lei estabelece um cadastro nacional de adotantes e crianças, que será coordenado pela autoridade central administrativa federal. Acho que isso agilizará todos os processos de adoção, não especificamente os casos de adoção internacional. O tempo da criança é diferente do tempo de um adulto.

(10:47) Alexandre Vasconcelos: Creio que a adoção internacional dificulta qualquer averiguação do que se passa com a criança, não só pelos pais biológicos como também por outros brasileiros, o que dificulta apurar os casos de maus tratos. Por isso acho louvável que o projeto dê preferencia a pais adotivos brasileiros.
Deputada: Esses são os maiores motivos pelos quais nossa decisão é no sentido de tornar a adoção internacional uma exceção, só admitida quando não houver pretendentes brasileiros.

(10:13) Cida: Recentemente, vi uma série de reportagem na TV Alemã DWTV sobre como funciona o processo de adoção em vários países, inclusive na Alemanha. Aqui no Brasil há alguma iniciativa dessa natureza, ou seja, mostrar de forma simples, na televisão, como adotar uma criança?
Deputada: Acho que a imprensa tem, de uma maneira tímida, apresentado a adoção como um ato de amor e de solidariedade. Acredito que poderia ousar mais, aprofundando a discussão.

(10:47) Alexandre Vasconcelo: Creio que a adoção internacional dificulta qualquer averiguação
do que se passa com a criança não só pelos pais biológicos como também por outros brasileiros, o que dificulta apurar os casos de maus tratos. Por isso acho louvavel que o PL dê preferencia a pais adotivos brasileiros.
Deputada: Com certeza, esse acompanhamento das crianças será dificultado nos países que não subscreveram o tratado da Convenção Relativa à Proteção das Crianças. Nossas crianças podem correr o risco de não ter acesso aos programas sociais que esses países adotam para os seus cidadãos.

(10:53) Antonio: Parabéns pelo projeto, deputada. Desejo-lhe sucesso e que Deus a abençoe.
Deputada: Obrigada, Antônio. Esperamos que toda essa discussão e o projeto de lei possam preservar nossas crianças e lhes dar um lar e uma família. A adoção é um ato de amor.

(11:06) Salete: Obrigada pelas respostas, deputada. Minha maior torcida é para que seja implantada no País uma lei que realmente funcione em benefício dos adotantes, mas em especial das crianças que precisam do lar. Boa sorte em seu projeto.
Deputada: A criança tem de ser o objetivo principal no processo de adoção. Está superado aquele conceito de que famílias têm de adotar para suprir uma necessidade afetiva. O novo conceito é que cada criança tem o direito de ter uma família. "Falta calor, aquele calor de parente. Nem sei direito, nunca tive nenhum parente, nenhunzinho. O que eu sinto falta mesmo é de uma mãe". Essa declaração é de Adjackson, 12 anos de vida e 12 anos de abrigo.

29.9.06

Dia das Crianças


Agora estamos contribuindo com o Grupo de Orações Amor e Caridade, que ampara os irmãos da zona alagadiça da periferia de Itanhaém (SP) e outros irmãos de Itanhaém que vivem da coleta seletiva de lixo.

No momento, precisamos organizar 579 sacolinhas para o Dia das Crianças. Até o momento, o grupo conseguiu metade.

Preciso da ajuda de vocês para que todas as crianças recebam!

Prazo máximo de entrega: 10 de outubro, terça-feira.

Cada sacolinha deve conter:
a) Sapato
b) Roupa
c) Roupa íntima
d) Brinquedo
e) Material de higiene
f) Doces

Quem puder ajudar, por favor, entra em contato comigo no e-mail: ummundoparanos@uol.com.br .

Mesmo quem não mora em São Paulo pode ajudar.

27.9.06

Quequel bebê e a espera pela irmãzinha


QUEQUEL BEBÊ E A ESPERA PELA IRMÃZINHA
Essas fotos são inéditas! É a primeira vez que eu publico as fotos da minha moreninha bebezinha! Eu olho para essas imagens lindas e encho a Quel de beijos e mordidas! rs
Eu coloquei a primeira foto na tela do meu computador e a Quel falou hoje para o papai:"Papai, não é linda a menininha da foto?" rs Doida para ouvir os elogios!
Segunda-feira a Quelzinha atendeu a um telefonema e veio toda feliz me chamar: "Mamãe, é do fórum!" Ela ficou ao meu lado toda ansiosa achando que já era a sua irmãzinha. Fez um bico enorme quando eu expliquei que estavam marcando as nossas entrevistas.
Então, amigos, dia 25 de outubro estaremos conversando com a AS e a psicóloga.

25.9.06

Até logo, Vovô!


ATÉ LOGO, VOVÔ!
"Quando minha mãe disse que o meu vô ia ficar duas semanas aqui em casa, eu fiquei muito feliz! A minha felicidade foi a maior coisa que eu tive por dentro e eu nunca vou me esquecer desse momento, as brincadeirinhas com o meu vozinho.
Eu nunca vou esquecer quantas vezes ele me chamava de princesinha e de bebeinha. Eu adoro o meu vovô!
Um dia eu escrevi uma carta para ele e ele adorou.
Eu achava engraçado quando ele dormia no sofá da sala, quando estava passando Sessão da Tarde. Nuncaaaaaaaaaaa vou esquecer desses momentos!
Eu fiquei tão feliz nesses dias que eu estava com meu avozinho! Eu nunca quero que ele esqueça que eu amoooooo muito ele, bem lá no fundo do meu coração." - Quequel
Essas são algumas das palavras que a Quel escreveu para o seu vovô paterno! Um vovô que soube realmente ser um grande avô do coração!
Ele teve pressa de conhecer sua nova princesinha! Lá no Lindo Plano em que ele se encontra já deve estar cuidando dela por nós, até que ela chegue ao nosso lar.
Também tenho que dizer que sou uma pessoa privilegiada porque tenho dois pais! Meu sogro é um pai muito querido por mim! Dezessete anos em que ele só soube ser carinhoso comigo e me adotou.
Vovô, o Rafa, o Bi e a Quequel o amam muito!

15.9.06

Vencedores Não Usam Drogas

Era essa a mensagem que eu via todas as vezes que acabava um jogo no fliperama. Ok, era em inglês, Winners Don't Use Drugs. Mas isso não me impediu de me viciar nessas máquinas.

Sim, eu fui viciado em fliperama. Sim, acho que não existe nada mais patético em termos de vício.

Normalmente quando se fala em drogas, os pais ficam em pânico. Mas eu sei que o que assusta mesmo não são as drogas, porque muitos desses pais fumam ou bebem ou tomam remédios controlados. Todos eles são drogas. O grande medo aqui é a dependência. Então vamos falar um
pouquinho sobre isso.

Jovens têm uma tendência natural à dependência. Eles não têm estrutura nenhuma pra lidar com nada. Qualquer coisa vira um enorme problema, porque eles estão numa fase de muitas mudanças muito rápidas. Isso deixa qualquer um sem chão. A sensação é mais ou menos como
se você perdesse seu emprego e família ao mesmo tempo. Duvida? Pois bem: ao chegar no terceiro ano do segundo grau, todos os alunos deixam de ser estudantes. Automaticamente perdem toda a identidade que tinham construído a décadas pra encarar alguma coisa
completamente nova e desconhecida. Além disso, perdem a identidade familiar também. É, sim, não teimem!

Eu sei que os adolescentes não são expulsos de casa (pelo menos não todos), mas o status deles na família muda completamente. Não tratam mais eles como crianças bonitinhas que se andarem de patinete pela sala as visitas batem palminha. E ao mesmo tempo, não tratam
eles como adultos, uma vez que eles nem tem maturidade pra serem tratados como tal.

Então, ok, ser adolescente é ficar perdido no mundo, mas e daí? Calma, eu ainda não acabei! Além de ficarem perdidos, os adolescentes têm a sensação de que são imortais. Sério, porque vocês acham que mandam jovens pra guerra? Qualquer adulto acharia loucura, mas eles
realmente acham que NÃO vão morrer. A morte é uma coisa distante, a velhice é uma coisa impalpável. Vocês já foram adolescentes, devem saber como é ótima a sensação de que não existe nada mais além do agora. Existem livros de auto-ajuda tentando fazer a gente
lembrar dessa sensação!

Agora estamos prontos: Temos uma pessoa que se sente um bocado perdida e que está disposta a tudo pra se encontrar e que ao mesmo tempo não liga pras consequências que nunca vão chegar. Essa é a receita perfeita pra uma pessoa compulsiva.

Imagine que uma menina pire na própria beleza. Ela pode tornar isso a rocha central da vida dela, se segurar na beleza como se fosse a coisa mais importante do mundo. E daí pra uma viciada em cirurgia plásticas é um pulo. Um adolescente pode querer jogar, tornar a vitória em um vídeo-game o centro da sua estabilidade: aí temos um Panthro adolescente. Ou ele
pode querer abrir sua mente, experimentar novas sensações e tornar isso o mais importante de tudo. E aí vai querer experimentar o que for. Inclusive drogas.

Não existe muita solução aqui. É, pais, a vida é triste, nem sempre a gente tem a resposta pra tudo. Como disse a Rita Lee: "Não adianta chamar / quando alguém está perdido / procurando se encontrar". O máximo que os pais podem fazer é serem compreensivos, entenderem que é a pior fase da vida e tentar mostrar pra eles que existem diversas coisas interessantes e
que o saudável é não se preender em uma coisa somente. E que eles vão estar lá quando for preciso. Qualquer tentativa de repressão só piora o sistema, porque o moleque já está se sentindo rejeitado. Compreensão e apoio são as chaves.

Tá e os filhos adotados? Nada, ué. Tem alguma diferença? Se você não cortar eles não sangram? No final dá no mesmo.

12.9.06

Adaptação


" Porque um dia, ver uma criança sem família, ao relento, ou sob cuidados de uma isntituição, causará a indignação necessária, para mobilizar tudo e todos, em prol de lhe garantir o direito fundamental à convivência familiar"
CECIF
Bom, aproveitando algumas dúvidas que surgiram no grupo de discussão do yahoo, vim aqui para contar sobre a adaptação do Natanael. Pode ser que você aí agora esteja se perguntando, por que ela só fala do Nata se tem três filhos. Aproveito para esclarecer, que não considero a adoção dos pequenos tardia ( tinham 2 e 3), para mim vieram pouco maiores que um bebezinho, e a adaptação foi muito tranquila, pois eu ja tinha essa enriquecedora experiência anterior, que foi a adoção de um menino de sete anos.
Esse não era o meu perfil, eu queria uma menina poderia ter até uns 6 anos, e meu marido queria até dois tanto fazia o sexo...mas preferia um menino. Como podem ver o Nata surpreendeu todo mundo.
Eu entrei com o meu pedido de habilitação em março de 2.001, numa época em que falavam na escola em que eu trabalhava, na destituição de 5 irmãs, e que talvez fosse preciso separar o grupo, fato que comoveu um grupo de amigos da minha diretora que se prontificaram a ficar cada um com uma das meninas, e ela sugeriu que eu ficasse com a menorzinha, na época com 11 meses ( hoje ela está linda com 6 anos, e foi adotada pela minha amiga Ana Cristina aos 4 anos de idade, única delas a ser adotada...as outras da pena de lembrar).
Como toda grávida do coração, me deu aquela agônia típica de querer o filho para ontem, de pensar nisso 24 horas por dia...foi uma época em que comecei a descobrir esse mundo da adoção, nem poderia imaginar as trilhas as vezes sinuosas do caminho...mas uma trilha que dá num lugar lindo e acolhedor que é o filho da gente.
Eu morava no interior de São Paulo e tinha família em São Bernardo e em Santos, no feriado de 15 de junho, fomos a Santos visitar minha sogra e ela nos convidou para ir a Casa Vó Benedita, eu não sabia que não era muito ético chegar a um abrigo procurando e sonhando comum filho, fato esse que aprendi com Tia Jane, AS de lá e um dos meus anjos, ela nos acompanhou numa visita e foi logo esclarecendo que nem todas as crianças estavam disponíveis, que na faixa que pensávamos era muito díficil, e se ofereceu para nos apresentar as crianças do abrigo...foi uma delícia, brincamos com todo mundo e na hora de ir embora o Léo tropeçou no Natanael, que foi logo pro colo dele, ja me abraçou , disse que eu havia demorado muito para ir buscá-lo...essa frase me arrepia até hoje.
Trinta dias depois conseguimos a guarda dele e pudemos levar para Assis...e aí sim começa o que podemos chamar de maternidade e paternidade...e infelizmente eles não vem com manual, mas eu tinha assistência técnica, ligava direto para a Jane e a Beth ( meu outro anjo) no abrigo.
O Nata aprontou poucas e boas, até fogo no caderno de tarefa ele tacou, um dia deixei de castigo no quarto e ele se pendurou na grade da janela e gritava " Socorro, estou preso aqui, socorro quero voltar pra creche"...hoje eu dou risada da cena, mas no dia eu chorava feito uma doida e liguei pra Beth, que me mandou dizer pra ele que se era isso que ele queria que eu iria levá-lo de volta...o menino ficou branco, mudou de assunto e nunca mais falou de voltar.
Muitas das coisas que eu relacionava a adoção, a adaptação dele, muita coisas que me preocupavam, conversando com mães de amigos dele, todos filhos biológicos, eu descobria que eram coisas e atitudes de meninos da mesma idade , e coisas que os amigos faziam também...aos poucos isso ia me tranquilizando.
Outra coisa que me ajudou demais foi o livro " Adoção tardia: da família sonhada a família possível" da Dra Marlizete Maldonado Vargas, Editora Casa do Psicólogo....não me canso de falar desse livro, ele foi meu grupinho de apoio, como a leitura dele me ajudou a entender os processos que passávamos, como as experiências relatadas no livro foram enriquecedoras.
Hoje em dia quem opta pela adoção tardia, tem nosso grupo para contar e fico feliz de ver nossa comunidade crescendo, e ver que muitas vezes dão o nome do nosso grupo como referência, isso me alegra demais...OBRIGADA !
Termino essa postagem dizendo que tudo valeu a pena, e que eu faria de novo...talvez nem criando desde o berço eu conseguisse ter um filho tão sensível, tão querido, tão bom, tão honesto...um ótimo filho, um ótimo irmão...ele ainda apronta as dele, qualquer dia eu conto as artes. MAs saibam que filho " velhinho" é tão filho quanto qualquer um, e que as experiências anteriores podem transforma num apessoa melhor ou pio rdepende do enfoque que a gente dá, dos limeites e da educação que uma família possibilita.

7.9.06

ADAPTAÇÃO



No grupo do Yahoo, estamos conversando sobre um dos maiores fantasmas da Adoção Tardia: a ADAPTAÇÃO !
Uma criança é diferente da outra, mas algumas fases, testes e inseguranças são comuns à maioria das crianças adotadas tardiamente.

A adaptação não é um mar de rosas, mas também não é um bicho de sete cabeças!

O grande segredo é a rotina! A criança precisa entrar imediatamente na vida real. A psico que cuidou do nosso processo e também é diretora do Grupo de Apoio disse numa palestra que o ideal é que a criança não chegue em tempo de férias, mas de trabalho e estudo. Nós sentimos bem isso! A Quel passou dois finais de semana conosco e veio para casa definitivamente no feriado de Páscoa. Fomos com meus pais para Santos e foi um sufoco, embora ela tenha adorado o mar. No domingo à noite, estávamos até chateados, mas decidimos que nos afastaríamos um pouco da família e entraríamos na nossa rotina. Bastou uma semana para que nos sentíssemos uma família de verdade!
A Quel passou por tudo o que lemos sobre a adoção tardia: ficou muda e arredia nos primeiros dias; recusava-se a conversar e a me olhar nos olhos quando eu chamava sua atenção por algo que tivesse feito de errado; estranhou alguns alimentos (bom! hihi isso ela superou em menos de uma semana!); bateu nas coleguinhas do colégio; recusou-se a obedecer a professora e, finalmente, disse que não éramos seus pais e que queria ir embora.
Por outro lado, a Quequel me chamou de mamãe no primeiro dia em nosso lar; sempre disse (e diz) todos os dias que me ama; presenteia-me com muitos beijos e abraços diários; desde o primeiro dia escreve cartinhas de amor.
O mais difícil foi o primeiro mês! Só um mês! Principalmente no colégio! Foi muito mais uma adaptação que qualquer criança que sai de um colégio estadual para um particular tem de enfrentar. Ela estava na 2ª série e não sabia ler direito e só escrevia com letra bastão. Decidi voltá-la para a 1ª série! A psicóloga do fórum aprovou minha decisão. Foi muito bom para a Quel, até mesmo emocionalmente. E ela não está atrasada nos estudos! Ela foi matriculada na 1ª série com 6 anos, sendo que o aniversário dela é em 27 de dezembro!
Em apenas um mês, a Raquel já lia e escrevia! Isso porque ela se recusava a estudar, hein? No começo, eu perdia a paciência facilmente, mas depois fui percebendo que era só elogiá-la, pegá-la no colo, dar-lhe um pouco de carinho!
Carinho! Era disso que a Quelzinha precisava e foi isso que fez que superássemos bem a fase de adaptação! Conversei bastante com ela e sempre lhe declarei o meu amor. Mas também fui firme nas regras.
No dia do grande teste, dia 3 de outubro de 2004, ela não teve coragem de dizer; ela escreveu vários bilhetes: "Eu não te amo mamãe. Eu não gosto de você."; "Eu nunca te amei mamãe. Eu odeio você e o papai."; "Sou eu, a Rá. (desenhou uma carinha chorando) Eu não sou sua filha."; "Eu nunca te amei. Nunca vou amar"; "Eu queria ir embora daqui". Eu também escrevi: "Quequel, você é minha filha! Papai do Céu deu você para mim! Eu esperei você chegar! Eu te amo para sempre! Não quero que vá embora da sua casa!". Ela respondeu: "Mamãe, quero ir embora hoje."
Então, eu fui ao seu quarto, peguei a mochila que ela trouxe do abrigo, pus em cima da cama e disse: " Eu te amo! Você é minha filha! Quero que fique! Mas se você quer ir embora, arrume sua mochila, quando o papai chegar ele te leva!" Uns segundos...ela guardou a mochila de volta, pegou um perfuminho dela, escreveu "Para você" e me entregou! Nós nos abraçamos e ela chorou bastante.
Ah, um tempo depois ela fez esse teste com o papai também. Mas foi bem rapidinho e com palavras mais amenas!
Minha coleção de cartinhas é maravilhosa:"Quando você ficar velha, eu vou cuidar de você"; "Fada mamãe, você é o amor da minha vida."; "Mamãe você é linda tomando banho. Sua fofa muito linda"; "Você é minha melhor amiga"...e muitos "eu te amo", "amor"...
O que eu quero lhes passar é que as dificuldades existem, mas são infinitamente menores do que o amor que recebemos de presente!

1.9.06

Trabalho Infantil




Quando a gente põe um chiclete na boca, não imagina que a história pode ter começado nas mãos dessas crianças, muitas vezes feridas pelo ácido. Quando alguém toma um gostoso cafezinho, nem pensa que a história pode ter tido seu início em um dos sacos pesados de café que alguma criança ajudou a colher. Quando adoça esse mesmo café, também não calcula o esforço imenso que muitas crianças devem ter feito para cortar a cana que originou o açúcar.
O trabalho infantil é uma das formas mais cruéis de se negar o futuro ao ser humano, pois a criança deixa de estudar. No mundo todo há 250 milhões de crianças trabalhadoras, 56% meninos e 44% meninas, a maioria na agricultura. Apesar de oficialmente proibido pelo estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, o trabalho infantil é ainda uma triste realidade no Brasil. São 2,8 milhões de pequenos brasileiros entre 5 e 14 anos e 3,6 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que desconhecem a educação e o lazer, trabalhando no lixão, nos canaviais, nas plantações de café, tomate e de sisal, na extração da resina dos pinheiros, nas florestas de babaçu, na lavra do granito, nas olarias, nos garimpos, nas carvoarias, na indústria, nos serviços domésticos ou nas ruas (vendedores, engraxates, guardadores de carro, carregadores, catadores de papel), inclusive na prostituição. Os pequeninos brasileiros abandonam a escola cedo, e os que a freqüentam têm baixo aproveitamento devido ao cansaço. Mais da metade não recebe nada pelo que faz, apenas engrossa o ganho familiar.



Denuncie!

0800-99-0500 contra exploração sexual de crianças e jovens

Programa Empresa Amiga da Criança www.fundabrinq.org.br/peac

Ministério Público - 0800 11 1616

Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil – Esplanada dos Ministérios, bl T, 2º andar, anexo II, sala 222, Ministério da Justiça, CEP 70 064 – 901, Brasília – DF (61) 429 – 3880/3921

"Trabalho infantil doméstico: não leve essa idéia para dentro de sua casa!" - slogan da agência publicitária McCann-Erickson, 2003

29.8.06




A adoção de crianças durante muito tempo desafiou a competência e a sensibilidade dos adotantes e dos técnicos. Aquilo que a criança “já havia” vivido era considerado como uma barreira intransponível, ela já estaria indelevelmente marcada pelos sofrimentos do abandono. Além disso, a adoção tardia, assim como a inter-racial, impossibilitavam o “fazer de conta que é biológico”, por isso, esse tipo de adoção era sumariamente descartado, e até mesmo desaconselhado, pela maioria dos candidatos.

O processo de transformação cultural que vive a adoção hoje, passando da imitação da biologia para a expressão de um direito da criança, o direito de crescer numa família e não numa instituição, vem permitindo a um número cada vez maior de crianças maiores a possibilidade de sonhar com uma adoção, vem permitindo a um número cada vez maior de pretendentes a possibilidade de viver os desafios, as conquistas e as alegrias inerentes a essas adoções.

Uma preciosa lição que nos é dada por pais como Decebal Andrei e Tizuka Yamazaki é a de que é preciso despertar na criança o desejo de ser adotada.

Uma criança maior precisa compreender e aceitar uma adoção, e essa é uma experiência humana particularmente complexa. Todos aqueles sentimentos que ela não viveu, não aprendeu a viver, tais como: confiança, segurança, estabilidade, afeto, continuidade, delicadeza, pertencimento, dentre outros, de um momento para o outro, passam a fazer parte de seu cotidiano, e devem ser aprendidos, apreendidos, assimilados.
Se é verdade que cabe ao pais uma grande responsabilidade, composta de muita paciência, tolerância e firmeza, na condução dessa mudança, é preciso reconhecer o imenso esforço que fazem os jovens adotados tardiamente para acreditar que, daquela vez sim, é para valer.

Promover aproximações graduais, estimular a fase de “namoro” quando ela for possível, disponibilizar uma Rede de apoio no pós-adoção, para os pais e para a criança, são medidas que aumentarão substancialmente as chances de êxito dessas adoções. Socializar a rica informação já disponível, em livros e vídeos, sobre o tema, também, consolidará esse processo de mudança e permitirá o crescimento das adoções tardias em nosso país.


Fernando Freire, Psicólogo da Associação Brasileira Terra dos Homens/ABTH

26.8.06

Achei este este comunicado da Família Shurman tem alguns meses..e semrpe pensei se deveria postá-lo aqui.
MAs depois de um topico na comunidade " Adoção um ato de amor", achei que deveria:

Homenagem a Kat Schürmann


O novo rumo da nossa pequena tripulante...

Pequena apenas no jeito franzino e delicado... Quem a conheceu sabe de sua grandeza e personalidade de atitudes firmes e decididas... Um exemplo de perseverança e de amor à vida.

Desde que nasceu, Kat lutava bravamente para viver e aproveitar intensamente cada instante junto à Família, amigos e à natureza, a qual tanto amava e defendia.

Não era a primeira vez que, rapidamente, um pequeno resfriado transformava-se em um princípio de pneumonia e debilitava a nossa mais jovem tripulante. Mas repentinamente, a vontade de Kat, feito uma forte rajada de vento, enchia o seu espírito de vida e tudo não passava de um susto. Mas desta vez, não deu...

Muitos não sabem, mas Kat era soropositiva desde que nasceu. A adotamos ainda pequena, na Nova Zelândia sabendo de sua condição. Sua mãe já havia partido e o pai viria a nos deixar anos depois.

Claro, sabíamos que seria muito difícil. Kat era muito pequena, o seu estado de saúde sempre foi preocupante. Kat já havia nascido com esse desafio de saúde, bastante debilitada. Quando a conhecemos, exigia sérios cuidados. Mas não poderíamos deixar de dar uma chance àquele anjinho de lutar pela vida. Ela queria viver! Estava em seu olhar!

E foi a decisão mais importante que tomamos na vida!

Com o passar dos anos e a evolução da sua saúde , da medicina e, acima de tudo, da sua vontade, tínhamos a esperança de tê-la entre nós por muito e muito tempo. Mas ontem, 29 de maio, ela partiu...

Acreditem, foram os anos mais felizes de nossas vidas... Kat sempre foi muito especial e deixou mais exemplos e ensinamentos do que muitos que viveram décadas...

São lições que marcarão as nossas vidas e de todos aqueles que com ela conviveram. Kat sempre lutou bravamente contra a doença, sempre debateu a questão do preconceito, a importância do amor e da Família.

A luta de uma criança contra essa doença é inglória! Noites mal dormidas, remédios, mal-estar, hospitais, entre outros fatores, são capazes de tirar a alegria mesmo desses pequeninos cheios de luz e energia.

Mas nada é pior do que o preconceito e a falta de amor! Ela sempre pedia para as pessoas não julgarem as crianças que tinham qualquer limitação, porque ela sempre foi descriminada pelo seu tamanho e forma de caminhar. Mesmo assim, nos últimos dias, Kat manifestava forte vontade de falar da sua luta contra o vírus com os amigos da escola... Se mostrava indignada com a possibilidade de ser discriminada por isso... Estávamos debatendo essa possibilidade.... Ela queria que as pessoas entendessem que somos todos são iguais. Kat queria quebrar esse preconceito. Não houve tempo...

Por isso, decidimos escrever este comunicado. Assim como a chegada de Kat encheu nossas vidas de alegria, dignidade e respeito ao próximo, que a sua partida possa conscientizar a todos da importância do amor, do carinho e da compreensão na vida daqueles que sofrem de algum problema de saúde, não apenas os soropositivos.

Kat foi e sempre será muito amada, viveu intensamente cada segundo de sua vida, conheceu diferentes lugares em todo o mundo e sempre contou com apoio da sua Família. Por isso, temos a convicção de que partiu em paz, cheia de amor e grandes lembranças.

Tenham certeza, fizemos tudo que estava ao nosso alcance.

Infelizmente, essa não é a realidade da maioria das crianças que sofrem de alguma condição de saúde e que convivem com o preconceito, a falta de recursos e de calor humano... O desejo de Kat era mudar tudo isso... Como o nosso era tê-la para sempre!

Nos despedimos da nossa marinheira Kat ontem, em uma cerimônia intima e familiar. Suas cinzas serão levadas para Nova Zelândia, onde ela descansará ao lado de Robert e Jeanne, seus pais biológicos, cumprindo assim, uma promessa que selamos com eles. No próximo sábado, às 17h30 na Capela São João, em Ilhabela-SP, faremos uma homenagem à vida dessa grande menina.

Gostaríamos de agradecer todas as equipes médicas do mundo inteiro que sempre lutaram pela vida da Kat, em especial, a equipe que estava conosco quando ela partiu.

"Em homenagem ao nosso Anjinho, que agora navega nas nuvens do céu"

Família Schürmann

22.8.06

Pare, Liberte, Permita!


Tenho lido e ouvido muitos relatos com experiências relevantes que abordam dúvidas, medo, ansiedade... Acredito que antes de tomarmos qualquer tipo de decisão, temos que procurar nos centrar, respirar fundo e seguir adiante. Ter um filho é uma decisão importante e envolve muitas vidas, sentimentos, emoções, responsabilidades. E, para que possamos fazer bem ao outro é preciso que comecemos a fazer bem a nós mesmos, porque só sentindo o prazer de momentos felizes podemos dividí-los, só provando o sabor de um carinho podemos doá-lo, só experimentando o acolhimento podemos acolher... Ação e reação! Se permitir vivenciar qualquer coisa é um passo muito importante, e hoje, prestando um pouco mais de atenção à vida escrevi a mensagem abaixo no meu blog pessoal, em meio a filho pedindo ajuda no dever de casa e marido acabando de chegar do trabalho.
Achei válido compartilhar com vocês! Aí está:

Pare de tentar analisar o comportamento das pessoas pelo simples fato de querer entender de que forma você faz diferença para elas;

Pare de tentar decifrar olhares, porque essa linguagem deve ser compreendida no exato momento em que ocorre... se existe dúvida, melhor não procurar "porquês" e "serás";

Pare de querer encontrar justificativa para tudo. A vida taí, e além de ser vivida, precisa ser sentida. Portanto, para sentimentos não há justificativas;

Pare de se lamentar pelo que não fez. Pare de se arrepender pelo que fez. A experiência do fazer ou não fazer vale do mesmo jeito e ambas sempre acontecem na vida de alguém;

Pare de procurar explicações pelas atitudes dos outros, teimar em entender porque agiram desta ou daquela forma com você, o importante é a forma como você age;

Pare de marcar hora pra tudo, deixe um pouco a vida acontecer, pois é nesse momento que os milagres acontecem, que um beijo é roubado, que um carinho é compartilhado, que muitas coisas que realmente importam começam a se fazerem sentir;

Liberte seus medos, deixe que eles voem pra bem longe, mas não os deixe escapar de vez. Uma dose de medo é sempre bom para termos uma vida equilibrada;

Liberte seus sonhos, deixe eles virem para o mundo exterior porque, permanecendo dentro de você, eles nunca terão a chance de se concretizarem;


Liberte sua mente, deixe ela vagar em mundos desabitados e explorar as cavernas do seu mundo interior. Uma mente liberta proporciona a expansão da criatividade e dá acesso ao universo das idéias;

Liberte o seu corpo, permita que ele dance uma música que o inspire, deixe que ele seja embalado numa valsa a dois, aceite que ele se expresse em emoções. Um corpo em constante movimento jamais se torna envelhecido e doente;

Permita-se viver... Mas um viver intenso, incondicional;
Permita-se respirar, sentir o caminho do ar;
Permita-se sorrir, mesmo que as pessoas ao seu redor não entendam a dimensão da sua alegria;
Permita-se chorar, mesmo que não haja ninguém em volta para te consolar;
Permita-se amar, mesmo que o amor seja platônico ou não correspondido... mesmo que seja uma palavra ou um simples sentimento fora de moda;

Pare, Liberte, Permita.

- Mila Viegas -

20.8.06

Acolher... Se permitir...

Eu ia comentar o post da Glau (abaixo), e também faz um bom tempo que não venho até aqui para escrever algo. Não que o post dela não mereça ser comentado, longe disso, mas interessante que foi justamente este assunto que abordei em um e-mail que acabei de enviar para o nosso grupo.

Falando sobre a vinda do meu Natan e de como as coisas aconteceram e acontecem a partir de então, eu muito reflito. Primeiro de tudo, meu filho está comigo há quase seis meses e a sensação que temos é que ele sempre esteve aqui... interessante isso! Mais interessante ainda é o fato dos nossos familiares sentirem a mesma coisa (minha mãe, minha irmã, enfim...).

Às vezes, algumas pessoas curiosas me perguntam porque decidimos adotar uma criança mais velha e eu respondo "Não decidimos!"... rs. Se eu disser que foi uma "decisão" nossa, para mim soaria como se nós, os adultos, fôssemos dotados de plenos poderes em relação aos acontecimentos, ou seja, tivéssemos controle sobre tudo e todos. Conosco não foi assim! A medida que abríamos a nossa mente e coração para a adoção, pensávamos em um bebezinho, indefeso, carente, frágil. Mas, quando recebemos a notícia de um bebezão de cinco anos de idade, eu parei. Fiquei muda! Fiquei dormente! Meus batimentos cardíacos pareciam mais uma bateria de escola de samba... E em fração de segundo eu pensei comigo mesma... "É ele".

Como bem disse a Gláucia, a gente não ouve sininhos, sinetas, ou o mundo passa a ser cor-de-rosa.... ou então parece que você está vivendo um conto de fadas. Pelo menos eu não senti isso não... Ao mesmo tempo que me sentia feliz, um desespero aterrador tomou conta de mim, fiquei nervosa, agitada e em minha mente tive dúvidas em meio aos milhares de porquês que desfilavam na minha frente.

Quando eu vi o Natan pela primeira vez, eu ainda estava neste clima tenso dentro de mim. Fiquei tão atônita que não sabia o que dizer. Apenas o segurei no meu colo e o levei para o carro, e meu marido chorava disfarçadamente num cantinho, enquanto minha cunhada nos acompanhava. Não houve mágica! Aquele momento, pra mim, era um momento de transição, "antes do Natan e depois do Natan", minha vida sem ele e minha vida com ele... Agora eu era mãe, uma figura que eu não havia sido antes. Que medo!

Mas então, fui presenciando a "mágica" acontecer. Diária e constantemente a mágica de um compromisso selado, de um amor construído... a mágica do acolhimento. Eu o acolhi e ele me acolheu numa cumplicidade única que só as mães experimentam com seus filhos... Uma cumplicidade que fala a língua do olhar. A mágica vem acontecendo e se torna ainda mais evidente quando o meu filho me diz simplesmente que me ama, ou canta uma musiquinha pra mim. Hoje, quando começou a chover e a esfriar, ele disse assim "Mamãe é o sol, papai é a chuva"... rs e, na linguagem dele eu entendi perfeitamente. Quando o levo para a escola, nós vamos conversando e ele sempre me faz muitas perguntas, dia desses ele me perguntou por que chovia, por que não podia apenas fazer sol. E eu respondi: "Ora, e como as plantas vão beber água? Meu filho, tem hora pra chover e hora pra fazer sol, não haveria harmonia (ele entende o que é harmonia) se só chovesse ou só fizesse calor, nós e todos os seres vivos precisamos das duas coisas, entende?". Como pode uma criança tão pequena compreender a moral de tantas coisas?

Enfim, todos os dias tenho algo pra contar em relação ao nosso amor construído e mantido com sinceridade, mas, se eu não tivesse me permitido acolher um bebê de cinco anos jamais teria o privilégio de conviver com alguém tão especial. Na verdade, é difícil dizer o que ele é... é meu filho! Sempre meu! O que acrescentaria uma herança genética nisso? Não sei! Sinceramente, não sei se faria tanta diferença.

Natan é uma das poucas pessoas que me olham com sinceridade... Faz parte de uma minoria que nutre um amor sublime por mim... É uma criança bem humorada, que tem um dos sorrisos mais lindos que eu já vi nesta vida. Às vezes, sinto medo de não ser tudo de melhor pra ele, medo de decepcioná-lo, medo de errar. Mas seres humanos são assim, imperfeitos. Eu não o adotei, não o acolhi simplesmente, mas sim o amor e o desejo que ambos lançamos ao universo fez com que Deus nos acolhesse e unisse nesta causa.

Um grande beijo!
Mila Viegas
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Oi gente...
Eu sou uma pessoa que não consegue ficar parada muito tempo...só se estiver dormindo, coisa que eu adoro, apesar de ser agitadinha.
Como já comentei lá no grupo estou desempregada ( até janeiro só se Deus quiser e vocês derem uma forcinha ai no pensmento positivo), por isso vivo procurando o que fazer, o que é realmente perigoso ...Eu adoro cozinhar.
Mas não é esse cozinhar de arroz e feijão, eu adoro fazer pão , bolo, torta...descobriram onde mora o perigo?
A estas alturas um visitante de primeira viagem está ai a questionar o que isso tem haver com adoção tardia...bom isso é uma ilustraçãozinha para entenderem o contexto em que essa situação aconteceu.
Bom continuando...estes dias estava eu fazendo pão ( e aqui é uma beleza de fazer porque é quente e o pão fica fofinho), a casa com aquele cheiro de casa de vó, os pequenos rodando atrás de mim na cozinha, reclamando de fome...nisso chega o Natanael, esse lindo das fotos, meu filhote mais velho...
Chegou e parou na porta da cozinha e eu tomei um susto! Meu menino ta virando homem! Mas já?! Gente o tempo passa muito rápido...não dá para perder tempo na vida sofrendo por um filho imaginário, isso é oque eu fazia até o dia 25 de junho de 2.001.
Foi nesse dia que vivemos a experiência mais linda, mais marcante, mais impressionante a maior e uma das melhores experiências da nossa vida...esse foi o dia em que reencontramos o nosso filho.
Não quero que pensem que nessas horas a gente ouve sinos...a cena se passa em slow motion, o sol brilha mais aquecedor...nada disso. É um momento sublime, mas também é um momento de dúvidas , de angustias, um momento em que você é obrigado a repensar todos os seus conceitos de felicidade, seus conceitos de maternidade e paternidade...agora é que você toma uma tijolada e se toca que ali na sua frente tem um filho precisando de você, um filho que já fala, que arguementa, que exige, que tem uma história díficil...um filho , e no final é isso que importa, você encara tudo, o mundo se for preciso por ele.
Só que essa é uma experiência que só exige uma coisa de você, só exige que se abra para ser feliz, que você aposente os seus medos e preocupações em nome do amor, exige que você acolha aquele filho tão diferente do que você sonhou.
Acolher um filho mais velho , não quer dizer que você não possa sonhar com um bebezinho ou uma bebezinha...só que a adoção tardia não precisa ser só para o segundo filho, para depois da experiência de trocar fralda...a adoção tardia ela é viável e pode ser a primeia opção...basta que você a acolha em seu coração.

17.8.06

Déborah e os papais corujas

"Ela chegou como um furacão, tinha 12 anos e não aceitava ser mandada. Havia muito tempo que era ela quem mandava na casa, no irmão e na mãe que estava na cama sendo cuidada por ela há mais de 2 anos.

Ela decidia o que, quando e como iriam comer, afinal era ela quem cozinhava desde os 8 anos.

Ela tb se achava mãe do irmão e como qualquer mãe sem experiência, o mimava e estragava, fazia tudo por ele, desde levar para tomar as vacinas até abaixar as calças, sentar no vaso e limpar o bumbum dele.

A administração da casa ficava por conta dela, a administração do tempo tb.

Ela só não podia administrar a morte da mãe e a condição de orfã com o irmão de 4 anos que se aproximavam. Chegou a pedir para a madrinha que lhe encontrasse um trabalho para que ela pudesse sustentar o irmão e continuar cuidando dele e sustentando-o.

Veio para nossa casa meio a contragosto, preferia mesmo era ficar com a avó que deixava que fizesse tudo o que gostava de fazer. Eu me apavorei e falei para a psicológa do fórum que ela poderia decidir, que eu não iria interferir, apesar de querer que minha filha ficasse comigo, estava morrendo de medo de enfrentar o que poderia vir pela frente. A psícóloga me deu um chacoalhão e disse que quem decidia era meu marido e eu. "Criança de 12 anos não tem tanto poder de decisão assim!"

A é? Era assim? Então resolvi mostrar como eu era decidida; Abracei a causa e fui abraçada por ela.

Minha filha nasceu aos 12 anos e alguns meses, ainda nasceu gêmea com um irmão de 4 anos.

Houve muita insistência nossa e muita resistência dela para trocar de lugar e passar da posição de mãe que ela exercia à posição de filha que era o lugar correto dela.

Houve broncas, caras feias, brigas, desesperos, choros, castigos, mas isso em qualquer família há. Me encontre uma família onde isso não tenha acontecido e eu direi: "Isso não é uma família."

Isso tudo aconteceu durante os primeiros anos. Uma vez eu estava muito preocupada e meu marido me disse: "Yara, daqui uns 10 anos esta menina estará casada e nós estaremos rindo de tudo isso."

Aos 16 anos ela nos presenteou com o namorado que escolheu, a princípio, eu como estourada que sou, queria comer o fígado do rapaz, afinal quem era ele para pegar minha filha de mim? Quem era ele para desviar a atenção dela? Os anos passando e eu sempre dizia: "Vcs irão se casar só daqui a 7 anos." Sempre era este o prazo, mesmo depois de 2 ou 3 anos de namoro. Eles riam e ficava por isso mesmo.

Quantas conversas na mesa da cozinha... quantas broncas pq o telefone celular não era atendido... quantas vezes peguei no pé do namorado... Quantas vezes ficamos na sala conversando abobrinhas até depois da meia noite...Quantas vezes comemos pizza todos juntos, roubando a azeitona de um e do outro, na mesma mesa da cozinha...Quantas vezes fiquei no meio das brigas dos dois tentando dar razão para um sem magoar o outro... Uma vez fui buscar o namorado no estacionamento do condomínio, eles haviam brigado e ele estava lá há horas enquanto ela assistia TV no quarto, rsrsrs.

Quando ela terminou a 8a. série, estava um pouquinho atrasada e resolvemos que ela faria supletivo. O marido entrou em pânico, será que ela entraria em alguma faculdade fazendo supletivo? Conversamos com ela e propusemos que fizesse cursinho durante o tempo do supletivo, ela aceitou. Terminou o supletivo e o cursinho em junho, em agosto do mesmo ano entrou no Mackenzie em Psicologia. Que orgulho, contei para quem queria ouvir e para quem não queria tb, rsrsrs.

Quando tivemos que viajar, ela preferiu ficar, estava com 20 anos, no meio da faculdade e ainda com o mesmo namorado. Pensamos e resolvemos que seria bom para ela e para nós tb, pois quem melhor que nossa filha para continuar na nossa casa e cuidar das nossas contas. O namorado veio morar com ela em outubro de 2003, se tornou marido oficial só em setembro de 2005.

Voltamos ao Brasil em fevereiro, para uma parada estratégica antes de mudar de país e resolvemos que a casa seria vendida, a filha e o genro, com o dinheiro que haviam juntado mais um dinheiro emprestado compraram um apto e para lá foram.

Viemos para o novo país, a formatura chegou, eu não sei pq, mas tive certeza por um tempo que o padrinho dela seria o marido dela, meu genro. Que nada, eu estava enganada, ela queria o pai, cheguei a comentar que talvez o pai não pudesse comparecer, ela me disse que então cancelaria a formatura e devolveria o dinheiro para nós, êpa!

Cheguei no Brasil no dia 5, fomos ver a última prova do vestido, comprar sapato, fazer unhas e cabelos. Coisa linda de se ver, uma filha se formando, numa universidade boa, tendo feito um curso bom, com notas boas e de boa cabeça. O marido chegou no dia 9 de manhã, bem no dia da colação de grau.

No sábado houve a festa, nossa filha estava linda, a festa estava linda, os convidados vieram todos, avós, tias, primos, primas, padrinho, madrinha, amigos, pai e mãe, ficamos na festa até às 4:30 da manhã, eu nunca havia feito isso!

O pai dançou a valsa do padrinho, a valsa do pai e só a largou quando teve que entregá-la ao marido para a terceira valsa.

Valeu sim e muito, como eu seria pequena se não tivesse adotado uma pessoa tão grande como vc minha filha Déborah! Te amo muito!

Deus foi muito bom ao deixar que vc convivesse conosco e nos ensinasse que gostar é isso, é mostrar que pode, que tudo valeu e que somos importantes para vc."

Beijos da Yara, mãe da Déborah 23, adotada aos 12 e do irmão Raphael 16, adotado aos 4.

16.8.06

Filho e Preconceito

Casal gay espera decisão legal para adoção - São José do Rio Preto, 13 de agosto de 2006

Carlos Chimba Roberta e Paulo estão na fila de espera: 200 pessoas na frente Débora Borges
01:15 - No documento de identidade, Roberta é homem. “Casado” há um ano e meio com Paulo Henrique Gonzalez Buzato, 38 anos, o travesti decidiu que é a hora certa de ter um filho, ou seja: adotar uma criança. Nesse Dia dos Pais, ambos entram em contagem regressiva à espera do novo integrante da família. O processo deve durar cerca de um ano. Na primeira fase, ainda dependem da aprovação do juizado da Infância e da Juventude para conseguirem um lugar na fila da doação. Cerca de 200 pessoas estão à frente deles. Quem pleiteia a vaga é Buzato, mas os dois vão deixar claro que vivem como marido e mulher. Roberta, 29 anos, pensa como mulher e, por isso, considera-se transexual. As mudanças de sexo e de nome ainda deverão ser concretizadas. O aspecto físico, no entanto, é o que menos importa sob o ponto de vista do casal. Os dois preferem enumerar as qualidades que garantiriam boa classificação entre candidatos a pais. Buzato é pensionista do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ele tem uma lesão cerebral que dificulta parte dos movimentos dos membros, mas que não o impede de andar ou de segurar objetos. Roberta é cabelereira, atende na casa das clientes. Com total autonomia sobre a própria agenda, ambos teriam tempo de sobra para se dedicar à educação da criança. Os dois moram em uma rua tranqüila, no bairro Jardim das Oliveiras, em uma casa de dois quartos (um para o filho), sala, cozinha, banheiro e amplo quintal. Pela casa, devidamente mobiliada, estão expostas fotos do “casamento” abençoado por familiares do noivo e da “noiva”. O tempo de espera que vem pela frente servirá para o casal preparar o quarto da criança. Buzato quer ser chamado de pai. Roberta, de mãe. O que interessa para os dois é que o menino ou menina que venha a ser adotado cresça com o entendimento de que a diversidade é normal e que todas as pessoas devem ser aceitas com suas diferenças. “Criação é tudo. Vamos fazer essa criança se tornar um adulto saudável e equilibrado”, diz o futuro pai.

Adoção

O juiz da Infância e da Juventude de Rio Preto, Osni Assis Pereira, não se mostrou muito receptivo à idéia de dois homens adorarem uma criança. Em entrevista ao Diário da Região, ele disse que a prioridade é entregar a criança à uma família tradicional, “normal”- com pai homem e mãe mulher. Em segundo lugar, a uma mulher ou homem sozinhos. Somente depois viria um casal homossexual, seja feminino ou masculino. Para ele, terceira opção só seria preferível à manutenção da criança em uma instituição. Mas o risco disso acontecer seria muito pequeno. “Há mais famílias na fila do que crianças disponíveis”, finalizou.

Edvaldo Santos Theodora, de 5 anos, entre o ‘Pai Vasco’ e o ‘Pai Ju’

Casal comemora a conquista: a filha Theodora Theodora, 5 anos, está orgulhosa. Diferente dos coleguinhas da escola, em Catanduva, ela fez dois presentes para o Dia dos Pais. Um para o “Pai Vasco” e um para o “Pai Ju”. Quem conta é a professora do Jardim da Infância, Vanessa de Almeida. “Todos na classe tratam com naturalidade o fato dela ter dois pais”, revela a educadora. Vasco Pedro da Gama Filho, 34 anos, e Dorival Pereira de Carvalho Júnior, 43 anos, comemoram hoje a vitória conquistada no dia 23 de dezembro de 2005: o reconhecimento da menina como filha de Vasco e a chegada dela à casa deles. Vasco adotou Theodora sem precisar omitir da Justiça o relacionamento que mantém com Júnior há 14 anos. Agora, o casal aguarda o resultado de nova ação que pretende adicionar também o sobrenome de Júnior ao nome da menina. Além de oficializar a situação familiar que já está estabelecida, o sobrenome asseguraria os direitos futuros da menina em caso de falecimento do “Pai Ju”. Está no nome dele todos os bens do casal.

Rotina

Durante as duas horas que a reportagem do Diário da Região passou na casa dos três, foram constatadas as pequenas alegrias que Theodora, cujo nome significa “presente de Deus”, levou ao lar. Ela repete algumas expressões usadas pelo casal e surpreende os adultos com frases do tipo: “Ai, pai, como você é...” ou “Acha, Bem?” Em todas as casas alguém tem de assumir o papel de “chato”. Na de Theodora é Júnior quem tem essa missão. A cada minuto, repreende a menina por estar com o dedo na boca, sentada de perna aberta ou falando alto. Vasco ri do companheiro e “passa a mão na cabeça” da menina: “O Junior não deixa ela ser criança.” Brincadeiras à parte, ambos levam muito a sério a tarefa de educar Theodora. Nenhum dos dois cede às ameaças de pirraça da menina por ser impedida de brincar de fazer bolhas de sabão dentro da sala ou por chegar a hora de ir para a escola. Cabelereiros e colunistas sociais, Vasco e Júnior passam todo o dia juntos e precisaram adequar a vida para cuidar de Theodora: “Ela mudou toda nossa rotina. Não tínhamos hora para nada, agora fazemos todas as nossas refeições em casa mesmo e nos revesamos para cuidar dela à noite. Mas não dá o menor trabalho”, garante Júnior. Orientação Para não cometer erros na educação da menina, o casal buscou psicólogos. Foram orientados a explicar tudo o que ocorre através de historinhas. Por exemplo, Theodora sabe que Deus colocou ela na barriga de uma moça, a genitora, porque os “papais” não poderiam ter filhos. A menina já sabe também que a palavra “mãe” tropeçou em uma “pedrinha” e virou “madrinha”. Uma tia de Júnior é quem responde pelo título. Segundo o psicólogo do Grupo de Apoio ao Doente de Aids (Gada), Marcos Aurélio de Oliveira Franchetti, a opção do casal de Catanduva foi acertada. As figuras paterna e materna mudaram de sentido com o passar dos anos. Antes, a primeira remetia à moral e a segunda ao afeto. Hoje, ambas são provedoras e os avós representam o afeto. A necessidade da criança ter por perto figuras masculinas e femininas pode perfeitamente ser suprida com a presença de “madrinha” ou “padrinho”, dependendo de cada caso.

(Matéria publicada no jornal Diário de São José do Rio Preto em 13/08/2006 e postada no grupo Planos de Deus por Kátia Pontes)