12.9.06

Adaptação


" Porque um dia, ver uma criança sem família, ao relento, ou sob cuidados de uma isntituição, causará a indignação necessária, para mobilizar tudo e todos, em prol de lhe garantir o direito fundamental à convivência familiar"
CECIF
Bom, aproveitando algumas dúvidas que surgiram no grupo de discussão do yahoo, vim aqui para contar sobre a adaptação do Natanael. Pode ser que você aí agora esteja se perguntando, por que ela só fala do Nata se tem três filhos. Aproveito para esclarecer, que não considero a adoção dos pequenos tardia ( tinham 2 e 3), para mim vieram pouco maiores que um bebezinho, e a adaptação foi muito tranquila, pois eu ja tinha essa enriquecedora experiência anterior, que foi a adoção de um menino de sete anos.
Esse não era o meu perfil, eu queria uma menina poderia ter até uns 6 anos, e meu marido queria até dois tanto fazia o sexo...mas preferia um menino. Como podem ver o Nata surpreendeu todo mundo.
Eu entrei com o meu pedido de habilitação em março de 2.001, numa época em que falavam na escola em que eu trabalhava, na destituição de 5 irmãs, e que talvez fosse preciso separar o grupo, fato que comoveu um grupo de amigos da minha diretora que se prontificaram a ficar cada um com uma das meninas, e ela sugeriu que eu ficasse com a menorzinha, na época com 11 meses ( hoje ela está linda com 6 anos, e foi adotada pela minha amiga Ana Cristina aos 4 anos de idade, única delas a ser adotada...as outras da pena de lembrar).
Como toda grávida do coração, me deu aquela agônia típica de querer o filho para ontem, de pensar nisso 24 horas por dia...foi uma época em que comecei a descobrir esse mundo da adoção, nem poderia imaginar as trilhas as vezes sinuosas do caminho...mas uma trilha que dá num lugar lindo e acolhedor que é o filho da gente.
Eu morava no interior de São Paulo e tinha família em São Bernardo e em Santos, no feriado de 15 de junho, fomos a Santos visitar minha sogra e ela nos convidou para ir a Casa Vó Benedita, eu não sabia que não era muito ético chegar a um abrigo procurando e sonhando comum filho, fato esse que aprendi com Tia Jane, AS de lá e um dos meus anjos, ela nos acompanhou numa visita e foi logo esclarecendo que nem todas as crianças estavam disponíveis, que na faixa que pensávamos era muito díficil, e se ofereceu para nos apresentar as crianças do abrigo...foi uma delícia, brincamos com todo mundo e na hora de ir embora o Léo tropeçou no Natanael, que foi logo pro colo dele, ja me abraçou , disse que eu havia demorado muito para ir buscá-lo...essa frase me arrepia até hoje.
Trinta dias depois conseguimos a guarda dele e pudemos levar para Assis...e aí sim começa o que podemos chamar de maternidade e paternidade...e infelizmente eles não vem com manual, mas eu tinha assistência técnica, ligava direto para a Jane e a Beth ( meu outro anjo) no abrigo.
O Nata aprontou poucas e boas, até fogo no caderno de tarefa ele tacou, um dia deixei de castigo no quarto e ele se pendurou na grade da janela e gritava " Socorro, estou preso aqui, socorro quero voltar pra creche"...hoje eu dou risada da cena, mas no dia eu chorava feito uma doida e liguei pra Beth, que me mandou dizer pra ele que se era isso que ele queria que eu iria levá-lo de volta...o menino ficou branco, mudou de assunto e nunca mais falou de voltar.
Muitas das coisas que eu relacionava a adoção, a adaptação dele, muita coisas que me preocupavam, conversando com mães de amigos dele, todos filhos biológicos, eu descobria que eram coisas e atitudes de meninos da mesma idade , e coisas que os amigos faziam também...aos poucos isso ia me tranquilizando.
Outra coisa que me ajudou demais foi o livro " Adoção tardia: da família sonhada a família possível" da Dra Marlizete Maldonado Vargas, Editora Casa do Psicólogo....não me canso de falar desse livro, ele foi meu grupinho de apoio, como a leitura dele me ajudou a entender os processos que passávamos, como as experiências relatadas no livro foram enriquecedoras.
Hoje em dia quem opta pela adoção tardia, tem nosso grupo para contar e fico feliz de ver nossa comunidade crescendo, e ver que muitas vezes dão o nome do nosso grupo como referência, isso me alegra demais...OBRIGADA !
Termino essa postagem dizendo que tudo valeu a pena, e que eu faria de novo...talvez nem criando desde o berço eu conseguisse ter um filho tão sensível, tão querido, tão bom, tão honesto...um ótimo filho, um ótimo irmão...ele ainda apronta as dele, qualquer dia eu conto as artes. MAs saibam que filho " velhinho" é tão filho quanto qualquer um, e que as experiências anteriores podem transforma num apessoa melhor ou pio rdepende do enfoque que a gente dá, dos limeites e da educação que uma família possibilita.

Um comentário:

Anônimo disse...

MEU NOME É LUZIA ESTOU NO PROCESSO DE ADOÇÃO TARDIA JA FUI ABENÇOADA COM MINHA FILHA DE 5 ANOS, ESTAMOS NA APROXIMAÇÃO NO ABRIGO ESTOU EXPLODINDO DE FELICIDADE..TUDO É NOVO NÃO VEJO A HORA DE SAIR PARA MINHA CASA COM ELA OBRIGADO PELOS DEPOIMENTO ME AJUDA MUNTO BJSS