17.10.06

Pela educação, um vencedor


PELA EDUCAÇÃO, UM VENCEDOR


Filho caçula de uma família pobre da periferia de Belo Horizonte (MG), aos 6 anos, Roberto Carlos Ramos foi matriculado pela mãe na Febem de Minas Gerais. Na época, início dos anos 70, a instituição tinha a proposta de educar as crianças carentes. “Todas as mães queriam colocar seus filhos lá. A Febem era vista como um paraíso”, relata.
Longe dos pais, Roberto passou a fugir do internato. “Eu era apenas um número. Não tinha referências afetivas”. Aos 13 anos, sem contato com a família, já havia fugido 132 vezes e em sua ficha havia delitos como roubos de carteiras e uso de cola de sapateiro e maconha. “Fui considerado um caso irrecuperável”, conta.
Foi então que ele conheceu a pedagoga francesa Marguerit Duvas, que visitava a Febem para realizar uma pesquisa. O menino, que era analfabeto, foi adotado por Marguerit, mas continuou fazendo suas travessuras e chegou a deixar as torneiras da casa abertas, causando uma verdadeira inundação.
Marguerit continuou a dar amor e carinho ao jovem Roberto Carlos, que seguiu com ela para a França, onde foi alfabetizado e retornou ao Brasil para estudar pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Marguerit morreu quando Roberto Carlos tinha 20 anos. Para superar a morte dela, aos 21, ele adotou seu primeiro filho, um menino de rua, que na época tinha 9 anos. Hoje, com mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Carlos tem 13 filhos, todos adotivos. O mais velho tem 27 anos e o mais novo, 10.
Roberto Carlos também reencontrou sua família em Belo Horizonte. “Minha mãe sempre diz que sabia que eu seria alguém na vida”.
O pedagogo já lançou vários livros, CDs e DVDs com histórias infanto-juvenis e leva um pouco de sua experiência de vida para pessoas no mundo todo por meio de palestras e cursos. “Procuro mostrar que só é possível vencer pela educação. Com o estudo fazemos nossa história diferente”, enfatiza.
TEXTO: Renata Freitas
PUBLICADO: Correio Popular - Revista Metrópole - 31/7/2005

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