25.5.07

Dia Nacional da Adoção: é só o começo da luta!

Dia Nacional da Adoção, ECA, leis de licença-maternidade para adotantes, tantas pessoas conversando sobre o assunto na internet, às vezes chegamos a acreditar numa evolução significativa da humanidade, mas logo percebemos que ainda estamos apenas levantando o pé em direção ao primeiro degrau da escalada.
Hoje, data tão especial, ouvi de uma colega de trabalho os mesmos preconceitos e falta de informação a que as famílias adotivas estão habituadas: "Eu posso ter dó, posso até ajudar um pouco, mas levar para a minha casa? Nem pensar! Você é louca!". Tudo dito com risos de deboche.
Como nos diz Lidia Weber, "o preconceito em relação à adoção ainda é forte. Existe dificuldade de encarar a adoção como uma outra maneira 'verdadeira' de constituir ou aumentar uma família e isso traz problemas para as famílias que decidem por este procedimento. (...) Além da questão de o filho adotivo não ter o mesmo sangue, existe a presença de uma questão social importante, mas pouco evidenciada: geralmente a criança adotada vem de níveis mais baixos na hierarquia social, e sabe-se que, especialmente no Brasil onde existem elevadores e partes especiais para empregados domésticos, o nível sócio-econômico é bastante discriminatório."
As famílias adotivas são parte dessa sociedade, por isso não estão livres dos mesmos preconceitos, ainda que tenham optado pela adoção. Quando falamos nas adoções necessárias (tardia, inter-racial, moral) parece que estamos ofendendo muitos pretendentes à adoção. A maioria se limita a dizer que "adoção não é caridade". Para mim, essa frase se tornou banal e vazia!
Os futuros pais falam em seus direitos, seus sonhos, "querem um bebê parecido com sua família, 'porque existe muito preconceito dos outros', e que 'possa ser cuidado desde pequenininho para poder sentir tudo o que tenho direito, até noites sem dormir.'" (LW) E o direito da criança? Basta dizer que adoção não é caridade?
"Aconselho (a adoção) porque o casamento não pode ser um egoísmo a dois e o casal deve escolher o tipo de criança." E essa frase não é egoísta?
Do outro lado, ouvimos: "Eu queria ter pais adotivos que gostassem de mim e dos meus irmãos e que nós fôssemos felizes até crescer. - menino de 12 anos".
O dia de hoje deve servir para encararmos a realidade, refletirmos e nos prepararmos para a árdua luta que ainda teremos de travar contra nossos próprios preconceitos e imperfeições.

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