Somos todos adotados
Eu estava pensando nisso a pouco tempo. Alguém no orkut achou que eu era adotado e eu ia corrigir. Depois pensei melhor: Todos nós somos adotados. Minha mãe olhou aquele serzinho com cara de joelho, achou lindo e resolveu criar. Poderia ter me abandonado, mas me adotou como filho. Resolveu, a partir daí, me educar. E ela não fez isso por algum instinto. Sério, ela nem comeu minha placenta nem nada. Se o médico tivesse trazido outra criança vermelha, inchada e com cara de joelho ralado, minha mãe nunca ia saber a diferença.
Ela não me criou porque eu tinha o mesmo sangue que ela. Na verdade, nunca fiz exame de sangue, nem sei qual é meu tipo. Ela não me criou porque me carregou nove meses na barriga, porque ela disse que esse período foi horrível, ela chorava muito, ficou com enjôo e os pés inchados. E tinha que trabalhar assim mesmo! Se fosse por ter me carregado na barriga, acho que ela teria raiva!
Ela resolveu me educar simplesmente porque quando me viu, disse pra si mesma: esse é o meu filho. E mesmo eu não parecendo em nada com a família da minha mãe (minha barba é ruiva e eu sou muito alto, pra não dizer que eu não pareço com nada), ela me criou do mesmo jeito. Meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha seis anos. E eu sou a cara do meu pai. Mas não foi por não ser parecido com ela que ela mandou meu pai me criar.
Foi ela ter enfiado na cabeça dela que eu era seu filho que me tornou filho dela. Se hoje ela descobrisse que eu tinha sido trocado na maternidade, ela ia dizer: dane-se continua sendo meu filho. E espero que tenham cuidado bem da outra criança, mas
filho mesmo, eu só tenho três. Ela não ia me devolver. Não ia achar que eu tinha deixado de ser filho dela. Não ia me tratar diferente porque eu era adotado.
Porque todos somos.
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Há 2 anos
Um comentário:
Parabéns! Seu texto é a mais pura verdade! Abraços.
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