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Motivos para ter um filho.
Oi a todos!
Primeiramente, quero agradecer a Glau o convite e toda atenção que ela e a Anne tem me direcionado desde quando ingressei na comunidade do Orkut, em seguida em nosso grupo e agora aqui também.
Me chamo Milena Viegas, tenho 27 anos, sou casada há quase 8 anos e temos um filho de 5 anos, que chegou em nosso lar há 3 meses atrás. Numa outra oportunidade contarei o início da nossa história aqui. Digo início porque ainda é pouco tempo e muitas coisas precisamos resolver.
Na comunidade, a Anne criou um tópico abordando a devolução de crianças aos abrigos, por parte das famílias substitutas e/ou adotantes. Isso me fez mergulhar em reflexões. Tentei por duas vezes responder ao tópico, porém, deu erro na hora do envio e perdi o que havia escrito lá.
A primeira coisa que nos ocorre em mente quando sabemos de algum caso em que a criança foi devolvida é: pessoas despreparadas para serem pais. Também conheço um caso onde depois de mais de 10 anos a mãe adotiva devolveu o filho, e o menino estava num estado emocional péssimo devido aos anos que passou ao lado dessa pessoa e também ao fato de ser rejeitado mais uma vez. Com o meu próprio filho houve duas devoluções, por isso entendo o medo que ele tem de estar aqui em nossa casa "só de passagem".
Muitos antes de nós pensarmos em ter filhos, tanto biológicos quanto adotivos, sempre presenciei situações chocantes relacionadas as crianças no meu cotidiano. Por ter uma família extensa, vi muitas crianças nascerem e crescerem; acompanhei o desenvolvimento de muitas delas.
Primeiro de tudo, o único motivo para querer ter um filho é o AMOR... a vontade de ser pai e mãe, o desejo de inserir mais um membro na família e por ele ser responsável. Esta sim deve ser a motivação para se ter um filho, seja biológico ou não.
O que vejo são mulheres engravidando "por acaso", alegando ainda, em pleno século 21 que "aconteceu". Quanto a isso, prefiro não estender meu pensamento. Talvez, esse tipo de argumento seja para encobrir outros desejos, como por exemplo, ter filho para "segurar marido" (pura ilusão), ou por causa de heranças de família, pensões, etc.
O fato é que muitas crianças têm sido concebidas através destes motivos e é aí que mora o problema. Quando se deseja um filho pelos motivos citados anteriormente, a pessoa não apenas não está preparada para sei pai ou mãe, ela definitivamente não está preparada para a vida. Não me cabe aqui julgar o caráter de alguém, sendo menos agressivo falar em "despreparo" emocional para a vida mesmo.
A partir daí a gente começa a entender as devoluções (digo entender, não aceitar), visto ser muito mais fácil devolver pra um Conselho Tutelar uma criança que a pessoa pegou lá, ou uma instituição, tanto faz. E quando falamos em abandono, logo nos vem a mente aquelas crianças desnutridas, sujas e doentes que vivem em comunidades de extrema carência. Nisso nos esquecemos que o abandono vai muito além desse estado visual o qual nos deparamos em alguns abrigos e nas comunidades. Não podemos nos esquecer do abandono emocional que pode ocorrer em qualquer família e em qualquer classe social, por mais que tenhamos uma visão de uma criança bem vestida, penteada, com bochechas coradas.
Isso tem sido sutilmente retratado naquele programa Super Nanny (embora eu só tenha assistido um). Pais de filhos biológicos que não sabem ou não querem lidar com seus filhos, e essa falta de limites das crianças filhos de classes mais privilegiadas, ao meu ver, trata-se de um tipo de abandono. Não dar limites é dizer "não me importa o que você faça".
Agora, imaginemos uma situação em que um casal de classe média/alta planeja um filho (adotivo ou não) devido a uma vantagem num momento em que uma divisão de bens está pra acontecer. Parece coisa de novela? Pois não é! Muitas vezes a situação está ao nosso lado, mas com um certo mascaramento e sutileza que não percebemos tanto. Qual seria a possibilidade dessa criança acima ser feliz e ter pais dedicados? Acredito que poucas.
Ter um filho não é brincar de bonecas, ter um filho não deve ser a partir de motivações de interesse próprio... filho não recupera casamento, filho não substitui qualquer coisa que seja.
Quanto as pessoas que devolvem estas crianças, são irresponsáveis? Completamente! São egoístas? Sim, ao extremo! Quem não quer se dedicar a uma vida, não pode ter a responsabilidade de uma criança, principalmente adotiva, já que essa criança precisa de muito mais atenção e acompanhamento.
Preciso me desculpar pelo post imenso, sobre esse assunto poderia ficar aqui escrevendo um livro.
Um grande beijo!
Mila
4 comentários:
Não há o que desculpar, amiga, e sim agradecer!
Adorei tudo que você escreveu e creio que pode nos ajudar muito a refletir.
Abandonar não é "apenas" largar na rua ou num abrigo.Muitas famílias moram com seus filhos, mas os abandonam todos os dias. A negligência emocional é mesmo muito grave!
Devemos repensar também no preconceito de achar que só as famílias pobres abandonam seus filhos.
Isso nos leva a outro tópico lá da nossa comunidade. A miséria não é motivo para uma destituição familiar; os maus tratos, sim! E existem não apenas os maus tratos físicos, mas os emocionais também, que deixam marcas profundas nas almas dos pequeninos.
Bem vinda Milena querida!
Sua participação é muito bem e importante.
Conte nos sempre sobre a adaptação do seu Natinha, e qualquer help é só pedir.
Muitos beijos
Glaucia
Eu concordo com tudinho que você falou.
Filho é para a vida toda, independente de biológico ou adotivo.
Parabéns pelo maravilhoso texto.
Abraço
Valéria
Oi Mila,
O abandono emocional não é divulgado pq teoricamente 'não aparece' como o abandono físico, mas realmente é muito grave. Concordo que a falta de limite é uma forma de não se importar, só que qdo a cça pega uma certa idade, os comportamentos provenientes da falta de limites passa a incomodar não só os pais, mas a todos que conviem com a família!
No concernente à devolução de cças a abrigos ou Conselho Tutelar, eu ainda não consegui sequer entender, pq qdo a pessoa é contactada para conhecer a cça, tem várias oportunidades de dizer 'não' ANTES de levar essa cça, seja na ocasião do contato, seja após uma ou várias visitas. Acho inconcebível um adulto dizer sim no fórum, dizer sim no abrigo, levar a cça para casa, passar alguns dias com ela e devolver com uma desculpa esfarrapada!
Pode ser que eu seja radical demais, ou crítica demais, ou pouco evoluída ainda para entender uma situação como essa!
Bjs e parabéns pelo post!
Cláu
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