Há séculos tem sido estudado e discutido sobre o papel desempenhado pela mulher e pelo homem nas sociedades, a evolução e a estagnação de determinados padrões construídos com o passar do tempo. Assim, nos esbarramos em comportamentos, emoções, sentimentos, elos, educação.
Aos poucos, estamos compreendendo que não está ao nosso alcance definir o Amor, sentimento sublime em sua essência. Muitos ainda acreditam que gerar um filho é ser verdadeiramente mãe, que a “semente” genética (óvulo e espermatozóide) trazem consigo um amor incontestável e incondicional. Porém, é fato que o Amor é uma semente e, por ser semente, necessita de um solo fértil para germinar, precisa ser nutrido para crescer e dar frutos.
Todo afeto para se dar, precisa de proximidade física e emocional. Deve ser conquistado COM e NA convivência, pois é na intimidade das relações construídas no cotidiano que germina, cresce e frutifica. E o amor materno e paterno não foge a essa regra. Não é decorrente, como se crê, da ação de algum instinto. Trata-se de afeição que, como qualquer outra, necessita de reciprocidade desenvolvida a partir de um relacionamento estreito e contínuo que assegure confiança e familiaridade aos que dele se nutrem.
Mães e pais, que desejam ter filhos biológicos, fazem planos. Da mesma forma que os pais adotivos o fazem. Pais biológicos que nutrem um desejo de ter um filho com sua herança genética, plantam uma semente, e a medida que ela vai se desenvolvendo o Amor vai surgindo. A barriga vai crescendo, tomando forma e a criança vai sendo esperada até que chega o momento de nascer. E, conforme o tempo vai passando, a convivência, os cuidados podem fortalecer esse amor que está sendo bem recebido, bem acolhido.
Pais adotivos também passam por uma gestação, às vezes muito mais longa do que os nove meses vivenciados pelos pais biológicos. Às vezes, uma gestação de anos, onde a semente foi plantada por um pensamento e desejo – Serem pais. E, durante toda essa “gestação emocional”, os planos vão sendo feitos mesmo que inconscientemente, a ansiedade se aproxima muitas vezes, o desejo de saber “por onde andará meu filho”? “Será que já nasceu”? “Será que está na barriga de alguém”? “Como será nosso encontro?”. E aqui, o Amor também está sendo semeado.
Ninguém é pai e mãe adotivos por acaso. Só adotamos crianças porque queremos, porque nutrimos a semente do Amor, que mesmo muito pequenina, pode encontrar possibilidades de crescer. Quando o nosso filho chega, quando somos solicitados a comparecer em alguma instituição ou conselho para conhecermos o nosso filho, parece inacreditável. A gente olha praquele ser, seja ele um bebê ou uma criança maior, e nem sempre acredita que aquele que está diante dos nossos olhos é o nosso filho.
O Amor à Primeira Vista existe, mas pode não acontecer com muitas pessoas, e é na convivência, na troca, no compartilhar de emoções que este Amor vai sendo construído, semeado. Vamos sim, aprendendo a Amar. Ajustando a nossa rotina para acolher e proteger aquela “mudinha” brotada da semente do nosso desejo – um filho. As coisas mudam, o cotidiano muda e sentimos prazer com essa mudança, afinal esperamos certo período para termos o nosso filho nos braços, um filho, antes de tudo, planejado, querido.
Um comentário:
Mila, sua participação no nosso grupo está sendo um grande presente!
Muito importantes e interessantes os assuntos que você tem nos trazido, tanto aqui, quanto no yahoo!
Ninguém olha para uma pessoa e pensa: "Você tem meu sangue, então eu o amo." É claro que o amor é construído com o tempo. Não poderia ser diferente com nossos filhos, né?
Xiii! rs Já comecei com esses pensamentos: "por onde andará minha filha?" Como diz a Dea, vamos rezando para que nossas meninas estejam sendo bem cuidadas.
Um abraço carinhoso
Postar um comentário