29.4.06

História da Quequel



Com a palavra, a própria Quequel, minha filha:

"Quando eu estava no abrigo, eu pensava que ia ficar sozinha lá, que ninguém ia me adotar. Eu achava que todos seriam adotados, menos eu. As pessoas me viam, mas nem ligavam.
O que eu mais gostava de lá eram os bebês! Não gostava quando as babás batiam na gente com chinelo; a gente corria e elas corriam atrás da gente. Nós ficávamos de castigo em pé encostados na parede e levávamos cintadas. Quando acontecia alguma coisa, as tias não acreditavam em mim; só acreditavam nos mentirosos.
Quando conheci meus pais, eu falava assim: “Ela vai me adotar! Ela vai me adotar!” Eu já senti que os amava e que a gente ia ser uma família completa e eles iam me dar carinho.
Eu achei engraçado a “suto” correndo atrás de mim.
Nos primeiros dias, eu ficava com muita vergonha; não queria tirar fotos.
Eu não gostei do Papai Noel do abrigo; era muito magrinho e só dava balas. Quem dava presente, era uma amiga nossa: uma sacolinha com roupas, brinquedinhos e doces.
O Papai Noel aqui me deu o presente que eu quis, minha bicicleta. Eu gostei de conhecer o Papai Noel de verdade. Ele é muito legal mesmooooo." Texto de 2005

Obs.: "suto" = pronúncia de avó em árabe (ela está se referindo à minha mãe)

2 comentários:

5º ano B disse...

Que menina mais linda! Que mamãe e papai de sorte de ter encontrado uma boneca dessas pra ser filhinha!
Quel parabéns por escrever tão bem , e por ter ido dar tanta alegria pra minha amiga.
Beijos da " tia" Glau

Kátia disse...

Oi Cá! Vim conhecer a Quequel e ela é linda!!! Minha irmã tá pensando em adoção tardia e vou mostrar pra ela esse cantinho, com certeza ela vai amar sua gatinha! Bjsss