26.10.06

Muita felicidade ao Henrique!

Ontem ele era apenas mais uma criança entre tantas outras em um abrigo paupérrimo do interior do nordeste...tinha o semblante triste de quem vivia com medo de tudo e de todos...o corpo mal tratado com marcas de violência física, mas os seus olhos espelhavam a violência psicológica que sofrera e ainda sofria...

Hoje, passados 4 anos ele é nosso filho! Nosso Henrique! Como tornou-se desde o dia em que sorriu o sorriso mais lindo que vi na vida! Super saudável e carinhoso! Hoje ele é principalmente uma criança feliz!!! Completou recentemente 6 aninhos de vida e o parabéns foi na escola, simples, mas junto dos seus coleguinhas e a professora muito amada com os quais convive quase todos os dias da semana. O irmão de quase dois anos foi também prestigiá-lo, assim como o primo que sempre o acompanha nas suas aventuras de criança e nós os pais corujas!

Henrique está fazendo Ludoterapia, para melhorar sua atenção, ansiedade e insegurança! Será um processo demorado, mas que já está rendendo frutos maravilhosos. Ele está mais consciente das suas tarefas, obrigações e dos seus direitos...Já argumenta com mais lógica aquilo que quer que seja discutido e não apenas aceito sem entender!

É nosso príncipe poderoso que nos enche de carinho todos os dias e que amamos com todo nosso coração.

Dea.

20.10.06

Sharon Stone: adotou, em 2000, Roan Joseph, depois de vários abortos espontâneos. Em maio de 2005, nasceu – por meio de uma barriga de aluguel – seu segundo menino, Laird Vonne. “Melhor do que ter um filho é ter dois”, comemorou a atriz.


Nicole Kidman: adotou, em 1995, Connor Antony, dez anos, quando ainda estava casada com Tom Cruise, que, por sua vez, já havia adotado Isabelle Jane, 12 anos.


Elba Ramalho: com o marido, Gaetano Lopes, adotaram Maria Clara em 2002. A chegada da pequena foi tão aguardada que Elba, aos 53 anos, chegou a ter sintomas de gravidez. “Tive muitos enjôos”, lembra. Depois, chegou a produzir leite. “Meu peito ficou cheio”, conta.



"A gestação de um filho biológico é algo mágico, mas ser escolhido por um bebê também é. A criança ideal é a que precisa ser adotada", diz Mônica Torres, mãe biológica de Isabel, 19 anos, e adotiva de Francisco, dois. O marido, Marcello Antony, também declara amor imensurável por Francisco. "Adotamos um menino mestiço, com problemas de saúde hoje já superados. Nossa felicidade não poderia ser maior."
FONTE: Revista ISTOÉ edição 1683 - 29-06-2005
Obs.: Amiga Cláu, eu planejei postar aos poucos. Mas não podia deixar de atender seu pedido imediatamente!

19.10.06

Os famosos e seus filhos adotivos

OS FAMOSOS E SEUS FILHOS ADOTIVOS
Angelina Jolie: “Quando eu era pequena, alguém me ensinou o que era um órfão. Fiquei impressionada e me prometi que adotaria um. Encontrei Maddox, três anos, no Camboja. Foi difícil. No início, as autoridades achavam que era um golpe publicitário. Nunca experimentei um amor tão grande. Gostamos de cantar e nossa canção preferida é It must be love (do grupo Madness). Não acredito que uma pessoa que adota uma criança esteja fazendo um favor. Ambos estão começando juntos um caminho maravilhoso.”



O jogador Roberto Carlos adotou o menino em Araras (SP). Na época, Júnior estava doente e precisou passar por uma cirurgia no coração. Agora, é só traquinagens.


"Apesar de o Brasil ter uma população morena, todos querem lourinhas. Na Bahia, 80% são negros, a raça mais bonita do mundo. Não faria sentido adotar uma criança branca", diz ele. Aos 66 anos, safenado recentemente, o humorista fala sério: "Com amor, tudo dá certo."
FONTE: Revista ISTOÉ edição 1683 - 29-06-2005



17.10.06

Pela educação, um vencedor


PELA EDUCAÇÃO, UM VENCEDOR


Filho caçula de uma família pobre da periferia de Belo Horizonte (MG), aos 6 anos, Roberto Carlos Ramos foi matriculado pela mãe na Febem de Minas Gerais. Na época, início dos anos 70, a instituição tinha a proposta de educar as crianças carentes. “Todas as mães queriam colocar seus filhos lá. A Febem era vista como um paraíso”, relata.
Longe dos pais, Roberto passou a fugir do internato. “Eu era apenas um número. Não tinha referências afetivas”. Aos 13 anos, sem contato com a família, já havia fugido 132 vezes e em sua ficha havia delitos como roubos de carteiras e uso de cola de sapateiro e maconha. “Fui considerado um caso irrecuperável”, conta.
Foi então que ele conheceu a pedagoga francesa Marguerit Duvas, que visitava a Febem para realizar uma pesquisa. O menino, que era analfabeto, foi adotado por Marguerit, mas continuou fazendo suas travessuras e chegou a deixar as torneiras da casa abertas, causando uma verdadeira inundação.
Marguerit continuou a dar amor e carinho ao jovem Roberto Carlos, que seguiu com ela para a França, onde foi alfabetizado e retornou ao Brasil para estudar pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Marguerit morreu quando Roberto Carlos tinha 20 anos. Para superar a morte dela, aos 21, ele adotou seu primeiro filho, um menino de rua, que na época tinha 9 anos. Hoje, com mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Carlos tem 13 filhos, todos adotivos. O mais velho tem 27 anos e o mais novo, 10.
Roberto Carlos também reencontrou sua família em Belo Horizonte. “Minha mãe sempre diz que sabia que eu seria alguém na vida”.
O pedagogo já lançou vários livros, CDs e DVDs com histórias infanto-juvenis e leva um pouco de sua experiência de vida para pessoas no mundo todo por meio de palestras e cursos. “Procuro mostrar que só é possível vencer pela educação. Com o estudo fazemos nossa história diferente”, enfatiza.
TEXTO: Renata Freitas
PUBLICADO: Correio Popular - Revista Metrópole - 31/7/2005

5.10.06

Homenagem

Este post é uma homenagem ao meu Natan que, no dia 09 desse mês completará seis aninhos de vida. E é uma homenagem a todos que se permitem compartilhar um amor tão incondicional e intenso.



Vamos, pare de chorar
Tudo vai dar certo
Apenas pegue minha mão
Segure forte
Eu te protegerei
De tudo ao seu redor
Eu estarei aqui
Não chore

Para alguém tão pequeno
Você parece tão forte
Meus braços te abraçarão
Manterão você seguro e aquecido
Este laço entre nós
Não pode ser quebrado
Estarei aqui
Não chore

Porque você estará em meu coração
Sim. você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Você estará em meu coração
Não importa o que disserem
Você estará aqui em meu coração, sempre

Por que eles não conseguem entender
A forma como nos sentimos
Eles simplesmente não confiam
Naquilo que não conseguem explicar
Eu sei que somos diferentes mas,
Dentro de nós
Não somos tão diferentes assim

E você estará em meu coração
Sim, você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Não dê ouvidos ao que dizem
porque, o que eles sabem?
Nós precisamos um do outro
Ter um ao outro, abraçar
Eles verão com o tempo
Eu sei

Quando o destino te chama
Você precisa ser forte
Eu poderei não estar com você
Mas você terá que continuar
Eles verão com o tempo
Eu sei
Nós mostraremos a eles juntos

Porque você estará em meu coração
Sim, você estará em meu coração
De hoje em diante
Agora e para sempre
Oh, você estará em meu coração
Não importa o que dizem
Você estará em meu coração, sempre
Sempre...


- Tradução da música You'll be in my heart (Phill Collins) -

3.10.06

A solidariedade de um pequenino


A SOLIDARIEDADE DE UM PEQUENINO

"A sacolinha da minha querida Ana Paula está quase pronta!!! Fiquei tão feliz hoje...pela primeira vez depois de muito tempo visitei a seção feminina infantil para adquirir a sandalhinha a as calcinhas da "barbie" para minha afilhada do dia das crianças!!! rsss Fiquei toda prosa! e meu Henrique perguntou, desconfiado:(até pq ele estava me ajudando segurando os produtos que eu escolhia) "Mainha quem vai usar essa sandália e essas calcinhas pq vc já é grande né?! E agente não é menina!!!" rsss "É para nossa irmãzinha que vai chegar?!" Achei o máximo!!!
Tive que explicar tudinho e não sei se ele entendeu tudo mesmo, mas entendeu que era para enviar para uma amiguinha que estava precisando lá em "San Paulo"!!! rsss.
Ele irá me ajudar a escrever a cartinha para ela tb!!! Irá ditar a mensagem que gostaria de enviar pra ela!!!
É pena fazermos tão pouco e só podermos apadrinhar uma criança! Mas, estou fazendo disso uma lição de como devemos sempre estarmos preparados para ajudar para meu Henrique ir se acostumando com isso! Hoje quando estávamos na loja de departamentos ele teve que deixar as sandálias do super homen que ele queria, para comprarmos os produtos da Ana Paula e ele tirou dos pészinhos as sandálias que havia provado e falou que já tinha as do Batman que estávam muito boas ainda!!! rsss (foi tão gratificante observar o comportamento dele!) "Ela precisa mais não é Mainha?!"
Tá vendo como a Ana Paula, sem saber tá ensinando valores valiosos ao meu Príncipe Poderoso?!
Obrigada amiga por nos proporcionar esses momentos e pq apesar de morarmos em uma região rodeada de miseráveis e crianças muito pobres as quais tentaremos ajudar com o que pudermos para o dia das crianças, natal e todo mês um pouco...sei do valor de se ajudar ao que não está tão próximo e não veremos seus rostos ao receber nossos humildes presentinhos, mas que é tão importante e gratificante quanto!Bom, eu e meus dois filhos, principalmente o mais velhinho de 6 anos estamos apadrinhando uma menininha desse projeto. Está quase tudo pronto e aproveitei a oportunidade para ensinar o meu filho que temos o dever de ajudar aqueles que tem menos que agente! Ele está aprendendo a doar! A ser generoso, embora já seja uma criança super carinhosa e solidária com os demais.
Desta forma, ele passou de criança carente, quando estava em um abrigo muito pobre daqui do nordeste, para ajudar uma outra criança de SP.
Acredito, de coração que essa é uma oportunidade e tanto para mostrar aos nossos filhos que o mundo não gira só em torno do umbiguinho deles! rsss É só sabermos aproveitá-la!"
Depoimento da mamãe do Henrique, nossa amiga Dea

2.10.06

Nova lei de adoção

Pessoal o post é grande mas esclarecedor, vale a leitura! Retirei do site da Cãmara dos Deputados federais...mas fico devendo o link.


Data: 24/11/2005 Tema: Lei Nacional de Adoção Participante: Deputada Teté Bezerra (PMDB-MT)
Confira as perguntas respondidas pela relatora do Projeto de Lei 1756/03, que institui a Lei Nacional de Adoção, deputada Teté Bezerra (PMDB-MT). Para facilitar a leitura, o bate-papo se compõe de quatro blocos: excesso de burocracia, acompanhamento da criança, adoção por homossexuais e adoção internacional.

Excesso de burocracia
(10:02) Gustavo: Em diversos debates promovidos pela Câmara, foi dito que uma nova lei sobre adoção era desnecessária. Qual a necessidade dela?
Deputada: O novo Código Civil tem dispositivos que anulam outros do Estatuto da Criança e do Adolescente. As propostas que estamos examinando ampliam o tratamento da adoção pela lei, inclusive colocando a adoção como um direito da criança.

(10:08) Patricia: Quanto tempo em média uma pessoa leva para adotar uma criança com menos de um ano? E uma criança maior?
Deputada: Não existem dados estatísticos para responder a sua pergunta. Além disso, as adoções são analisadas caso a caso, independentemente da idade da criança.

(10:13) Mari: Por que é tão difícil adotar um criança no Brasil? O sistema é burocrático demais? Quais são as formas de melhorias?
Deputada: Sua pergunta envolve questões complexas, como a informalidade das adoções, que reduz o número de crianças nos juizados; fatores sociais e culturais; e muitos outros. É preciso entender que as exigências legais não podem ser suprimidas, porque elas existem para a segurança e no interesse da própria criança. A burocracia tem um papel e a lei já adota os padrões mínimos de exigências.

(10:32) Pai Adotivo: A senhora tem idéia de quantas crianças estão à espera de adoção hoje no País?
Deputada: Infelizmente, não existem dados estatísticos a esse respeito.

(10:35) Pai Adotivo: Talvez fosse importante pesquisar e elaborar uma estimativa a respeito disso.
Deputada: Concordo. Acredito que o Poder Executivo, em parceria com o Judiciário, por meio das Varas de Infância e Juventude, poderiam realizar essas pesquisas.

(10:36) Pai Adotivo: O que leva essas crianças aos abrigos? Elas são abandonadas pelos pais? São órfãs? São muito pobres?
Deputada: Existem vários motivos que levam as crianças aos abrigos, entre os quais esses que você citou. Cada criança tem uma história particular. 85% delas, porém, segundo dados do Ipea, chegam lá por problemas sócio-econômicos. Um exemplo são as mães chefes-de-família que trabalham como empregadas domésticas e são obrigadas a residir no local do trabalho. Outro é a falta de projetos na área de habitação popular. Desemprego dos pais, desestruturação familiar e outros motivos, como a violência doméstica, também contribuem para engrossar as estatísticas.

(10:42) Pai Adotivo: Quais são os maiores obstáculos para quem quer adotar? E quais são as dificuldades para quem espera ser adotado?
Deputada: Geralmente, as maiores dificuldades para quem pretende adotar se referem ao tempo de espera de uma criança com as características que a família deseja. Para a criança que espera adoção, a maior dificuldade consiste, talvez, no tempo em que ela fica na casa-abrigo até que a declaração da perda do poder familiar aconteça e até que uma família se interesse por ela.

(10:44) JUAREZ: Em minha opinião, a Justiça deveria ser mais rápida na tramitação do processo.
Deputada: O substitutivo pretende contemplar prazos programáticos mais curtos para a manifestação do Ministério Público e para a ação de adoção.

(10:49) Antonio: Como poderia ser agilizado o tempo em que a criança espera a declaração da perda do poder familiar e que uma família se interesse por ela?
Deputada: Através do cadastro nacional. Além disso, a proposta institui o estágio de convivência, que precederá a adoção. Esse prazo será estabelecido pela autoridade judiciária, observando as peculiaridades de cada caso.

(10:18) Elli: Os juizados se ressentem da falta de pessoal e mal conseguem dar conta das poucas adoções legais que hoje existem. Uma nova lei vai resolver esse tipo de problema?
Deputada: Isso não é um problema de legislação. É um problema do Poder Judiciário e de sua dotação orçamentária e aplicação de recursos.

(10:05) Elli: Os abrigos para crianças estão cheios, mas poucas estão disponíveis para adoção. Parece que os juizados ficam anos tentando reinserir crianças em suas famílias, que não as querem ou não podem cuidar delas, até que ficam "velhas" para adoção. A nova lei pode resolver esse problema?
Deputada: A partir do momento em que se tem consciência de que 85% das crianças estão em casas-abrigo por problemas sociais e econômicos, as ações vão ficar voltadas para as que não têm mais vínculo biológico com suas famílias, através de equipes multidisciplinares. Acreditamos que isso possa, sim, acelerar o processo de adoção.

(10:12) Elli: Muitas crianças são deixadas em abrigos, mas a Justiça reluta em quebrar o pátrio poder. A lei não poderia facilitar essa quebra?
Deputada: O substitutivo vai encontrar uma redação equilibrada, tomando todo o cuidado para não deixar a criança vulnerável e dando oportunidade para que o juiz possa analisar caso a caso.

Acompanhamento da criança
(10:34) José: O projeto prevê o acompanhamento periódico da família que adotou a criança, para verificar se o ambiente em que ela foi inserida é adequado e se ela está recebendo a devida atenção?
Deputada: O que a lei faz é tratar o filho adotivo como qualquer outro filho. Normalmente, os pais biológicos não são sujeitos a acompanhamento judicial, então os pais adotivos também não podem ser.

(10:38) Rosana: Em relação ao questionamento do José, creio que a lei deveria fiscalizar, sim, os pais adotivos, independentemente da fiscalização dos pais biológicos.
Deputada: A Constituição proíbe explicitamente a distinção do tratamento entre filhos adotivos e biológicos. Assim, uma legislação que mandasse fiscalizar apenas pais adotivos seria absolutamente inconstitucional.

(10:40) Rosana: Corrigindo: fiscalizar, não. Acompanhar judicialmente.
Deputada: Uma vez concedida a adoção, o processo se extingue e o Judiciário não tem mais atividade possível no caso. Mas qualquer tipo de irregularidade ou abuso será fiscalizado pelas autoridades competentes, como o abuso contra qualquer outra criança.

(10:55) Salete Silva: A realidade mais comum é que uma criança é tirada da família de origem por maus tratos, muitas vezes conseqüentes da condição social. Passam uns dois anos na tentativa de recuperar a família e reintegrar a criança, o que não acontece. A mãe fica grávida nesse período, entrega mais dois ou três filhos até que a Justiça decida pela destituição do pátrio poder. Aí, o juiz não separa irmãos e é difícil encontrar lar para mais de duas crianças. Como acabar com essa situação, que é a mais comum nos abrigos?
Deputada: Essa questão não pode ser enfrentada pela lei. É uma questão fática que deve ser analisada e resolvida pelo juiz, caso a caso. Nada impede um juiz de decretar a perda do poder familiar em caso de maus tratos. Sobre os irmãos, creio que a grande dificuldade seja haver uma família adotante com disponibilidade econômica e afetiva para acolher três crianças de uma vez.

(10:08) Gustavo: A nova lei pode reduzir o número de "adoções à brasileira" (pegar uma criança para criar) e aumentar o número de adoções via Juizado de Menores?
Deputada: Cremos que uma lei aperfeiçoada e uma maior eficiência no trabalho dos juizados corresponderá à diminuição da informalidade. Certamente isso já ocorre hoje e, com a nova lei, a tendência é ampliar-se ainda mais a eficácia.

(10:12) Gustavo: Mas a nova lei vai tratar do caso de pessoas que encontram crianças sem intermediação do juizado e querem adotá-las?
Deputada: na legislação atual já existe a possibilidade de a pessoa apresentar a criança ao juizado, pedindo diretamente a adoção. Os projetos não pretendem suprimir essa possibilidade.

(10:22) Ana Salete: Não conheço o projeto na íntegra. Ele prevê a adoção consensual em todo o território nacional? Hoje, em estados como São Paulo, boa parte dos juízes não aceita esse tipo de adoção. Muitos casais tiveram a infelicidade de ver seus filhos arrancados de dentro de casa depois de 40 dias de convivência, e mandados para o abrigo. Após um ano e meio de tentativas, a reabilitação da família não aconteceu. Sabemos que um dia de abrigo faz muita diferença na vida de uma criança. Como o projeto resolve essa situação?

Deputada: O que é, para você, adoção consensual?
(10:28) Ana Salete: É aquela em que os pais biológicos entregam a criança para uma determinada pessoa ou casal, juntamente com uma declaração passando a guarda e o registro de nascimento. Os adotantes, então, entram com o pedido de adoção.
Deputada: É um princípio constitucional, que inspira todo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que a criança tem o direito inalienável de ser mantida na família biológica. Esse princípio obedece a definição constitucional de família e não pode ser contrariado pela legislação ordinária. Não se pretende modificar essa situação na nova lei. Embora pareça injusto para o casal que pretendia adotar e perde a criança, o que importa é o interesse dessa criança.

(10:17) Cida: Essa nova legislação abordará como será a divulgação da mesma?
Deputada: A divulgação de uma lei normalmente não consta do texto da própria lei. Mas o fato de não haver previsão não impede que as novas regras sejam divulgadas para o conhecimento de todos. Aliás, isso é necessário e desejável.

(10:32) Juarez: Existe a possibilidade de este projeto ser votado ainda neste ano?
Deputada: Não, em função dos prazos regimentais, que têm de ser cumpridos na tramitação.

Adoção por homossexuais
(10:16) Antonio: Qual a opinião da senhora quanto à adoção de crianças por homossexuais? Eu sou contra, uma vez que acredito que isso influencia a criança.
(10:16) Gustavo: Parece que a nova lei não prevê a adoção de crianças por casais homossexuais. A senhora pretende incluir essa possibilidade em seu relatório?
Deputada: Gustavo e Antônio, a proposta do deputado João Matos acompanha a legislação atual. Por não termos ainda o substitutivo concluído e por estarmos ainda discutindo com os membros da comissão, precisamos finalizar essa etapa para que o substitutivo possa trazer a sua posição final. A legislação atual não proíbe que pessoas solteiras, independentemente de sua orientação sexual, adotem crianças.

(10:22) Gustavo: É sabido que a adoção por casais homossexuais causa polêmica. Muitos são contra e os que são a favor dizem que a criança necessita da convivência familiar, mesmo que os pais adotivos sejam homossexuais. A senhora concorda?
Deputada: A comissão ouviu muitas famílias e juízes que são a favor da adoção sem questionar a orientação sexual dos adotantes. A questão é delicada, mas, considerando-se que na história da legislação brasileira nunca se proibiu esse tipo de adoção e nunca se verificou socialmente que tal situação conduza a problemas, parece-nos que a realidade social afirma que esse tipo de adoção não é diferente de nenhum outro.

(10:27) Gustavo: Pessoas solteiras podem adotar crianças, mas nada impede que esse pai ou essa mãe adotiva seja homossexual. Nesse caso, a criança conviveria não só com aquele que o adotou, mas também com o parceiro de seu pai ou mãe. A lei estaria fechando os olhos para essa situação?
Deputada: Esse é o grande problema de a lei não tratar da adoção por casais homoafetivos. Em caso de separação, é injusta a situação daquele que não adotou legalmente a criança, embora tenha exercido o papel de pai ou mãe.

Adoção internacional
(10:28) Antonio: A nova lei criará maiores restrições às adoções internacionais?
Deputada: Existe um decreto-presidencial (5491/05) que regulamenta a atuação de organismos estrangeiros e nacionais de adoção internacional. Acredito ser imprescindível cumprirmos o Tratado de Haia, do qual o Brasil é signatário e que regulamenta a adoção internacional.
Elli: O projeto de lei prevê regras para adoção internacional. Parece que crianças brasileiras só poderão sair do País se não houver mais possibilidade aqui. Qual é o objetivo dessa restrição? A adoção internacional não resolveria o drama de muitas crianças que vivem em abrigos?
Deputada: Pretendemos que se esgotem as possibilidades de adoção por brasileiros para que se permita a adoção internacional. É justo que a criança permaneça em seu país e cultura de origem, se isso for possível.

(10:36) Antonio: Por que não facilitar a adoção internacional?
Deputada: É um princípio de direito internacional privilegiar os naturais do país de origem. Como sabemos, abundam as filas de pretendentes brasileiros à adoção. Então, se há tantas filas, para que facilitar a adoção internacional? O substitutivo ao projeto de lei estabelece um cadastro nacional de adotantes e crianças, que será coordenado pela autoridade central administrativa federal. Acho que isso agilizará todos os processos de adoção, não especificamente os casos de adoção internacional. O tempo da criança é diferente do tempo de um adulto.

(10:47) Alexandre Vasconcelos: Creio que a adoção internacional dificulta qualquer averiguação do que se passa com a criança, não só pelos pais biológicos como também por outros brasileiros, o que dificulta apurar os casos de maus tratos. Por isso acho louvável que o projeto dê preferencia a pais adotivos brasileiros.
Deputada: Esses são os maiores motivos pelos quais nossa decisão é no sentido de tornar a adoção internacional uma exceção, só admitida quando não houver pretendentes brasileiros.

(10:13) Cida: Recentemente, vi uma série de reportagem na TV Alemã DWTV sobre como funciona o processo de adoção em vários países, inclusive na Alemanha. Aqui no Brasil há alguma iniciativa dessa natureza, ou seja, mostrar de forma simples, na televisão, como adotar uma criança?
Deputada: Acho que a imprensa tem, de uma maneira tímida, apresentado a adoção como um ato de amor e de solidariedade. Acredito que poderia ousar mais, aprofundando a discussão.

(10:47) Alexandre Vasconcelo: Creio que a adoção internacional dificulta qualquer averiguação
do que se passa com a criança não só pelos pais biológicos como também por outros brasileiros, o que dificulta apurar os casos de maus tratos. Por isso acho louvavel que o PL dê preferencia a pais adotivos brasileiros.
Deputada: Com certeza, esse acompanhamento das crianças será dificultado nos países que não subscreveram o tratado da Convenção Relativa à Proteção das Crianças. Nossas crianças podem correr o risco de não ter acesso aos programas sociais que esses países adotam para os seus cidadãos.

(10:53) Antonio: Parabéns pelo projeto, deputada. Desejo-lhe sucesso e que Deus a abençoe.
Deputada: Obrigada, Antônio. Esperamos que toda essa discussão e o projeto de lei possam preservar nossas crianças e lhes dar um lar e uma família. A adoção é um ato de amor.

(11:06) Salete: Obrigada pelas respostas, deputada. Minha maior torcida é para que seja implantada no País uma lei que realmente funcione em benefício dos adotantes, mas em especial das crianças que precisam do lar. Boa sorte em seu projeto.
Deputada: A criança tem de ser o objetivo principal no processo de adoção. Está superado aquele conceito de que famílias têm de adotar para suprir uma necessidade afetiva. O novo conceito é que cada criança tem o direito de ter uma família. "Falta calor, aquele calor de parente. Nem sei direito, nunca tive nenhum parente, nenhunzinho. O que eu sinto falta mesmo é de uma mãe". Essa declaração é de Adjackson, 12 anos de vida e 12 anos de abrigo.