18.3.12

Preconceito

Mais um texto recebido sobre um assunto sempre tão pertinente...

Então, repassando... boa leitura!

Infelizmente tenho de admitir que algumas pessoas tem preconceito com crianças adotivas. Sei que não é por maldade, mas para alguns parece que estamos criando um extraterrestre. Quando adotei o Claudio, nosso segundo filho, uma pessoa com quatro filhos me disse que admirava a coragem que eu tinha de adotar uma segunda criança. É engraçado, pois ela tinha quatro filhos e ninguém achava corajoso isso. Muitas vezes me perguntaram se eu não tinha vontade de ter um filho biológico, como se filho adotivo não fosse filho. Já me perguntaram várias vezes se eu não tenho medo de eles se revoltarem quando estiverem mais velhos. Bem, o que dizer para pessoas com pensamentos como esses? Prefiro ignorar.
O preconceito das pessoas em relação a crianças adotadas tem diversos motivos, na maioria das vezes equivocados. Muitos pensam que a criança pode ficar revoltada com os pais quando ficarem sabendo que não são filhos biológicos o que pode facilmente ser evitado por sempre contar a verdade a criança. Às vezes, o preconceito pode vir até mesmo de pessoas muito próximas como avós e tios, por exemplo. Quando dissemos que adotaríamos outro filho, me lembro que um parente achegado ficou muito preocupado e disse algumas frases negativas sobre nossa decisão. Hoje, sei que na verdade ele fez isso por desconhecer toda a situação envolvida e a forma como gosta do seu neto hoje só demonstra que tudo não passou de um comentário momentoso.
Acho um pouco engraçado que quando alguém sabe que você vai ter um filho biológico as pessoas elogiam e dizem coisas bonitas para a mãe e até dão parabéns por isso. Mas, o mesmo não ocorre com freqüência quando você diz para alguém que vai adotar uma criança. A pessoa, não raro, olha para você com espanto como se você tivesse acabado de dizer que decidiu fazer algo muito errado. As pessoas quase sempre falam coisas negativas e dizem o quanto é difícil adotar uma criança nesse país e perguntam por que eu não tentei fazer outros tratamentos para ter um filho biológico. Bem, imagine só se eu tivesse ouvido tais pessoas, hoje não teria minhas duas crianças em casa.
Por outro lado, quando você adota uma criança e fala isso as pessoas a reação é bem diferente do momento em que você apenas planejava adotar, pois normalmente recebemos muitos elogios e as pessoas se simpatizam com a situação. Muitos falam que gostariam de ter o mesmo privilégio. Elas olham para meus filhos e vêem que são duas crianças normais e felizes.
A opção pela a adoção, na maioria das vezes, é considerada uma alternativa para aqueles que não puderam conceber filhos biológicos. Confesso que discuti a primeira vez com minha esposa quando recebemos a notícia de que eu era estéril, mas me lembro muito bem de quando eu tinha uns 12 anos de idade e eu olhava para as crianças abandonadas e dizia a mim mesmo que um dia adotaria uma criança sem nunca imaginar que não poderia ter um filho biológico.
Outro segundo grupo de adotantes é composto por aqueles que já criaram filhos até esses se casarem e optaram por adotar uma criança depois que seus filhos biológicos deixaram suas casas. Estes pais muitas vezes chegam à conclusão que podem fazer muito por uma criança depois de estarem novamente sozinhos em casa.
Mas falta ainda desenvolver mais os grupos de pessoas que adotam crianças por opção e que não tem qualquer restrição para conceberem filhos biológicos. É por esses e outros motivos que afirmo que muita coisa ainda precisa ser feita para mudar todo o preconceito que existe.
Sempre defendi a adoção para todas as pessoas por explicar a elas como estão enganadas em relação aos conceitos errados sobre esse assunto. Na verdade, tenho um orgulho enorme de dizer que eles são adotivos e mostrar o quanto eles são alegres e felizes por terem uma família tão maravilhosa. Além disso, sempre falo para eles sobre o assunto, porque sou contra ao fato de esconder qualquer informação da criança e ela descobrir somente quando for adolescente. Precisamos criar nossos filhos adotivos com total transparência, pois isso vai ajudá-los a enfrentar quaisquer questionamentos no futuro.

2 comentários:

Cristiano disse...

Esse assunto esta só no comeco em minha casa... :)

Mari Hart disse...

Infelizmente vivemos no país do preconceito. E pior ainda: da hipocrisia e contradição. Tantas criancas abandonadas em fila de adoção, e o povo ainda se surpreende com uma atitude dessas.

Tenho um irmão adotado, 3 anos mais velho que eu, e nunca teve diferença entre nós, na verdade até esquecíamos que não era de 'sangue', pq ele era mais, era de coração! O 1º marido de minha mãe não podia ter filhos e ela nem pensou 2x antes de adotar com 3 dias de vida aquele menininho abandonado por sua mãe biológica adolescente.

Poderiam haver muito mais histórias de sucesso como essa se o preconceito não fosse tão grande ainda. Uma pena.

Beijokas! =)