A psicóloga Marlizete Maldonado Vargas, professora da Universidade Tiradentes, em Alagoas, não tem filhos adotivos, mas acompanha de perto, desde a década de 90, a situação de crianças em abrigos. É autora de Adoção tardia - da família sonhada à família possível e, nesse ano [2010], publicará um novo livro, sobre a experiência de acompanhar, durante 16 anos, quatro jovens que viviam em abrigos. "Hoje, a maioria está integrada e nem lembra que foi adotada aos três ou quatro anos de idade. São filhos. Ponto". Marlizete falou à CRESCER sobre o processo de adoção tardia.
CRESCER: Como a família pode se preparar para uma adoção tardia?
Marlizete Vargas: Informando-se através de sites, participando de grupos de discussão em vários blogs que possibilitam a troca de experiências. Mas, antes das informações, o mais importante é a disponibilidade para estar com a criança e possibilitar a troca afetiva, para uma relação profunda, verdadeira e amorosa.
C: Como conquistar o amor de uma criança que já passou por outra família ou pelo abrigo?
MV: A confiança da criança de que não será abandonada ou machucada a novamente parece ser o ponto crucial para o processo de vinculação. Ela necessita de segurança e suporte para perceber que não está só no mundo. Essa segurança é passada através do amor incondicional, dos limites, do estímulo para que a criança expresse o que está sentindo e da ajuda para que ela compreenda as primeiras fases do processo de adaptação à nova família.
C: E a questão do passado da criança, como lidar com ela?
MV: Como parte importante da vida da criança, que deve ser preservada enquanto história que todos temos. Não use o "passado" de abandono, de institucionalização do filho adotivo para justificar problemas no presente, mas como informações importantes que embasem melhores estratégias para mudar seu futuro.
C: Quais desafios os pais devem esperar quando o filho adotivo chega à adolescência?
MV: A adolescência pode representar, sim, uma fase de turbulências, de questionamentos, de vir à tona vivências infantis e, junto com elas, as histórias que continuaram confusas, obscuras. No resgate da história do adolescente adotivo, existem as perdas das figuras familiares anteriores, a angústia ante o desconhecido que se perdeu lá atrás, a necessidade de falar sobre suas origens - "conhecer quem eu sou para saber para onde vou". Mas isso apenas se intensifica na adolescência. Minha experiência tem demonstrado que o pior inimigo do jovem em conflito na família é o silêncio, o não poder falar de algo que todos sabem mas fazem de conta que é segredo - os tabus familiares, e a adoção costumava se um desses tabus.
C: Onde a família pode encontrar grupos de apoio à adoção no Brasil? MV: No portal da ANGAAD, Associação Nacional dos Grupos de apoio à adoção (www.angaad.org.br), encontram-se cadastrados 56 grupos de apoio à adoção espalhados pelo país, a maioria com páginas de conteúdo informativo, de notícias e eventos, ou com uma série de endereços para contatos com os membros dos grupos.
CRESCER: Como a família pode se preparar para uma adoção tardia?
Marlizete Vargas: Informando-se através de sites, participando de grupos de discussão em vários blogs que possibilitam a troca de experiências. Mas, antes das informações, o mais importante é a disponibilidade para estar com a criança e possibilitar a troca afetiva, para uma relação profunda, verdadeira e amorosa.
C: Como conquistar o amor de uma criança que já passou por outra família ou pelo abrigo?
MV: A confiança da criança de que não será abandonada ou machucada a novamente parece ser o ponto crucial para o processo de vinculação. Ela necessita de segurança e suporte para perceber que não está só no mundo. Essa segurança é passada através do amor incondicional, dos limites, do estímulo para que a criança expresse o que está sentindo e da ajuda para que ela compreenda as primeiras fases do processo de adaptação à nova família.
C: E a questão do passado da criança, como lidar com ela?
MV: Como parte importante da vida da criança, que deve ser preservada enquanto história que todos temos. Não use o "passado" de abandono, de institucionalização do filho adotivo para justificar problemas no presente, mas como informações importantes que embasem melhores estratégias para mudar seu futuro.
C: Quais desafios os pais devem esperar quando o filho adotivo chega à adolescência?
MV: A adolescência pode representar, sim, uma fase de turbulências, de questionamentos, de vir à tona vivências infantis e, junto com elas, as histórias que continuaram confusas, obscuras. No resgate da história do adolescente adotivo, existem as perdas das figuras familiares anteriores, a angústia ante o desconhecido que se perdeu lá atrás, a necessidade de falar sobre suas origens - "conhecer quem eu sou para saber para onde vou". Mas isso apenas se intensifica na adolescência. Minha experiência tem demonstrado que o pior inimigo do jovem em conflito na família é o silêncio, o não poder falar de algo que todos sabem mas fazem de conta que é segredo - os tabus familiares, e a adoção costumava se um desses tabus.
C: Onde a família pode encontrar grupos de apoio à adoção no Brasil? MV: No portal da ANGAAD, Associação Nacional dos Grupos de apoio à adoção (www.angaad.org.br), encontram-se cadastrados 56 grupos de apoio à adoção espalhados pelo país, a maioria com páginas de conteúdo informativo, de notícias e eventos, ou com uma série de endereços para contatos com os membros dos grupos.
2 comentários:
Desde hoje cedo, qdo assisti ao programa Ação cidadania, a matéria sobre adoção tardia de crianças especiais ñ consigo parar de pensar nas crianças abandonadas nos abrigos por serem especiais.Já trabalhei na APAE na minha cidade qdo eu tinha 18 anos,e fiquei admirada de ver a capacidade ,em especial das q tem Síndrome de Dowm, pois tive mais contato com elas.Linda a matéria.Vou ler tudo neste blog daqui pra frente.Lindo!
Estamos levantando a documentação para dar entrada ao processo de habilitação a adoção.
vamos entrar na fila de adoção especial, gostaria de poder conversar com vocês a respeito, tenho algumas dúvidas.
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