"Se um dia a escola deixar de ser chata, terá se tornado realidade um dos principais objetivos da vida de Alves. Desde ao menos a década de 1980, ele pediu por meio de livros, colunas e entrevistas que os colégios deixassem de massacrar os estudantes com conteúdos que serão cobrados no vestibular e depois esquecidos.E que passassem a mostra o que os jovens veem e verão na vida." (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/07/1488572-morre-o-escritor-rubem-alves-por-falencia-multipla-de-orgaos.shtml?cmpid=%22facefolha%22)
Se alguém da grandeza de Rubem Alves pensa assim eu não posso estar de todo errada. Acompanhando o estudo dos meus filhos, a cada dia eu fico mais indignada com os conteúdos exigidos e a metodologia utilizada.
As escolas usam o chamado conteudismo (segundo o Aulete, "Que defende o conteudismo, que valoriza mais o conteúdo do que a forma). Enormes quantidades de informações são atiradas na cabeça dos alunos... e na das mães e pais, por tabela, que estudam com as crianças.
Não está na hora dos pais começarem a questionar esta quantidade de informações e o objetivo delas? Eu particularmente, quando questionei uma questão, fui informada de que "os principais vestibulares do pais usam esta abordagem". Beleza, não fosse o fato do meu pimpolho estar no 3o ano do fundamental.
O principal objetivo da escola, ao meu ver, é socializar a criança. E não vejo como, ao ser obrigada a ministrar a quantidade de informação exigida, alguém pode despender qq tempo para algo que não seja a atividade acadêmica propriamente.
Fácil! Vamos mudar de escola! O problema é que a grande maioria das escolas se pauta por esta linha... as escolas que vão na "contramão" são pequenas e, nãoi estão localizadas em cada esquina (o que se torna um grande empecilho em SP).
"Mas se não for assim, meu filho não vai ter chance de fazer a faculdade X"... talvez sim e talvez não. E ainda ouso acrescentar que fazer a faculdade X não vai garantir ao seu filho O emprego. Porque um emprego legal depende do estudo, mas também das outras habilidades pessoais que ele deve ter. E aí eu me pego fortemente, porque não vejo como uma criança que cresceu tendo que provar para ela mesma que era capaz, que teve seu contato familiar minimizado pela necessidade de estudar e estudar, que teve seu tempo de brincar reduzido por conta das tarefas e que muitas vezes teve sua estima diminuída por conta das notas baixas em provas para as quais estudou possam se tornar pessoas empáticas, centradas, aptas a reconhecer no outro outra pessoa também digna de respeito. Levanta a mão quem já trabalhou com pessoas extremamente inteligentes mais intratáveis.
Eu conheço muitas pessoas que não trabalham nas áreas em que estudaram. Simplesmente, por conta das voltas que a vida dá, optaram por outras carreiras. Em Direito, especificamente, conheço estudantes do Largo de São Francisco que são juízes e outros que são funcionários de empresas, trabalhando ao lado de colegas formados pela faculdade mais próxima.
A vida profissional dos filhos não pode ser determinada pelos pais no berçário. A nós cabe dar-lhes condições para que possam fazer escolhas conscientes.
Será que já não passou da hora, portanto, de avaliarmos melhor o que concebemos como boas escolas?